Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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Formanda de Medicina quer de presente ex-reitor da Unir que criou o curso na sua festa

 

1 – GABRIELE REZENDE

 

As voltas que o mundo dá. Possivelmente ele não terá tido tempo de reparar – a ponto de se deixar incomodar - na enxurrada de incompreensões públicas que desabou sobre a direção da Universidade Federal de Rondônia (Unir), notadamente dirigida aos responsáveis pela implantação da graduação, logo nos primeiros meses de funcionamento do curso de Medicina. Fala-se do ex-reitor da instituição Ene Glória, que na época havia comprado briga feia para torná-lo real e ainda andava às voltas com providências para tentar se desembaraçar das conseqüências pela ousadia – autorizara a realização do vestibular sob ameaça de prisão pelo Ministério Público.

 

Iniciando-se no reitorado de uma das mais raquíticas universidades federais, num tempo em que todas as instituições do gênero principiaram a sofrer cortes brutais no orçamento, ousou propor a criação de um novo curso – e logo o de Medicina. Na época em que, contrariando a tudo e a todos, atreveu-se a abrir as inscrições para o vestibular, esta coluna registrou: “O reitor Ene Glória já transpôs o Rubicão e Roma é seu horizonte. Assim, o curso de Medicina da Unir só não será uma realidade caso consigam destruí-lo nesse percurso”.

 

Depois, tendo que lutar contra interesses de toda ordem, aí incluída a dificuldade para se saber entre os públicos e os privados quais mais peçonhentos e poderosos, Ene Glória teve que fazer das tripas coração para levar o projeto adiante. Nenhuma surpresa, pois, com os tormentosos problemas que eclodiram.

 

Assim, em meio ao torvelinho da época, não terá mesmo tido tempo para se deter no exame de reclamações várias, aí incluídas algumas legítimas de pais de calouros que chegaram a ecoar na imprensa caripuna. Entre estas, as do médico Gabriel Rezende, cuja filha, Gabriele Queiroz Monteiro de Resende, integrou a primeira turma. Conquanto o propósito inicial do médico fosse o de ajudar, suas iniciativas trombaram com os procedimentos metodológicos dos administradores da graduação e o conflito foi inevitável.

 

2 – TEXTO COMOVENTE

 

Sobrou para Ene Glória, de quem não apenas Rezende, mas uma pá de progenitores, parentes e aderentes dos novos estudantes não parava de cobrar providências. Visto de fora, porém, o sarrabulho protagonizado por Rezende pareceu tão sério que, tempos depois, um amigo comum ofereceu seus serviços a Ene Glória no sentido de, segundo ele (o amigo), desmontar o que entendera como um persistente mal-estar e reaproximá-lo do médico. Para surpresa do ex-reitor, porquanto ele mesmo não se dera conta da dimensão percebida pelo público externo e jamais tivera Rezende como desafeto. Enfim, o episódio foi esquecido.

Mas voltemos à estudante aprovada no primeiro vestibular de Medicina da Unir. Tendo cumprido as exigências iniciais do curso, Gabriele foi aprovada em exame seletivo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde acaba de concluir seu bacharelado em Medicina. Interpelada pelo pai sobre o que completaria sua realização, Gabriele pediu-lhe para fazer o que fosse possível para ter Ene Glória na sua festa de formatura. Ele recebeu o convite, ficou intensamente impressionado, mas não pode ir. Então lhe dedicou um texto que, pela comoção que encerra, vai a seguir reproduzido.

 

“O pioneirismo tem um preço. Esse preço não é pago apenas pelo esforço do pioneiro que abre a mata no peito, rasga sua pele nos espinhos, derrama seu sangue por uma causa. Ele também tem um preço que é cobrado pela incompreensão, pela injustiça e pela desconfiança de todos aqueles que, vivendo no limo, se recusam a acreditar que outra vida e outros ideais além do limo são possíveis. Mas, o pioneirismo tem também uma recompensa, recompensa que é trazida nos braços do Tempo, no colo da História. O Tempo e a História são os holofotes cuja luz inescapável ilumina a verdade sobre a audácia do pioneiro, sobre a grandeza de sua coragem e sobre os benefícios de suas ações.”

 

“Nem todo pioneiro é bem-sucedido. Muitos esforços pioneiros e visionários terminaram em tragédia. E é sempre nesses exemplos malfadados que os fracos e medíocres pautam suas críticas ao pioneirismo.”

 

3 – ATO DE GRANDEZA

 

“Cada malfadado intento de um pioneiro é sempre seguido de um mórbido “Eu avisei” que emerge do limo, com a ironia e o veneno que maculam a fala dos fracos e evaporam da descrença no futuro que pinta as feições dos pessimistas. O limo, sempre o limo! Mas a construção do Curso de Medicina na UNIR não foi um desses casos desanimadores! Foi, ao contrário, um ato de coragem e ousadia, mas que foi coroado com o reconhecimento e a deferência. E está repleto de exemplos inquestionáveis de sucesso.”

 

“Gabriele Queiroz Monteiro de Resende, filha do eminente médico Gabriel Resende, de Porto Velho, é um desses exemplos. Tendo ingressado por concurso vestibular no curso de Medicina da UNIR, em sua primeira turma, cumpriu as exigências iniciais do curso e, de forma brilhante, foi aprovada em exame seletivo na Universidade Federal de Minas Gerais, onde agora concluiu seu bacharelado em Medicina, sendo apontada como uma das mais promissoras profissionais de saúde de sua turma. Um percurso que inicia na UNIR – e que, mais do que isso, só foi possível pela ousadia e pela coragem de se ter implantado, contra uma avalanche de críticas, muitas delas insólitas, esse curso na UNIR.”

 

“Como uma alma grandiosa que é, Gabriele reconhece isso, agradece e compartilha com a  UNIR e os pioneiros que implantaram esse curso a sua vitória. Um ato de grandeza tanto quanto sua brilhante formação e méritos acadêmicos. Mas, é preciso dizer, Gabriele, que nós também nos sentimos gratos por ter tido você como nossa aluna. Gratidão que estendemos ao Tempo e à História, por estarem iluminando tão rapidamente a Verdade sobre nosso esforço, nossa ousadia, nossa coragem.”

 

“Que seus passos como profissional médica sigam o exemplo de seu pai: um exemplo de sucesso e brilhantismo. E que você nunca se esqueça de que foi o pioneirismo que marcou um sonho que possibilitou tudo isso. Assim, que seja, também, cada um de seus sonhos, um sonho pioneiro, o sonho de um ideal transformador. Dr. Ene Glória da Silveira.” 

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