Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Política em Três Tempos -  Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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1 – RAUPP EM ASCENSÃO Politicamente muito mais astuto do que se desconfia, ensarilhar armas para brigar pelo cargo ele, definitivamente, não vai. Mas como anotou a jornalista Denise Rotemburg na edição deste domingo (04) do jornal “Correio Braziliense”, há mais do que rumores indicando que, “com José Sarney (PMDB-AP) e sua filha Roseana (PMDB-MA) praticamente fora da disputa pelo mandato tampão para presidir o Senado, o Planalto volta os olhos para o líder da bancada, Valdir Raupp (RO)”. De fato. E mais: caso o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) confirme a renúncia ao cargo no final da licença que expira no fim do mês e a eleição do sucessor ocorra antes do recesso, crescem desmesuradamente as possibilidades do ex-governador rondoniense ascender ao comando de um dos três poderes da República, nada menos que a Presidência da chamada “Casa de Rui Barbosa”. Se, porém, Renan decidir renovar a licença – como esperam e torcem os petistas - e deixar para renunciar à presidência 30 dias mais tarde ou, como anda divulgando a assessoria do senador Tião Viana (PT-AC) – vice-presidente no exercício do posto -, o senador alagoano renuncie na data prometida, mas, não obstante convocada a eleição do sucessor no prazo regimental (cinco dias depois de declarada a vacância), os senadores deixem para eleger um novo presidente no ano que vem, as coisas podem se complicar a tal ponto que talvez só por aclamação Raupp se disporia a enfrentar a parada. Tanto que, após confrontar o próprio Raupp com a informação palaciana, Denise Rotemburg percebeu a estultice do senador e escreveu: “Precavido e observador do que vem acontecendo a todos que despontam como candidatos, ele recusa: ´Não quero saber. Só tenho quatro anos de mandato. Tem muita gente na minha frente, com mais experiência e anos de casa´. É, pode ser”.Aos fatos, pois. Que o presidente licenciado do Senado não volta mais ao cargo, disto até os preás do sertão alagoano já estão inclusive aborrecidos de tanto comentar. Aliás, Renan já avisou que deve renunciar à presidência no fim deste mês. Mas em que pese a sua sucessão estar sendo objeto de cogitações desde que a crise em que se envolveu o deixou imprestável para continuar no posto – ou seja, desde que tentou justificar a mesada do lobby com notas frias da venda de bois superfaturados -, o que não tem faltado é dissenso nessa discussão. A falta de nome capaz de flutuar acima das disputas do setor é um dos fatores que contribuem para a ausência de consenso na escolha do sucessor de Renan. 2 – PERU POTIGUAR Dono da bancada mais robusta da Casa – 20 senadores contra 14 democratas, 13 tucanos e 12 petistas (para ficar nas quatro maiores) – e, portanto, do direito de escolher o substituto do senador alagoano, o PMDB decidiu colocar em banho-maria a definição do nome que assumirá o comando do Senado em 2008. Sabe-se que o futuro presidente terá o mandato "tampão" de apenas um ano. Isso porque a reeleição de um presidente de Câmara ou Senado é proibida dentro de uma mesma legislatura. Somente entre uma e outra legislatura isso pode ocorrer. Foi o caso de Renan em fevereiro passado. Atendendo a uma orientação da alta cúpula do PMDB, na semana passada o próprio Valdir Raupp, na condição de líder da bancada, fez um apelo aos colegas para que evitassem tocar no assunto publicamente. Em vão. Nem bem Raupp acabara de fazer a recomendação e já o senador Garibaldi Alves (RN) anunciava sua disposição para disputar a vaga e lançou seu nome na rinha. De besta. Ou porque não leu as declarações de Raupp sobre o assunto colhidas pelo site de notícias “Congresso em Foco”: “Há um ditado antigo que diz que Peru morre na véspera. Ninguém está querendo colocar o nome para ser queimado. Qualquer candidatura posta com antecedência corre um sério risco”. Não deu outra. Certamente por conta da indiferença fastidiosa e a frieza glacial com que o anúncio foi recebido até no interior da bancada, a semana começou sem que ninguém mais lembrasse da postulação potiguar. Embora Raupp tenha insistido bastante na tese de que Sarney é o melhor nome da bancada, quem o conhece o ex-presidente sabia que ele jamais foi político de entrar em disputa dentro do partido (uma pá de senadores da legenda não o tolera). Não bastasse, a simples cogitação sofreu veto explícito do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), a despeito da boa relação que Sarney mantém com o presidente tucano, senador Tasso Jereissati (CE). Mesmo fora do páreo, ninguém discute o peso político de Sarney: ele é o grande eleitor do PMDB do Senado. Além do prestígio pessoal junto ao Planalto (a filha Roseana é líder do governo no Congresso), Sarney lidera hoje fatia expressiva da bancada, sem falar que seu cacife vai além dos limites do PMDB. Qualquer observador atento sabe que ele exerce influência sobre uma dezena de parlamentares. Na hipótese de o Planalto lavrar o nome de Raupp, o apoio de Sarney e seu grupo é considerado favas contadas. Mas o PT jamais deixou de aspirar à hegemonia do poder. Embora por baixo dos panos, ministros petistas incentivam os movimentos de Tião Viana para permanecer no cargo. O acreano faz uma campanha dissimulada. Nega ser candidato, mas cumpre uma agenda que lhe garante espaço e simpatia na mídia. São ações que se pretendem moralizadoras. O propósito é o de se diferenciar o máximo de Renan para, com a estratégia, fazer com que ele surja como o candidato da opinião pública. Por outro lado, a sucessão do Senado estará, em boa medida, ligada à votação da CPMF. Caso a eleição ocorra antes da decisão e o nome de Raupp apareça como opção, com toda certeza virá escoltada por Sarney e seu grupo e aí o PT vota nele sem mugir nem tugir, porquanto um comportamento diverso transformaria em pó o imposto do cheque. Os petistas, porém, apostam que quando chegar a hora de suceder Renan o Senado já terá votado a prorrogação do imposto, que seria o último grande assunto de interesse do governo no Congresso. De acordo com essa tese, o termo da equação mudará de sinal. Se agora o governo precisa do PMDB para aprovar a CPMF, amanhã será o PMDB quem precisará do governo para fazer o presidente do Senado. Nesse caso, há quem acredite que Tião Viana e os petistas serão bem capazes de botar as asas de fora. Embora uma oposta no imponderável, o simples fato da postulação tomar forma tenderia a dificultar a opção Raupp. O jogo, no entanto, é muito mais complicado do que parece. Como o governo não é só o PT e, em mais de uma ocasião, Lula soube conter os desvarios da legenda, é possível que com ou sem CPMF o Planalto termine por manter Viana no estribo, optando pela alternativa Valdir Raupp. Passam dos 90% as chances disso ocorrer. Nada mal para quem, há relativamente pouco tempo, respondia como vereador eleito pelo Distrito de Rolim de Moura para a Câmara Municipal de Cacoal.
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