*Em julgamento que durou 14 horas o dentista Sete Pascoal foi condenado a 13 anos de reclusão em regime fechado pela participação direta da morte do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o "Baiano", ocorrida em julho de 1996. Como já cumpriu seis anos seus advogados vão entrar com o pedido de relaxamento da prisão. No processo, que já tem 15 volumes e cerca de 4.000 páginas, outras cinco pessoas estão arroladas.
*Os demais envolvidos a serem julgados em data posterior são: Amaraldo Uchoa Pinheiro, Hildebranco Pascoal Nogueira, Pedro Pascoal Duarte Pinheiro Neto, Alex Fernandes de Barros e Adão Libório de Barros. A exemplo dos demais, Sete é acusado de envolvimento direto na execução sumária de Baiano.
*A vítima foi serrada viva com motosserra, crime que chocou a sociedade. Antes de ser eliminada, sofreu requintes de crueldade numa tortura sem precedente, quando foi seqüestrada e mantida em cativeiro.
*Segundo a acusação, as determinações do ex-deputado Hildebrando Pascoal e do então vereador Alípio Ferreira, o local escolhido para a sessão de tortura teria sido um galpão na Rua Isaura Parente. Com os membros amputados supostamente por serra elétrica, Baiano teve os olhos furados por objetos pontiagudos e um prego cravado no meio da testa.
*Não satisfeitos, os acusados, ainda arrancaram os testículos, depois introduziram-nos no ânus da vítima. O corpo de Baiano desovado na Antônio da Rocha Viana tinha aparência apocalíptica, decorrente das agruras que passou no cativeiro, onde foi torturado e morto.
*Quem era Baiano
*Motorista de José Hugo Alves, o "Mordido", que segundo o Ministério Público, teria sido contratado pelo traficante de drogas Gerson Turino dos Santos para livrá-lo da cadeia através de um deputado estadual, que não está identificado no processo.
*O traficante pagou R$ 20 mil para Hugo, que teria usado na compra de um automóvel Gol, descumprindo o acordo. A mulher do contratante, Ana Cláudia, pediu ao tenente da Polícia Militar, Itamar Pascoal, para dar uma "prensa" no pistoleiro.
*Quando saiu da Penal no dia 30 de junho, o traficante Turino e Itamar se encontraram com Hugo nas proximidades de um posto de combustível. Na ocasião, Itamar deu um "tabefe" no rosto de Hugo, que revidou à bala, matando o PM, que era irmão do então deputado Hildebrando.
*A versão do MP, reafirmada em depoimento ontem por uma testemunha de acusação, a família Pascoal na época deflagrou uma mega caçada a José Hugo. Na tentativa de encontrá-lo, realizou várias operações, com prisões, torturas e assassinatos, inclusive de menores. Hugo acabou localizado e morto no Estado do Piauí.
*Determinados a encontrar José Hugo, PMs e pistoleiros contratados pela família Pascoal seqüestraram Baiano. Estava iniciado o martírio que, culminou na mais horrenda sessão de crueldade do "Esquadrão da Morte". Sete é o primeiro dos seis acusados pelo crime a sentar no banco dos réus, negou envolvimento no caso.
*"Não participei deste crime", afirmou Sete Pascoal dirigindo-se ao juiz Elso Sabo Mendes Júnior e aos promotores Álvaro Pereira, Danilo Lovisáro e Leandro Portela que o acusam de participação ativa nas torturas à vítima. Os advogados do acusado, Salete Maia e seu assistente Sandersom Moura travaram um dos mais acirrados duelos no campo da jurisprudência, mas os promotores venceram a batalha, convencendo os jurados votarem pela condenação do dentista.