Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – LULA EM RO Até onde se sabe, por aqui só quem ficou no prejuízo foi a seção local do Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL), cujo presidente regional – professor Adilson Siqueira – já mandara confeccionar as faixas com que o partido comandaria a recepção de rua não autorizada preparada para apupar a autoridade por ocasião da sua visita ao Estado. Agora o material ficou inútil, porquanto o presidente Luís Inácio Lula da Silva cancelou a viagem que faria a Rondônia, prevista, segundo ainda exibe a tela de rosto da página da senadora Fátima Cleide (PT) no site do Senado, para o final de mês em curso. Pois é, leitor. Lançada pelos cariocas na abertura dos XV Jogos Pan-Americanos – Rio 2007, em pleno estádio do Maracanã lotado, a moda pegou. Com mais de um mês de antecedência, mesmo nestes cafundós havia gente ocupada na organização de outra vaia para o presidente Lula da Silva. Os petistas locais ainda não acreditam – tanto que ninguém desmente ou confirma a informação -, mas o cancelamento ocorreu na noite desta terça-feira (31), em Brasília, logo após o presidente Lula retornar das visitas que fizera a Cuiabá (MT) e, depois, a Campo Grande (MS), onde comandara as cerimônias de lançamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) naqueles Estados. Como Lula já havia sido vaiado em outros eventos do PAC depois do Maracanã, os mato-grossenses trataram de realizar os eventos em recinto fechado. Não adiantou. Diante das primeiras manifestações do dia, em Cuiabá, Lula ainda tentou reagir filosofando em seu discurso: “A gente tem duas orelhas, uma para escutar vaia e outra para escutar aplauso. Os que estão vaiando eram os que deveriam estar aplaudindo. Os que estão vaiando, posso garantir, foram os que mais ganharam dinheiro nesse país, no meu governo. Aliás, a parte mais pobre é que deveria estar mais zangada, porque teve menos do que eles tiveram. É só ver quanto ganharam os banqueiros, empresários. Vamos continuar fazendo política sem discriminação”, disse. 2 – ONDA DE PROTESTOS A idéia de que a onda de vaias de que o Presidente está sendo objeto estaria sendo protagonizada pelos ricos Lula emprestou dos áulicos palacianos, para quem as vaias do Maracanã partiram das elites cariocas, uma dedução extraída do raciocínio segundo o qual aquela platéia era constituída por gente que se deu ao luxo de comprar ingressos para assistir a abertura dos jogos do Pan. A partir daí, como entre os integrantes das manifestações seguintes os universitários sempre estão na linha de frente, Lula e acólitos consolidaram o pensamento de que os pobres – aquela parte que segundo o próprio presidente “é que é deveria estar mais zangada, porque teve menos do que eles (os ricos) tiveram” – não estão participando das vaias presidenciais. O que nem Lula nem os sequazes explicaram é o que isso quer dizer. Mas não resta a menor dúvida de que, ao menos em parte, a fala presidencial está para lá de certa. De fato, do pouco crescimento registrado no país desde que Lula se aboletou no Palácio do Planalto só quem viu o espetáculo foram, dos camarotes, os banqueiros e, das gerais, os empresários. O grosso da população, mesmo, ficou só no “ora, veja”. Do “Bolsa Família” para baixo reina a mais absoluta miséria, a indigência perversa e os horrores da fome, das doenças e da desesperança. Entre a clientela do “Bolsa Família” e os podres de ricos é que se encontra a faixa da população que o Governo caracteriza de rica, mas é aquela sobre quem incide o fardo mais pesado da carga tributária e anda a reclamar que de serviços públicos recebe bulhufas em troca. Prova disso é o tal Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, o "Cansei". Liderado pela OAB-SP (seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil) e apoiado por diversas entidades, além de estar recebendo a adesão de empresários de peso (no dia 27, a Philips do Brasil chegou a publicar anúncio nos principais jornais manifestando seu apoio ao "Cansei", o que deu trela para muitas críticas, mormente do governo). 3 – LULA ESNOBADO O certo é que Lula e corriola andam para lá de preocupados com os protestos contra o governo. Pesquisas encomendadas pelo Planalto após o acidente em Congonhas já indicam que a popularidade do presidente caiu, sobretudo em São Paulo. O levantamento acendeu a luz amarela no Planalto, depois de dez meses de crise aérea. Até então o governo ainda não organizara nenhuma estratégia para enfrentar hostilidades, mas desde terça-feira começou a tomar providências – a primeira delas, o cancelamento das viagens do PAC. Há, na avaliação do Planalto, duas situações distintas em meio aos gritos de “Fora Lula”: a primeira, considerada natural, de indignação das famílias de vítimas do acidente da TAM; a segunda, organizada pela oposição. Em Cuiabá, tentando exorcizar o incômodo, Lula ainda esbravejou: "Não tentem achar que vendendo notinhas para os jornais de que vai ter uma manifestação contra o presidente em tal lugar, que o presidente vai deixar de ir”. A bravata não funcionou. A visita ao Pará, prevista para quinta-feira (02), foi a primeira a ir para o beleléu, não obstante a administração petista de Ana Júlia Carepa. Enfim, para dar por definitivamente encerrada a maratona de viagens aos Estados para assinar os protocolos do PAC, Lula vai reunir nesta sexta-feira (03), no Palácio do Planalto, 12 governadores - Ivo Cassol (PPS) entre os convidados. Que, inicialmente, mandou dizer que não podia comparecer, escalando para representá-lo secretário Joarez Jardim, Chefe da Casa Civil. Na tarde desta quinta-feira, porém, depois de receber um telefonema do próprio Lula reiterando o convite, Cassol mudou de idéia e embarcou horas depois para Brasília. Os petistas rondonienses, no entanto, ainda não se deram por achados. Como a visita não chegou a ser verdadeiramente agendada - seria “na última semana de agosto ou na primeira semana de setembro”, conforme está na página de Internet da senadora Fátima Cleide -, esperam que até lá a onda de protestos contra o presidente tenha perdido a força e Lula termine por reconsiderar a visita. Movido pela mesma fé – mas com propósitos diametralmente opostos -, o presidente do P-Sol, Adilson Siqueira, também mandou preservar intactas as faixas adrede preparadas. Vai que ele vem...
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