A fraca gestão da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (CAERD) deixa o estado no topo da lista do desperdício de água potável do país, numa época de escassez e de emergência climática. Enquanto que a média nacional de desperdício é de 37,78%, Rondônia joga fora 59,81% da água tratada. Essa conta recai sobre o consumidor que paga uma fatura mensal das mais caras do país.
O diagnóstico é do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS), serviço mantido pelo Ministério das Cidades com informações de infraestrutura de cada estado brasileiro, que mede o cenário de controle de perda de água e de qualidade dos serviços prestados pelas companhias estatais e privados que prestam serviços de fornecimento de água e saneamento para as populações.
Em Rondônia, apesar que muitos prefeitos demonstram interesse na municipalização dos serviços de abastecimento de água potável e esgotamento sanitário, o governo estadual mantém o monopólio do serviço mesmo sem eficiência e sem investimentos que qualificam o setor para o bom atendimento público.
Cenário nacional
O controle eficiente de perdas de água é um dos grandes desafios do Brasil na área de infraestrutura de saneamento. Atualmente, mais de 32 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, enquanto um volume equivalente a 7,6 mil piscinas olímpicas de água tratada é desperdiçado diariamente, de acordo com um estudo do Instituto Trata Brasil.
As perdas de água ocorrem no processo de abastecimento devido a vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. Isso ocorre quando as gestões das companhias, como a CAERD, não são administradas com eficiência e faltam investimentos para aperfeiçoar e melhorar a qualidade do serviço oferecido aos cidadãos.
O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), através da Portaria 490/2021, estabelece que o nível aceitável de perdas na distribuição deve ser de, no máximo, 25%. Porém, a média nacional é de 37,8%, indicando que uma parte significativa do recurso é perdida nos sistemas de distribuição antes de chegar às residências.
Quadro 1 - Perdas na distribuição por estado, 2022
Entre os estados brasileiros, sete desperdiçam mais da metade da água produzida: Amapá (AP), Acre (AC), Rondônia (RO), Roraima (RR), Sergipe (SE), Maranhão (MA) e Amazonas (AM). Desses, cinco estão na região Norte e dois no Nordeste, que são as regiões com maiores disparidades e desafios nos serviços de saneamento básico. Os dados apresentados são os mais recentes disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS), ano-base 2022.
Além de ser essencial para o abastecimento de água a mais habitantes, a redução das perdas, especialmente em um cenário de mudanças climáticas constantes, geraria um menor impacto sobre as fontes de abastecimento hídrico. Isso porque atualmente se capta mais água do que efetivamente chega à população. Além disso, com a redução de perdas os custos para mitigar os impactos negativos dessa atividade seria reduzido.
O ano de 2025 marca o início do mandato dos prefeitos eleitos nas eleições municipais, e cabe aos municípios identificar e planejar melhorias nos serviços de saneamento básico. A eficiência no controle de perdas de água deve ser uma prioridade para os gestores públicos, uma vez que é um pilar importante para alcançar a universalização do saneamento.