A questão que envolve a retirada dos ambulantes que trabalham no entorno do Porto Velho Shopping teve mais um capitulo nesta semana. Uma reunião realizada a portas fechadas na manhã desta ultima quarta-feira (26), entre o secretário adjunto da Semdestur (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Socioeconômico e Turismo) Ely Bezerra de Sales, e a Secretária da Semtran (Secretária Municipal de Trânsito), Fernanda Moreira Silva, decidiu sobre o futuro desses trabalhadores informais que proporcionam alternativas de alimentação para pessoas que trabalham, transitam e visitam a catedral do consumo em Porto Velho.
O ponto principal da reunião era o Código de Postura do município de Porto Velho, que proíbe comerciantes de utilizarem calçadas e vias públicas para fins privados. Esse fator foi vital para a resolução que decidiu pela retirada dos ambulantes de seus pontos.
Enquanto a reunião acontecia, do lado de fora do gabinete do secretário da Semdestur, estavam os ambulantes afetados pela decisão, ansiosos e principalmente esperançosos, demonstrando certa confiança, típica de quem acredita que aqueles escolhidos pelo voto se lembrarão que acima das leis e códigos, existiam pessoas que dependem do seu próprio suor para sobreviver. Porém a decisão não foi nada favorável a esses trabalhadores. Foi definido que o Código de Postura do Município precisa ser cumprido e infelizmente essas pessoas tinham que ser retiradas do local.
Até o carrinho de pipoca
Nem a ambulante que vende pipoca na calçada do Shopping pode permanecer. Uma mulher de idade avançada que se dispõe a trabalhar em pleno sol portovelhense para bancar o cursinho pré-vestibular de sua filha no intuito de ter um futuro melhor para a sua família. Mas nem isso impediu um fiscal da prefeitura de falar para a ambulante que ela poderia ficar por lá, porém toda vez que visse a fiscalização teria que sair correndo, caso contrário teria seu carrinho apreendido pelos cobradores de impostos de “César”.
Dois pesos e duas medidas
Porém um fato intrigante surge em meio a toda essa eficácia dos fiscais e dos secretários municipais em fazer valer o Código de Postura do município. Enquanto a lei é rígida,
eficiente e severa para os ambulantes que trabalham nas calçadas em volta do Porto Velho Shopping, bares pequenos burgueses entopem as calçadas publicas com mesas, cadeiras, músicos, e muita pessoas tomadas pelo consumo do álcool.
O principal local da capital de desrespeito ao cidadão tem o sugestivo nome de “Calçada da Fama”, localizado no início da avenida Pinheiro Machado, onde vários “barzinhos” fazem das calçadas uma extensão de seus estabelecimentos, Mas a efetividade do município em fazer valer o Código de Postura de Porto Velho, parece não ter efeito por esses lados, vendo que esse local funciona dessa forma há mais de 6 anos.
Fatos esses demonstram a disparidade de tratamento dado pelos gestores municipais às diferentes classes sociais portovelhense. Enquanto humildes comerciantes são ofendidos, retirados e esquecidos por representantes da prefeitura do município de Porto Velho, senhores donos do poder e do dinheiro continuam mandando em Porto Velho sobre aparente vista grossa dos representantes do município.
Porque dois pesos e duas medidas? Será que é mais cômodo e fácil fazer valer a lei como arma para tirar o sustento de pessoas humildes que já vivem em condição de sobrevida em uma capital com alarmantes índices de violência, pobreza e esquecimento, do que fazer valer a lei “para todos e para todas”?
Se é para começar a retirar comerciantes que utilizam calçadas não é mais inteligente começar por aqueles que transformam vias publicas em bares do que pessoas que trabalham durante o dia vendendo alimento?
Fica as indagações aos representantes do município e o espaço aberto no jornal RONDONIAOVIVO para nossos gestores responderem à comunidade o porquê dessas decisões e atitudes de “dois pesos e duas medidas”.