A Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada anualmente pelo IBGE, mostrou que, em 2021, o trabalhador rondoniense teve o segundo menor rendimento médio mensal da série histórica, que começou em 2012.
De acordo com a pesquisa, o rendimento médio real habitual do trabalho principal foi de R$ 1.998,00 por mês. O menor valor foi registrado em 2016 (R$ 1.950,00) e o maior foi em 2018 (R$ 2.258,00). No ranking das Unidades Federativas (UFs), Distrito Federal registrou o maior rendimento médio (R$ 4.084,00) e Piauí o menor (R$ 1.409,00). A média brasileira foi de R$ 2.406,00.
Segmentando o grupo de pessoas ocupadas, em 2021, observa-se que, em Rondônia, 62% dos trabalhadores eram homens e 38% mulheres. Em todo o país, estes índices foram de 58,5% e 41,5% respectivamente. Nota-se ainda diferença no rendimento médio entre os gêneros: os homens rondonienses receberam em média R$ 2.154,00 por mês, enquanto que as mulheres tiveram rendimento médio de R$ 1.732,00.
Por cor ou raça, 31,1% dos rondonienses ocupados eram brancos e 68,4% eram pretos ou pardos, percentuais que diferem dos índices registrados em todo o Brasil: 45,2% de brancos e 53,8% de pretos ou pardos.
Salários
Em relação ao rendimento, também há diferenças: os trabalhadores brancos rondonienses tiveram remuneração mensal de R$ 2.210,00; já os pretos ou pardos receberam R$ 1.891,00. Considerando todo o país, a desigualdade de rendimento é maior: os trabalhadores brancos tiveram rendimento médio mensal de R$ 3.099,00, enquanto que os trabalhadores pretos ou pardos receberam R$ 1.804,00.
Quanto aos grupos de idade, constatou-se que 32,4% dos trabalhadores rondonienses tinham entre 14 e 29 anos; 48,2% tinham entre 30 e 49 anos; 12,3% tinham entre 50 e 59 anos e 7% tinham 60 anos ou mais. Em 2021, o maior rendimento médio foi do grupo etário entre 50 e 59 anos (R$ 2.437,00) e o menor foi do grupo mais jovem, com idades entre 14 e 29 anos (R$ 1.479,00).
Já em relação ao nível de instrução, 28% dos ocupados rondonienses não tinham instrução ou tinham ensino fundamental incompleto; 15,9% tinham fundamental completo ou médio incompleto; 40,2% tinham médio completo ou superior incompleto e 15,8% tinham superior completo.
A SIS mostra que o rendimento-hora médio do trabalho principal aumenta conforme aumenta o nível de instrução, tendo sido, em Rondônia, de R$ 9,20 para os que tinha até ensino fundamental incompleto e de R$ 22,60 para os com ensino superior. A diferenciação ocorre de forma mais marcante quando considerado todos os ocupados brasileiros: R$ 7,90 para o primeiro grupo e R$ 30,90 para o grupo com mais instrução.
Também é possível notar uma diferença no valor do rendimento por formalidade no trabalho. Em 2021, 56,2% dos trabalhadores rondonienses contribuíram com a previdência social, ou seja, foram considerados formais pela SIS. Em todos os grupos, o rendimento foi maior para os trabalhadores formais.
Em média, os trabalhadores rondonienses formais tiveram rendimento mensal no trabalho principal de R$ 2.317,00, enquanto que os informais receberam R$ 1.535,00. Por gênero, a formalidade rendeu R$ 893,00 a mais entre os homens (rendimentos de R$ 2.544,00 para os formais e R$ 1.651,00 para os informais) e de R$ 683,00 entre as mulheres (rendimentos de R$ 1.977,00 para as formais e R$ 1.294,00 para as informais).
O mesmo se observa por cor ou raça. Os brancos com trabalhos formais receberam em média R$ 2.530,00 enquanto que os informais receberam R$ 1.712,00. Entre os pretos ou pardos, os formais tiveram rendimento de R$ 2.205,00 e os informais de R$ 1.449,00.
Ainda de acordo com a SIS, Rondônia e Mato Grosso apresentaram 9,4% de taxa de desocupação em 2021, sendo o quarto menor índice entre as UFs. Notou-se também que a desocupação é maior entre as mulheres que entre os homens (13,5% entre elas e 6,7% entre eles) e entre os pretos ou pardos que entre os brancos (9,8% e 8,2% respectivamente). Por faixa etária, o grupo de pessoas com idades entre 14 e 29 anos apresenta a maior taxa: 15%, enquanto que índices foram de 6,7% entre as pessoas com 30 a 49 anos e de 5,6% entre as pessoas com mais de 50 anos.
Geração Nem nem
Outro ponto importante analisado pela SIS é em relação à atividade executada por jovens com idades entre 15 e 29 anos. Foi observado que, em 2021, 79,5% dos rondonienses com 15 a 17 anos só estudavam; 11,3% estudavam e trabalhavam; 4,7% só trabalhavam e 4,5% não estudavam nem trabalhavam. O índice rondoniense de jovens que só estudavam é menor que o índice brasileiro (83,7) e o segundo menor da Região Norte, ficando atrás apenas do Acre, em que 78,2% só estudavam.
Na outra ponta, com pessoas com idades entre 25 e 29 anos, a realidade é bem diferente: 4,1% dos rondonienses nesta faixa etária só estudavam; 11% estudavam e trabalhavam; 56,3% só trabalhavam e 28,6% não estudavam nem trabalhavam.
Concentração de renda
A Síntese de Indicadores Sociais demonstra que Rondônia teve o segundo melhor Índice de Gini, que mede a concentração de renda de um local: 0,459, ficando atrás apenas de Santa Catarina (0,424). A medida varia de zero a um, onde zero significa igualdade de renda.
Em relação ao rendimento domiciliar per capita, a SIS aponta que, em 2021, 2% da população rondoniense estavam em domicílios sem rendimento; 11,6% tinham rendimento domiciliar per capita de até ¼ de salário mínimo; para 22,9%, o rendimento per capita era entre ¼ e ½ salário mínimo; 31,8% tinham entre ½ e um salário mínimo; 24% tinha de um a dois salários mínimos per capita; o rendimento de dois a três salários mínimos atingia 4,6% dos rondonienses; 2% correspondeu ao rendimento de três a cinco salários mínimos e 1,1% tinha rendimento maior que cinco salários mínimos per capita.
Chama a atenção a distribuição de rendimento domiciliar per capita por cor ou raça. No Brasil, entre os 10% da população com os maiores rendimentos, 70,5% são pessoas brancas, mas, em Rondônia, 41,1% são brancos e 58,2% são pretos ou pardos.