FUGA, EXECUÇÃO E CONFRONTO: A escalada do CV em RO expõe falhas no sistema prisional

Por Felipe Corona

31 de Janeiro de 2025 às 11:11

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FUGA, EXECUÇÃO E CONFRONTO: A escalada do CV em RO expõe falhas no sistema prisional

Foto: Divulgação

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A fuga de Rodrigo Thierre, membro do Comando Vermelho (CV), do presídio Urso Panda, em Porto Velho, semanas antes de participar da execução de um policial militar, expôs as fragilidades do sistema penitenciário de Rondônia.

O episódio não apenas desencadeou uma onda de violência na capital, mas também evidenciou o avanço da facção na região. Thierre acabou morto em um confronto com a Polícia Militar no último domingo (26), mas sua fuga e os ataques subsequentes reforçam o alerta sobre a crescente influência da facção carioca e a incapacidade do Governo do Estado de conter sua atuação.

Thierre fugiu do presídio no dia 02 de dezembro, após serrar as grades de sua cela. Menos de um mês depois, ele participou da execução do cabo da Polícia Militar, Fábio Martins, em uma emboscada no Residencial Orgulho do Madeira.

A crise prisional, marcada pelas constantes fugas de faccionados, faz parte de uma estratégia articulada do Comando Vermelho (CV) para fortalecer sua atuação na região.

Em fevereiro de 2024, uma rebelião sangrenta em um presídio destinado para lideranças de facções no Acre resultou na transferência de dois líderes do CV para a penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Fugas de presídios

Meses depois, esses líderes do Comando Vermelho realizaram a primeira fuga da história de uma penitenciária federal de segurança máxima. Com repercussão internacional, a recaptura demonstrou o quanto a facção encontra-se organizada.

E, dois dias depois da fuga da penitenciária federal, 13 presos também ligados ao CV, fugiram da Casa de Detenção de Pimenta Bueno, com divergências entre a Secretaria de Justiça (Sejus) e o Ministério Público sobre a quantidade exata de fugitivos nas ruas.

Esse episódio evidenciou, mais uma vez, a desorganização entre os órgãos responsáveis e a incapacidade de manter controle sobre o sistema prisional.

Mais evidências

A conexão fica ainda mais evidente ao vermos Edsandra Costa da Silva, conhecida como "Vitória do CV", sendo presa no Acre. Acusada de participar da execução do cabo Fábio Martins, Edsandra simboliza o alcance estratégico do CV, que utiliza estados vizinhos como bases para reorganizar suas lideranças e planejar ataques.

Falhas que custam caro

O assassinato do cabo Fábio Martins não foi um caso isolado. A escalada da violência e os ataques, como assassinatos de cidadãos nas ruas, ônibus incendiados e confrontos entre facções e policiais, são reflexos diretos da presença de fugitivos nas ruas.

“Patinho feio”

Os policiais penais ouvidos pela reportagem comentam que o Governo do Estado trata o sistema prisional como o “patinho feio” da segurança pública e que estão há mais de 14 anos sem concurso público.

Outro ponto abordado é o incômodo dos policiais com a “portaria do silêncio”, regra da Sejus (Secretaria Estadual de Justiça) que proíbe aos servidores a divulgação de qualquer informação, ainda que urgente e importante.

“A sociedade deveria receber de imediato, pela imprensa, a foto de cada bandido que foge. É seu direito para se proteger, mas o governo busca abafar até mesmo o grau de periculosidade desses fugitivos”, contou um servidor que pediu para não ser identificado.

Segundo ele, a situação tende a se agravar ainda mais sem ações concretas pelos órgãos de controle e pelo Executivo estadual.

Para o presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Rondônia (Singeperon), Clebes Dias Ferreira, “o sistema penitenciário é peça chave na segurança pública. Sem melhorias estruturais e aumento de servidores, estamos todos correndo risco de vida, dentro dos presídios e, cada vez mais, nas ruas”, alertou ele.

Direito ao esquecimento

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