São Felix do Araguaia, município situado ao norte do Tocantins com cerca de 1500 habitantes foi o “oásis” das equipes na travessia do deserto do Jalapão durante a etapa Maratona do 18º Rally dos Sertões, edição 2010. Logo ao clarear do dia, os pilotos da categoria Motos reiniciaram a Maratona, com destino a Balsas (MA), cumprindo a 7ª etapa da prova internacional.
Foram 438km de velocidade na Especial do dia, considerada para “gente grande” pela organização De cara, mais de 60km de muita areia fofa em estradas sinusosas.. O Rondônia Racing sofreu mais uma baixa, com a saída de Maguis Umberto #126 na 1ª etapa da Maratona, entre Palmas e São Felix. Num tombo em "alta velô", o piloto quebrou o braço, sendo socorrido pela organização. O piloto rondoniense vinha com objetivo de chegar a Fortaleza, mas as areias do Jalapão adiaram o sonho de Maguis de completar um “Sertões”.
João Tagino, único representante de Rondônia ainda na competição continua com bom ritmo de prova, se destacando pela agressiva tocada. Após 7 etapas, Tagino está em 14º colocado na classificação geral da prova. Na sua categoria, a PR1 FIM PRODUCTION com motos até 450cc, João está garantindo a bandeira de Rondônia no pódio do segundo maior rally do mundo, com a 5ª posição da disputada categoria.
A partir desta quarta-feira (18), os pilotos que venceram o “Jalapão” já respiram aliviados e sentem a chegada mais próxima. O destino é Teresina no Piauí, 8ª etapa da edição 2010 com um trecho de 653 km e uma Especial de apenas 183km. Um percurso de “trail” no fim do dia e a exigência de navegação apurada para localização na prova devem fazer a diferença nesta etapa.
João Tagino tem o patrocínio da NDA, Saga Veículos, Mastter Moto Honda, Alpha Construção, Le Palace, Socibra e Prefeitura de Porto Velho.
CONFIRA RELATO DE JOÃO TAGINO SOBRE OS 2 DIAS DE JALAPÃO
O primeiro dia de maratona e sexto do Sertões foi de muita dificuldade e superação física e mental , minha moto ate então perfeita , apresentou problemas de válvulas de admissão e não pegava mais na partida, Para funcionar somente dando trancos, e isso em pleno areião fofo é praticamente impossível.Graças a Deus os pilotos se ajudam, e por duas vezes tive apoio pra ligar e retornar para a prova. Confesso que cheguei a pensar em ficar lá o dia quebrado. A média de resgate é de 12 horas, sairia então de madrugada , foi horrível pensar nisso. Durante as duas paradas perdi uns 15 minutos e isso me custou cinco posições , pois a disputa está muito apertada , tem muita gente andando com tempos bem próximos . Chegamos a São Felix do Tocantins a tarde por volta das 3 horas, um lugar ermo no meio do nada pra lugar nenhum. Pessoas vivendo em extrema dificuldade, mais muito felizes com a passagem do rally por lá. Foi gratificante conhecer um lugar onde a natureza é exuberante.
A má noticia ficou ao chegar ao acampamento e saber que meu grande amigo e parceiro de rallly havia caído depois do abastecimento e sido resgatado pelo helicóptero. Maguis (caspita) foi levado ao hospital de Palmas. Foi angustiante, pois durante o todo ano estivemos juntos na preparação para essa prova e sei o quanto ele queria concluir o Sertões. Paciência brother, o Sertões não poupa e assim mais de 20 pilotos, alguns profissionais já saíram com algum tipo de fratura neste ano.
No segundo dia de etapa maratona, a largado foi as 5:30 da manha , minha moto não quis ligar de forma nenhuma e novamente os pilotos amigos me ajudaram a dar um tranco. Atrasei uns 5 minutos da hora de minha largada , o maior stress. Eu iria enfrentar 486 km de especial no areião fofo mais temido do Brasil. Comecei com muita cautela, pois não poderia deixar a moto apagar, pois ai seria o fim de prova pra min.
Levei uma corda, pois assim poderia ser puxado, foi uma grande jogo de forçaa mental , ir num ritmo bom , mais conservador. Desta forma meus principais concorrentes abriram. A bom surpresa foi que a especial foi antecipada para o km 222 , assim vibrei e consegui me arrastar até Balsas (MA) e perdi pouco tempo em relação aos perrengues que tive. Escrevo de Balsas e os mecânicos estão trocando as válvulas de admissão, bateria, hodomêtros, roadbook e tudo mais que precisar. Amanha teremos o dia mais longo do rally com quase 700 km. Vou tentar recuperar algum tempo e meter em enrolar o cabo do acelerador com força. Agora a pouco tive uma boa noticia. O Maguis quebrou só os braços e está vindo para Balsas de ônibus. Vamos nos rever na chegada. Saudades da família e amigos. Sinto a força positiva de vocês e é ela que me incentiva a continuar enfrentando os caminhos tortuosos e traiçoeiros do Sertões.