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José Hermeto, mais conhecido como Zé Gaúcho, falecido há um ano foi figura importante na luta pela emancipação política da Ponta do Abunã.
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Conheci o Zé nessas andanças para a Ponta do Abunã. Nasceu uma amizade, saboreamos em sua residência uma picanha e costela assada, um bom almoço feito por Dona Lourdes, sua esposa, e na companhia de seu filho Alexandre.
Fortaleceu a cada dia uma amizade em que nos víamos ou falávamos uma a duas vezes por semana, sempre fundada na sua luta em defesa do distrito de Extrema, onde segundo ele, fincou raízes em meados dos anos 80.
È impossível falar de emancipação de Extrema sem ligar a imagem de Zé Gaúcho, muito presente ainda nas lembranças dos que conviviam com ele, vestido com suas botas, a bombacha e o chapéu. Sempre a caráter, bem cuidado , de longe já se destacava.
Sempre falante e firme nas suas convicções, nas suas matérias jornalísticas verdadeiras, flechas direcionadas às vezes por alguns políticos e criticando ou exaltando alguns de seus posicionamentos, sempre na clareza, dentro de suas frases com parábolas inteligentes e de uma sabedoria que às vezes nos surpreendia.
Eu sempre falava “Zé, guarde esse material que um dia servirá para você escrever um livro sobre a história política da Ponta do Abunã”. Sua historia se confunde com a criação do distrito de Extrema, participando ativamente ainda na disputa territorial, Rondônia/Acre, muito acompanhada diretamente pelo Coronel Ferro e pelo Dr. Tadeu Fernandes, das comissões representativas, dos movimentos e discussões em defesa da população e da emancipação da Ponta do Abunã.
Sua abnegação em defesa para criar o município de Extrema do Abunã foi tanta que sua vida foi sucumbida em um trágico acidente automobilístico, sem conseguir ver a instalação do município de Extrema do Abunã.
A sua luta não foi em vão, conquistou o plebiscito quando as autoridades constituídas aprovaram uma lei de criação, sancionada e publicada que chegou até uma grande reunião com o governo e a comunidade para festejar o sonho daquela população.
Que vergonha, decepção e tristeza para centenas de famílias daquela região e até para a capital Porto Velho, pois toda a população votou e teve muita gente que pagou multa por não votar. O que houve? A lei não foi aplicada porquê? O município não foi instalado porquê?
A população está até hoje sem respostas, não temos o Zé Gaucho para cobrar e perturbar as autoridades, a lentidão está insuportável! A indiferença daqueles que tem o dever de prestar a justa e perfeita verdade para aquelas famílias compostas por pessoas trabalhadoras, mas abandonadas pelo poder público.
O Corpo Jurídico e o estado não informam o porquê de tanta demora enquanto o povo fica esperando até a próxima eleição que inicia tudo de novo com promessas e nada acontece. Quantas viagens o Zé fez, bateu às portas da OAB, da Assembléia Legislativa, da PGE do Palácio da Prefeitura, do Bispo e da imprensa, sempre apresentando sua defesa pela emancipação da Ponta do Abunã.
Zé Gaucho, onde você estiver hoje tenha a certeza que você escreveu a historia política da Ponta do Abunã, apesar das incertezas, o herói é sempre o que faz a história com o risco da sua própria vida! Talvez um dia pó município vai ter em seu currículo o seu legado para aqueles que não lhe conheceram.
Embora você não tenha comemorado o sonho, mas a sua lembrança continuará na memória dos que os conheceram e dos amigos. Mas com certeza fará parte da historia política da Ponta do Abunã.
Esteja com Deus e em paz! Do seu amigo.
João Bosco da Costa (Bosco da Federal)
*Policial Federal e ex-vereador pelo município de Porto Velho.