Confira o histórico do Momento Lítero Cultural - Por Selmo Vasconcellos

Confira a coluna de Selmo Vasconcellos

Confira o histórico do Momento Lítero Cultural - Por Selmo Vasconcellos

Foto: Arquivo Pessoal

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1ª participação - Eternos colaboradores do histórico M.L.C.

 

01-ELIAKIN RUFINO – Boa Vista, RR – 26 de março de 1994.

 

Mudança das folhas

 

em roraima

não há primavera

somente inverno e verão

mas a flor do meu canto

nasce em qualquer estação

no inverno eu canto o verde

o rio cheio

o capim

eu canto as águas de julho

que é tempo do buriti

no verão eu canto a lua

a praia grande

o céu azul

eu canto o sol de janeiro

que é tempo do caju

em roraima

não existe outono

somente inverno e verão

caem folhas do meu canto

poemas rolam no chão

 

02-ANIBAL BEÇA – Manaus, AM (em memória) – 01 de novembro de 1995.

 

VERDE RAINHA

 

para os mestres da União do Vegetal

José Maria e Roberto Evangelista -

Essa árvore é essa uma

samaúma rainha da mata

é ver de verde verdade

plantada luz de luzeiro

 

Essa árvore leva sombra

para as folhas da chacrona

sol no cipó mariri

borracheira que se canta

 

No topo de suas ramas

conversa de voz no rumo

os ventos levam recados

para muito ouvido surdo

 

Ofertório

 

Quem bebe o vinho sagrado

a alma se fortalece

a mente se doa em prece

e o corpo vai sossegado

 

03-IVES GANDRA DA SILVA MARTINS –  São Paulo, SP – 10 de agosto de 2001.

 

SONETO DE VIDA INTERIOR

 

Senhor, põem-me, outra vez, à Tua frente

E faze-me encontrar o Teu caminho.

Perdido fui e sou, se de repente

Somente a mim me entregas e sozinho.

 

Quantas vezes me sinto diferente

E volto a ser, no tempo descaminho !

Quantas vezes Te fito e sou descrente

E, no espaço, me faço agreste espinho !

 

Senhor, mostra-me sempre o Teu amor,

Qual tesouro enterrado num terreno,

Valendo mais que todos, pois que é vida.

 

E faze-me Teu filho no que for

A vivência daquele tom sereno,

Que me leva à chegada da partida.

 

04-JOSÉ NÊUMANNE PINTO – São Paulo, SP – 14 de maio de 2004.

 

Que és fonte nesta noite estrangeira


Nesta noite estrangeira,
aporto em teu leito
como quem chega de viagem
(a longa viagem da vida):
o bagaço dos músculos,
o cansaço dos séculos,
o espaço dos vínculos.
É o peso da paixão
que lança a âncora
no cais do teu ventre;
desembarco sorrateiro,
como um ladrão,
esgueiro-me nas sombras,
fujo à face da lua,
tal flauta sem som,
qual nauta sem sono.
 
Pulo no escuro,
feito um gato,
entre pé e areia
um abismo,
agarro-me a teus cabelos
(um salto abissal,
sem rede),
bebo um pântano sem fundo,
profundo.
 
Dentro de ti,
que és porto,
faz noite ainda
(o mar é mancha móvel,
teus seios, dois faróis).
A distância de léguas,
ocultas um bote
em conchas
(muito a caminhar
até os remos
de tuas pernas brancas)
 
Dentro de ti,
que és ilha e plana,
a mina verde
dos tesouros submersos;
e os sóis rubros
das fogueiras profanas.
 
Ato o massame firme
a teu travesseiro:
queimas asas de Ícaro,
derretes coração de cera.
Assim mergulho em teus lençóis
com o peito em brasa
e as mãos limpas
(lavadas dentro de ti,
que és vento e fonte ).

 

05-ELIANA POTIGUARA – Rio e Janeiro, RJ – 12 de novembro de 2004.

 

A VELHA E O MOÇO

 

Quando eu te conheci, guerreiro

jamais iria sonhar

que nossos corpos se tocariam

que nossas bocas se esquentariam

com ares de manhã.

 

Quando eu te conheci, amigo

amei-te terna pela luta

amei-te muda pelo mundo

desprezando línguas falantes.

 

Quando eu te conheci, amigo

estava só, triste e doente

ensaiando um abrigo

de amor, um doce amante.

 

Quando eu te conheci, guerreiro

vi brotar a luz em mim

vi brilhar a juventude

corroída no semblante.

 

Quando eu te conheci, amigo

voltei a não vivida infância

passei a pular feito criança

buscando um sangue novo – a esperança.

 

Mas já é tarde, doce guerreiro

pois não trago no peito a moça pra ti,

o tempo passou e não pôde nascer

a mulher que não deixaram viver !

 

06-ANTONIO CARLOS SECCHIN – Rio de Janeiro, RJ – 29 de agosto de 2006.

 

A ILHA

 

E olhamos a ilha assinalada

pelo gosto de abril que o mar trazia

e galgamos nosso sono sobre a areia

 

num barco só de vento e maresia.

Depois, foi a terra. E na terra construída

erguemos nosso tempo de água e de partida.

 

Sonoras gaivotas a domar luzes bravias

em nós recriam a matéria de seu canto,

e nessas asas se esparrama nossa glória,

 

de um amor anterior a todo estio,

de um amor anterior a toda história.

E seguimos no caminho de ser vento

 

onde as aves vinham ver se havia maio,

e as marcas espalmadas contra o frio

recobriam de brancura nosso rumo.

 

E abrimos velas alvas que se escondem

dos mapas de um sonho pequenino,

do início de uma selva que se espraia

 

na distância entre mim e o meu destino.  

 

07-JUJU CAMPBELL – Rio de Janeiro, RJ – 25 de julho de 1997.

 

POEMA DE VERÃO

 

As frondosas arvores do passado arqueiam-se

sobre os jardins repletos de sedentas flores do presente,

e generosas vertem abundante selva.

Que em cada flor desabrochem favos de mel.

E canalizem-se as águas das chuvas

contra os braseiros do sol ( e da lua incandescentes ).

Quando a área! Sem oásis arde e se estende

que espalhem fresca e façam sombras

as sementes das flores do presente !

as frondosas arvores do passado

que se arqueiam sobre as sedentas flores do presente.

 

08-ARISTIDES TEODORO – Mauá, SP – 3 de janeiro de 1998.

 

POEBOMBA

 

“Cem sóis flamejam no horizonte”

Maiakóviski

 

Quero um poema lunático

límpido e transparente,

pra cantar meu povo;

um poema explosão,

feito de acido urânio

de cogumelo adesivo

e diamante combustão

que rasgue as vísceras do problema.

 

Quero um poema estereotipado,

um poema espada aguda,

um poema felino, predatório,

pra destroçar com ira

os ladrões, os corruptos,

as obras, as hienas,

que comem as vísceras do meu povo.

 

Quero um poebomba

poluído e leprosante

de 9.000.000 de megatons,

de 100.000.000 de Hiroximas

pra fulminar os feitores

que comem as vísceras do meu povo.

 

Quero um poema terremoto,

um poema furacão,

convulso e vulcânico;

um poema diluvial,

fim-do-mundo,

um poema dicionário

que corte a face da terra,

que risque a pata do mapa,

um poema fóssil

um poema cristal,

um poema ósseo,

um poema bisturi,

que extirpe as vísceras

dos corruptos e dos ladrões,

das cobras e das hienas,

que as carnes do meu povo comem.

 

09-SOARES FEITOSA – Fortaleza, CE - 29.Janeiro.1999

 

AOS POETAS QUE ESTÃO POR NASCER !

 

- Onde estão os poetas das novas águas ?

Eles estão

dentro dos abismos da Terra

que os cuspirá de volta !

Oceano, Oceano,

ó grande rei dos sorvedouros,

os que estão por nascer te saúdam !!!

 

10-NEIDE ARCHANJO – Rio de Janeiro, RJ - 18.Junho.1999

 

Sem envelhecer

 

Sem envelhecer

estou mudando

às vezes lentamente

outras com pressa.

 

Mudo como quem se move

rumo a um sítio reservado

onde uma outra intensidade

( que ainda não decifro )

cresce.

 

11-SALGADO MARANHÃO – Rio de Janeiro, RJ - 29.Outubro.1999

SÓ BRIO

 

perdi o brilho,

fiquei sóbrio.

a seco e a sós comigo, , sobro.

 

boi, cuja carne se fez osso.

fruto, cuja casca é caroço.

 

de luz a lúcido – já desnudo

tenho os passos mas não a estrada.

 

já não preciso de tudo

estou repleto de nada.

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