São 178 páginas, onde são enumerados nove condutas “indevidas” de Sobrinho e de seus “chegados”, onde constam dentre elas desde o abandono das campanhas petistas, nas eleições de 2006, 2010 e 2012; o apoio à candidaturas de fora do PT; o suposto favorecimento no contrato com a empresa Marquise, até desencadear com a Operação Vórtice, que afastou o ex-prefeito do cargo e prendeu secretários e outros assessores de sua confiança.
Recheada de acusações, escândalos, denúncias de supostas falcatruas e de traições, a representação é uma aposta da ala que quer a expulsão de Sobrinho do PT, de que seu desejo seja realizado.
É bom registrar que a Executiva Estadual do PT é comandada pela atual prefeita de Jaru, Sônia Cordeiro, tendo como vice-presidente o deputado estadual Claudio Carvalho, que foi secretário na gestão de Sobrinho e que teve muita gente lotada em seu gabinete votando favorável ao ex-prefeito, na municipal.
As acusações contra Roberto Sobrinho
Eleições 2006 – Petistas acusam o ex-prefeito de ter abandonado o partido nas eleições de 2006, quando a ex-senadora Fátima Cleide se lançou ao Governo, na disputa com Ivo Cassol, que foi reeleito à época. A acusação é de que Sobrinho, temendo uma eventual eleição de Fátima ao Governo, o que inviabilizaria o projeto pessoal de ser candidato ao Palácio Presidente Vargas. Ele ainda é acusado de boicotar a candidatura à reeleição de Eduardo Valverde a deputado federal.
Demissão de secretários – Roberto também é acusado de proteger pessoas suspeitas de irregularidades em sua gestão. O PT teria insistido para a demissão de Jair Ramires da Semusb, mas Sobrinho ignorou.
Os desmandos na Emdur, comandada por Mário Sérgio, também teria sido ignorados pelo ex-prefeito. Os petistas, inclusive, acusam que a Emdur teria se transformado num vertedouro de dinheiro público sem controle
Eleições 2010 – Segundo os petistas, Roberto Sobrinho repete 2006 e não faz campanha para o PT na capital. Os candidatos, Valverde ao Governo e Fátima ao Senado, são abandonados no processo eleitoral. Isso teria ocorrido porque Roberto tentou fazer sua chapa de candidato ao Governo por fora do PT, com Raupp e Marinha. Nessa negociação por fora, Roberto entregava a prefeitura ao PMDB e sacrificava os espaços políticos do PT em Brasília sem qualquer conversa (ou estratégia política coletiva) com a direção do Partido. Apenas seu interesse pessoal norteava a negociação.
Como não conseguiu, centra seu esforço político na eleição de uma bancada de deputados vinculados a ele mesmo. Os candidatos do PMDB massacram o PT em votos na capital governada pelo PT, sem terem contribuído com nada significativo em 6 anos.
Nesse trecho da ação, uma revelação: Na semana de seu acidente, Valverde conversou com várias pessoas revelando estar disposto a ter uma conversa com Roberto Sobrinho mostrando toda a sua mágoa frente ao abandono a que foi submetido na campanha e falar duramente sobre política partidária para o futuro.
Envolvimento com a Marquise – Roberto Sobrinho e o seu secretário de Administração, Joelcimar Sampaio, também do PT, são acusados de desfrutarem de nove dias gratuitos num hotel de luxo em Fortaleza, pertencente ao grupo Marquise, o mesmo que ganhou a concessão de coleta de lixo na capital, pelos próximos 20 anos, a um custo de R$ 339 milhões, cujo contrato foi anulado em dezembro do ano passado, pelo Tribunal de Contas do Estado.
Empresa privada em casa e uso do cargo público – Outra acusação de Roberto feriu o código de ética do PT é de que ele, enquanto prefeito, criou uma empresa privada em sua residência, estabelecendo sublocação de equipamentos para uma das usinas do Madeira. A suspeição é de que a prefeitura deveria fiscalizar e estabelecer as compensações sociais e ambientais com o consórcio construtor.
“O Partido dos Trabalhadores elegeu Roberto Sobrinho, professor e servidor público, para ser prefeito e zelar pelo bem comum e não para constituir empresa, garantir contratos e ganhar dinheiro com o cargo de prefeito”, diz a ação.
Eleições 2012 - Derrotado duas vezes pela militância de base nas prévias internas do PT, Roberto Sobrinho não participa (mais uma vez) da campanha pela sucessão do PT na capital do Estado. O resultado foi o 5º lugar de Fátima Cleide na disputa da prefeitura.
Neste item, os petistas acusam Miriam Saldaña, Chefe de Gabinete e Secretária de Obras, de não ter feito campanha para o PT.
Não cumpriu obrigações financeiras com o PT – Roberto Sobrinho, pasmem, é acusado de não ter cumprido com suas obrigações financeiras com o partido. O PT desconta de seus filiados e ocupantes de cargos públicos um percentual sobre os salários, que Sobrinho deixou de contribuir e não teria estimulado seu grupo a também contribuir.
Perseguição a militantes – Petistas acusam Miriam Saldaña e Roberto Sobrinho de promoverem perseguições políticas a militantes petistas na administração que não aceitaram a imposição de voto e apoio à candidatura oficial do Prefeito nas prévias internas.
Operações Vórtice e Endemias – As operações que culminaram com o afastamento de Roberto Sobrinho do cargo e a prisão de seus secretários, foi a gota d’água. Os petistas não engolem o fato de, mesmo após a prisão, Miriam Saldaña ter sido inocentada pela Executiva Municipal, que arquivou a representação para a instalação de uma Comissão de ética.