A expedição faz parte do projeto Brasil das Águas e acompanhará, pela primeira vez, o caminho percorrido pelos Rios Voadores no Brasil. Vilhena é uma das cidades que está no roteiro da quinta etapa do projeto.
O projeto Rios Voadores - extensão do projeto Brasil das Águas e patrocinado pela Petrobras desde 2003 - está a todo o vapor. Na segunda-feira (04/02), o piloto ambientalista Gérard Moss, acompanhado por Tiago Iatesta e Júlio Fiardi, partiu de Brasília para mais um vôo de coleta de amostras de umidade, a quinta desde o início do projeto, em junho de 2007. Assim como nas outras expedições, o destino é a Amazônia e arredores. A diferença é que agora o caminho do vôo acompanhará, pela primeira vez, a trajetória de uma corrente de ar especifica, ou seja, um "rio voador".
O piloto já sobrevoou as cidades de Palmas (TO), Belém e Santarém no Pará, o município de Manicoré (AM) e Porto Velho (RO). O próxima destino são os céus de Vilhena, no interior de Rondônia. Eles chegarão hoje (dia 8), às 15h (
horário de Brasília), no aeroporto da cidade. Tudo indica que os próximos destinos da expedição devem ser Cuiabá, Pantanal e Londrina. "Será um vôo diferente. Não dá para saber exatamente o percurso, pois as massas de ar podem mudar de trajetória de uma hora para outra", explica Gérard Moss.
Para saber o percurso que deve seguir, o piloto conta com conselhos detalhados de meteorologistas da CPTEC/INPE, situado em Cachoeira Paulista (SP). Os experts dispõem de um computador de 16 processadores, com 32 Gb de memória e 64 Gflops de performance de pico, que faz uma previsão numérica de tempo em área limitada. A máquina é baseada no modelo BRAMS, que foi criado pela CPTEC/INPE em agosto de 2005. Sendo assim, é possível definir o deslocamento das massas de ar em 48h e segui-las.
As outras expedições do projeto, realizadas no ano passado alcançaram cidades espalhadas em toda a Amazônia brasileira, desde Belém e Santarém (PA), até Manaus e Tefé (AM), São Luís (MA), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). Além das expedições, a equipe do projeto também realiza periodicamente vôos num hidroavião para coletar amostras de superfície (
rios, lagos, córregos e represas).
CONHEÇA O PROJETO RIOS VOADORES- De acordo com o cientista brasileiro Enéas Salati, coordenador científico do projeto, 44% do vapor dágua que penetra na região amazônica é responsável por grande parte das chuvas no Centro-Oeste, no Sul e no Sudeste. Os chamados "Rios Voadores" são as correntes de ar que carregam umidade do Norte ao Sul do Brasil.
Estimativas divulgadas recentemente pelo INPE informam que entre agosto e dezembro de 2007, o desmatamento da região somou 3.235 km2, podendo ter chegado a ordem de 7.000 km2. Essa crescente devastação das florestas e queimadas vem preocupando especialistas ambientais, pois podem afetar o regime de chuvas da própria Amazônia e de outras regiões brasileiras para onde a umidade é transportada.
O objetivo é aprofundar os estudos sobre o transporte de vapor dágua da bacia Amazônica para outras regiões, especialmente do território brasileiro, procurando responder como o desmatamento da Amazônia afetará o clima no resto do país, de que forma essa degradação afetará as chuvas das regiões de maior produção de energia hidroelétrica (
onde se concentra o maior PIB do país) e como essa umidade chega do norte ao sul do Brasil.
Para coletar as amostras, o avião dispõe de um equipamento capaz de captar o ar ambiente. Assim que é coletado, esse ar é direcionado a um tubo de vidro que é resfriado para condensar a umidade numa gotinha de água no tubo. A análise posterior dessa água procura definir a procedência dessa massa de ar e estabelecer a proporção das gotas de água coletadas, que tem origem do mar, dos rios ou da evaporação feita pelas árvores.
Segundo Salati, a importância de se estudar os rios voadores vem da grande quantidade de vapor dágua transportado por esses "rios", que pode chegar a volumes maior que a vazão de todos os rios do Centro-Oeste e ter a mesma ordem de grandeza da vazão do rio Amazonas (200.000 m3/s). Um resultado das mudanças climáticas pode variar desde possíveis alagamentos até o início de um processo de desertificação do estado de São Paulo.
O piloto Gérard Moss, idealizador do projeto, planeja fazer uma viagem por mês até a conclusão do projeto, no final do ano. As análises estão sendo feitas pela equipe do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) sob a responsabilidade do Prof. Dr. Reynaldo Luiz Victoria. Os primeiros resultados da expedição devem sair no decorrer de 2008.
O projeto é uma extensão do Brasil das Águas. Desde 2003, tem como patrocinador master, a Petrobras, dentro do Programa Petrobras Ambiental. Para mais informações acesse o site:
www.riosvoadores.com.br.
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