De Porto Velho a Cuzco, uma viagem do Peru - Por Alan Alex

A rodovia de integração, que liga Rondônia ao Pacífico é muito bonita. Toda ela é asfaltada e é uma viagem que vale à pena. No primeiro dia (01), chegamos em Puerto Maldonado por volta das 17h30min.

De Porto Velho a Cuzco, uma viagem do Peru - Por Alan Alex

Foto: Divulgação

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Já vinha ouvindo falar há algum tempo sobre a possibilidade de viajar à Cuzco pela rodovia que liga Rondônia ao Pacífico. Em 2009 um grupo de amigos chegou a ir em um Astra e isso me motivou a pensar nessa aventura. Mês passado, Paulo Andreoli (Rondoniaovivo) disse que ia sair de Porto Velho numa quinta-feira e estaria de volta no domingo. Fiquei aguardando seu retorno para saber das reais condições da estrada. Paulo não conseguiu ir. Por problemas de documentação, foi barrado na fronteira, em Assis Brasil. Mesmo assim, decidi que era hora de fazer essa viagem. E fui com minha esposa, Talita.
Preparativos
No sábado que antecedeu a viagem, fui à Fox Pneus e troquei os quatro pneus, discos de freio e pastilhas. Carro alinhado e balanceado rapidamente, com atendimento acima da média e o melhor, você pode pagar em até 12 vezes no cartão de crédito. Uma observação importante, se você for fazer essa viagem, ou qualquer outra, essa revisão é obrigatória, pneus novos dão estabilidade e aderência necessárias para qualquer estrada. Corolla pronto, foi só verificar a documentação pessoal. É obrigatório que você tenha em mãos ou um passaporte ou sua cédula de identidade. CNH, carteiras funcionais nem qualquer outro tipo de documento é válido, mas com RG ou passaporte, sua entrada é tranqüila. Na quinta-feira (01) saímos de Porto Velho às 5 horas da manhã. Seguimos viagem tranqüila até Assis Brasil, fronteira entre Brasil e Peru. No lado brasileiro, pare no posto de fiscalização, vá até o setor de imigração da Polícia Federal e apresente sua documentação. Eles irão lhe dar um papel de entrada, se você apresentar passaporte, o mesmo será carimbado. Não é necessário parar na Receita Federal. No lado peruano, apresente Xerox de documento do veículo, do papel de entrada da Polícia Federal e de seu documento de identidade, isso pode ser feito em frente à imigração peruana. Detalhe importante, o veículo deve estar em seu nome, eles não aceitam procurações. Caso o carro esteja em nome de outra pessoa, ela deve estar no carro, não necessariamente dirigindo. Eles vão fazer seu cadastro e do veículo na Aduana peruana e em seguida você se dirige á imigração, fica um ao lado do outro. Todo o processo leva no máximo 15 minutos.
Importante: No posto de fronteira você vai encontrar vários cambistas, faça o câmbio de Real para Solis (moeda peruana) ali mesmo. em Cuzco nossa moeda não é aceita e nas casas de câmbio de lá eles querem praticamente paridade entre as moedas. Na fronteira eles vão te pagar cerca de 1,58 solis por cada real. Em Cuzco eles querem pagar 1,20 ou até menos.
Na estrada

A rodovia de integração, que liga Rondônia ao Pacífico é muito bonita. Toda ela é asfaltada e é uma viagem que vale à pena. No primeiro dia (01), chegamos em Puerto Maldonado por volta das 17h30min. São 1.096 quilômetros de Porto Velho à Maldonado. Uma gigantesca ponte está sendo finalizada, por isso ainda é necessário atravessar de balsa. Essa travessia vai custar 20 solis (cerca de R$ 12). Você deve dormir em Maldonado, não tente seguir viagem à noite, mais adiante você vai entender o por que. Puerto Maldonado é uma cidade grande, com trânsito agitado e muita gente nas ruas. Aproveite para comprar uma jaqueta jeans ou outras roupas de frio, você vai precisar com toda a certeza e por lá os preços são bem em conta. Procure um mercadinho e compre também algumas frutas, água mineral, bolachas e sucos, na estrada você até vai encontrar isso, mas pagará mais caro e não terá a mesma variedade. Dormimos em Maldonado e lá paga-se caro nos hotéis. A diária gira em torno de 160 solis (R$ 101). Você pode até encontrar hotéis mais baratos, mas bastante precários. 

Saímos de Puerto Maldonado às 6 horas de sexta-feira. Nos primeiros 180 quilômetros você já vai sentir que está subindo, mas é quase imperceptível. Várias pequenas comunidades ao longo da rodovia, todas sinalizadas, com quebra-molas e placas indicativas. Você começa a perceber também uma mudança na paisagem, pastos dão lugar a florestas. Quando você chegar na comunidade Santa Rosa, começa a subir de verdade.

Importante: O carro utilizado nesta viagem foi um Corolla, câmbio manual. As subidas são muito, e íngremes, não sei ao certo como se comportaria um carro com câmbio automático nestas circunstâncias, melhor verificar com sua concessionária. O Corolla é 1.6, gasolina e me impressionou. Carro valente e extremamente confortável. 

Você vai subir a primeira serra, chamada Sierra Santa Rosa. Neste trecho você começa a ter uma idéia do que virá pela frente, mas nada, absolutamente nada te prepara para as

alturas a serem atingidas. Devido ao fato de ser sempre subida, e a estrada com muitas curvas sinuosas, não tem como desenvolver velocidade. E nem precisa. O visual é fantástico e deslumbrante. Prepare sua câmera com pilhas e cartões de memória porque você vai ficar impressionado. Mais impressionado ainda quando chegar ao cume do monte e vir uma placa informando que você está a 4.725 metros de altitude em relação ao nível do mar,na comunidade Abra Pirhuayani. Mas antes chegar às alturas, você vai se emocionar ao ver, durante a subida, os picos nevados. Durante toda a subida a temperatura vai caindo. Se seu carro tiver aquecedor, você vai usar. Do contrário, prepare-se para sentir frio. O ar também é rarefeito e a percepção disso é muito clara, sua cabeça vai doer e você poderá sentir enjôos. Vale lembrar que essa altura é absurda e pessoas mais sensíveis podem precisar de um tubo de oxigênio, se for esse seu caso, providencie um. Outras medidas que ajudam a evitar o Mal de Altitude são hidratação abundante, pelo menos quatro litros de líquidos por dia. Como essa necessidade varia muito de pessoa para pessoa e de situação a situação, a melhor maneira de saber se estamos bem hidratados é olhar a cor da urina. Ela deve ser muito clara, quase como água e em boa quantidade.

 

 

 

Descendo, mas nem tanto
 Depois que você chegar ao topo, começa a descer, mas nem tanto. Cuzco fica a 3.300 metros acima do nível do mar. Durante toda sua estadia na cidade a dor de cabeça e sensação de enjôo vai perdurar se você não adotar medidas como hidratação constante, analgésicos e uso de oxigênio. Em Cuzco você encontra oxigênio para vender nos supermercados a 40 solis (R$ 25). Chegamos na cidade por volta das 17 horas de sexta-feira. Cuzco é imensa e a vista não impressiona. Você vai chegar pela Avenida de la Cultura, que está em obras e vai seguir nela até passar a terceira passarela de pedestres. Neste ponto pare e se informe sobre onde fica a Plaza de Armas, principal referência turística da cidade. Na região existem muitos hotéis com diárias a partir de U$ 40 a U$ 300. Isso mesmo, lá os preços são calculados em dólar americano, que é bem aceito, assim como a moeda local. O clima na cidade é sempre frio, com temperaturas agora no verão em torno de 12 graus durante o dia e à noite pode chegar a 6. Para nós que vivemos em Rondônia é um choque tremendo.
A cidade
Na Plaza de Armas você vai ficar deslumbrado. Igrejas construídas por espanhóis durante a colonização, mosteiro dos jesuítas, uma obra impressionante, jardins espetaculares e muitos turistas nas ruas. Gente do mundo inteiro. Uma dica, as lojas que ficam ao redor da praça são mais caras, se você sair um pouco desse roteiro, vai encontrar as mesmas coisas muitas vezes por um terço do preço. Procure restaurantes que sirvam frutos do mar ou massas. A culinária peruana não é muito agradável para quem tem estomago sensível. Eles usam muitos condimentos e pimenta. Na cidade também é possível encontrar lanchonetes que servem sanduiches, devido ao grande número de europeus e americanos. Se você quiser arriscar ‘novos sabores’ a dica é a parrilla completa, que vem carnes de porco, gado e frango.
A cidade é ótima para quem gosta de vinhos. Nos restaurantes é possível encontrar muitos vinhos argentinos e peruanos e uns poucos chilenos. Os preços variam, mas um dos mais caros fica em torno de 90 solis (R$ 56) e os mais baratos a 20 solis (R$ 12). Se seu hotel não tiver estacionamento, o que é comum, procure um, você vai pagar 15 solis/dia (R$ 9,50). É melhor circular pela cidade a pé ou de taxi. Os peruanos não são muito tranqüilos no trânsito e é melhor que eles se resolvam. Cuzco, como qualquer cidade da América latina, costuma cobrar mais caro de seus turistas. Na cidade cartões de crédito são bem aceitos. O preço médio para visitar as igrejas e outros monumentos é de 10 solis por pessoa (R$ 6,32), mas vale muito à pena. Dentro dos lugares é proibido tirar fotos de peças de arte, como quadros e altares, feitos de cedro e recobertos com ouro.
Macchu Picchu
Por toda a Cuzco existem referências a Macchu Picchu, cidade inca redescoberta em 24 de julho de 1911, que foi resultado de uma expedição da Universidade de Yale, sob responsabilidade do professor norte-americano Hiram Bingham. Pela obra humana e pela localização geográfica, Machu Picchu é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO. Mas para visitar esse monumento você precisa comprar sua passagem com um dia de antecedência. Em Cuzco existem milhares de agências que levam os turistas com preços que variam de U$ 100 a U$ 300. E para lá se vai de van ou trem e a visita leva um dia inteiro, portanto, se você quiser fazer essa visita, se programe. Além de Picchu, existem dezenas de outros sítios arqueológicos nos arredores, basta entrar em qualquer agência e preparar seu pacote. Em função da falta de tempo, precisava estar de volta à Porto Velho nesta segunda-feira, não deu para visitar Picchu, mas na próxima viagem certamente iremos.
A volta
No domingo saímos de Cuzco às 5 horas. Subimos os cerca de 1000 metros até comunidade Abra Pirhuayani e depois foram só descidas. E muitas. Como era um domingo, e normalmente as estradas são mais tranqüilas, a volta foi razoavelmente rápida. Almoçamos em Puerto Maldonado, chegamos na balsa do Abunã por volta de meia-noite, dormi um pouco dentro do carro e chegamos em Porto Velho às 4 horas desta segunda-feira.
Inconvenientes e dicas

A balsa do Abunã atrasa a viagem em cerca de 40 minutos e é cara. Atualmente custa R$ 13,50 para ir e o mesmo valor para voltar. As estradas no Acre estão mal conservadas e sem sinalização ou placas informativas. Você fica perdido e quando encontra alguém e pede informação, a pessoa não sabe. No lado brasileiro da imigração, não existe nenhuma informação. Quando chegamos, passamos direto porque um guarda da Força Nacional indicou. Ao chegarmos na imigração peruana que fomos informados da necessidade de um registro de saída no lado brasileiro e tivemos que voltar para fazer o procedimento. No lado peruano da rodovia, em todas as vilas existem quebra-molas, no mínimo dois, o que também impede que se corra muito na estrada. Durante a subida, em alguns pontos, a água brota no paredão e atravessa a pista, portando cuidado com aquaplanagem. Ali, se cair, não escapa nem a alma. Alguns trechos da estrada existem placas informando sobre a possibilidade de deslizes de terra, portanto, toda cautela. Durante a subida a descida, toque a buzina nas curvas. Acredite, você vai precisar disso. Não esqueça de comprar roupas de frio ou levar de casa.

Quando for comprar qualquer coisa em Cuzco pechinche. Um objeto que eles pedem 100 solis pode sair por 50. Respeite as motos, no Peru esse é o principal veículo utilizado.

Arme-se de paciência, a estrada é longa, cansativa e não dá para correr nas subidas. No mais, a viagem vale a pena e a distância a ser percorrida é praticamente a mesma entre Porto Velho e Cuiabá. A diferença é que você vai estar conhecendo uma cultura diferente e a um custo muito baixo. Minha viagem inteira saiu por R$ 1.700,00, em duas pessoas, hospedando-se confortavelmente, comendo bem e comprando um monte de souverniers peruanos. Não esqueça de revisar freios e pneus, não dá para arriscar com pneus carecas. Se seu carro tiver motorização 1.0, ele pode até subir, mas vai demorar mais. No Peru a maioria dos carros é 1.0. Quem for de camionete deve evitar circular em Cuzco com o carro. As ruas são estreitas. Deixe-o em uma garagem e circule de taxi. Não tente gambiarras, do tipo tentar passar usando um documento qualquer. Os únicos aceitos são RG ou Passaporte. No mais, boa viagem, vale muito à pena. A próxima é para Lima, a cidade dos reis.

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