Denúncia de "laranjas" de Zacarias Donadon agitam câmara em Vilhena

Aumentam as suspeitas de que existe um grande esquema de lavagem de dinheiro desviado das prefeituras municipais de Vilhena e Colorado do Oeste através da utilização de “laranjas” para a formalização de contratos de locação de veículos e equipamentos de particulares. Os vereadores Nenzão (PDT) e Mauro Bil (PT), que conseguiram cópias de diversos contratos firmados entre o Executivo Municipal e diversas empresas no ano passado encontraram vários indícios de fraude, principalmente nos documentos que se referem a Valmir Pereira da Silva, que seria sobrinho da esposa do secretário de Saúde, Zacarias Donadon. *Ao todo, as três empresas de Valmir firmaram 24 contratos com as duas prefeituras no ano passado, todos referentes a locação de veículos e máquinas, perfazendo um montante de recursos superior a R$ 750 mil. Há suspeitas que os preços estão acima dos praticados pelo mercado, e as empresas, ao que tudo indica, não possuem patrimônio e equipamentos condizentes com os serviços que em tese estariam prestando aos Municípios. *O sobrinho de Zacarias Donadon possuiu uma empresa individual em seu nome e é sócio da W.F. Transportes Ltda e TBN Transportes Ltda. Além da locação de veículos e máquinas, as firmas de Valmir prestariam serviços como manutenção de máquinas e equipamentos hospitalares. Em tese, as empresas de Valmir deveriam ter escritórios, funcionários e estrutura administrativa para realizar as funções para as quais são contratadas. *Por isso, é de se estranhar que a W.F. Transportes Ltda esteja instalada numa simples casa de madeira na Rua Amapá, no setor 19, na periferia da cidade. Neste local residem os pais de Valmir, e não há indícios de que lá funciona um escritório de um empresa que só em negócios com o município de Vilhena movimentou perto ¾ de milhão de reais no ano passado. *Na casa, a reportagem do Correio foi recebida por uma senhora que se identificou como “Maria”. Ela disse que é mãe de Valmir, e afirmou que não tem informações detalhadas acerca dos negócios do filho com a prefeitura, confirmando apenas que seu marido, chamado Fidelcino, é sócio da W.F. Ela desconhece o patrimônio das empresas, não sabe que tipo de serviços ou produtos são fornecidos para as prefeituras de Vilhena e Colorado do Oeste. *Vive em situação difícil, pois o marido sofre de câncer de próstata e está em tratamento em Barretos, Dona Maria mostrou revolta com autoridades do município, os quais ela não especificou, pelo fato de não ter conseguido uma passagem para acompanhar o tratamento do marido. Dona Maria também manifestou preocupação a respeito do filho, e em duas ocasiões perguntou aos repórteres o que pode acontecer com ele se as investigações promovidas pelos vereadores se transformarem em processos judiciais. *Patrimônio invejável *As empresas de Valmir Ferreira, de acordo com os contratos firmados com as duas prefeituras, possuem patrimônio invejável. Através delas, o “empresário” presta serviços de transporte escolar na área rural, transporte de servidores que trabalham no campo, caminhões tipo ¾ para apoio à Vigilância Sanitária, Semec e ao Programa de Saúde da Família. Além disso, há locação de motoniveladora e trator de esteira para prestar apoio a secretaria de Obras e Serviços Públicos. *Questionada acerca da existência de tal frota de veículos de propriedade do filho, dona Maria não negou nem confirmou, mas é evidente que ficou surpresa quando soube o valor total dos negócios entre Valmir e o Poder Público. Segundo dona Maria, o filho estava naquela ocasião (tarde da terça-feira, 02) em Colorado do Oeste, mas ela se comprometeu em pedir para ele entrar em contato com o Correio. Em nome de Valmir Pereira e de suas empresas foram identificados 19 veículos no Detran de Rondônia. *Entre os contratos firmados pela prefeitura de Vilhena e Valmir Pereira, vários chamam a atenção em função dos valores pagos com relação ao serviço prestado. Em um deles, por exemplo, o Município de Vilhena pagou R$ 51.360,00 pelo aluguel de uma caminhonete com capacidade para 400 kg para entrega de material permanente, merenda escolar e gás à Semec, pelo período de 12 meses. *O vereador Nenzão, que é empresário do ramo de comércio de veículos, garante que com esse valor a prefeitura faria um negócio muito melhor adquirindo um veículo. Já o vereador Mauro Bil destaca que neste contrato específico, a prefeitura ainda arcou com as despesas de motorista, combustível, manutenção, pneus e até o licenciamento da caminhonete pelo tempo em que vigorou o contrato. “Que tipo de negócio é esse”, questiona o petista. *A situação pode se complicar tanto para Valmir quanto para os ordenadores de despesa do Executivo, caso as denúncias dos vereadores sejam apuradas pelo Poder Judiciário e pelos organismos de controle do governo federal. Vários dos contratos firmados têm como fonte de recursos dinheiro oriundo de verbas federais, como o PSF e FUNDEB. *Comentando o assunto, os dois vereadores que estão realizando as investigações nos contratos não descartam a possibilidade de acionar os Ministérios Públicos Estadual e Federal, além da Controladoria Geral da União para investigar os contratos, e podem pedir a qualquer momento a instauração de CPI a fim de apurar minuciosamente todos os gastos do Executivo Municipal na aquisição de produtos, locação de máquinas e equipamentos e contratação de serviços. *Nos próximos dias eles devem entrar com novo requerimento na Casa de Leis pedindo o envio das cópias dos contratos com empresas prestadoras de serviços, mas já adiantam que devem buscar outros caminhos para a obtenção dos documentos. *Tal medida será tomada caso o Plenário não aprove os requerimentos que devem ser apresentados, como tem ocorrido normalmente. *Na manhã da terça-feira (02), um procedimento deste tipo apresentado por Nenzão, pedindo a relação de todo o patrimônio da secretaria de Obras e Serviços Públicos de Vilhena foi rejeitado por seis dos dez vereadores presentes, indicando que a apuração rigorosa dos gastos de recursos públicos em Vilhena não será tarefa fácil de ser realizada em nível local, talvez necessitando de intervenção de outros agentes públicos para a elucidação dos fatos.

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