“A corda sempre arrebenta do lado mais fraco!” – Por Professor Nazareno*

E o problema não é o Governo Cassol, apenas. Não é e nunca foi. E também não é por causa das propagandas mentirosas sobre educação veiculadas por este governo. O problema são todos os governos do Brasil: direitistas, esquerdistas, de centro, comunistas, d

“A corda sempre arrebenta do lado mais fraco!” – Por Professor Nazareno*

Foto: Divulgação

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Dizer que a atual greve dos profissionais em educação do Estado de Rondônia é justa e que já deveria ter sido deflagrada há muito tempo é apenas dizer o óbvio. Não pelo fato de eu ser professor, mas por que somos uma categoria desvalorizada em todos os sentidos e quase sem perspectivas de vislumbrar melhorias financeiras em curto prazo. Pode até faltar ao nosso sindicato, o Sintero, sensibilidade política, como muitos afirmam por “apenas” fazer movimentos reivindicatórios em anos de eleições, mas o sindicato não é somente uma diretoria, é o todo. E tenha eleição ou não, o professor nunca teve um salário digno para que não se justifique uma greve, uma paralisação.
 
E o problema não é o Governo Cassol, apenas. Não é e nunca foi. E também não é por causa das propagandas mentirosas sobre educação veiculadas por este governo. O problema são todos os governos do Brasil: direitistas, esquerdistas, de centro, comunistas, ditadores, democratas, liberais, petistas ou de qualquer outra espécie. Na História recente ou antiga desta nação, qual foi o governo que de fato investiu na educação ou nos educadores? Nenhum. E não por falhas no planejamento, mas principalmente por que nunca houve cobranças por parte da sociedade. Os brasileiros, de um modo geral, parecem que nunca perceberam a importância desse vital setor para o progresso deles próprios e também do país como um todo.
 
A participação dos pais na educação dos filhos é algo comum em países como a Coréia do Sul ou o Japão e que dispensam quaisquer comentários. No Brasil são raros os pais que estão preocupados com o que seus filhos estão aprendendo (e se estão mesmo aprendendo) na escola. Em Rondônia, a realidade deve ser ainda pior. Por isso, os investimentos são cada vez mais escassos e os governos afirmam nunca haver disponibilidade de caixa para atender as reivindicações dos grevistas como disse recentemente a nossa Secretária de Educação. Uma sociedade que não tem como pagar um salário digno a seus educadores não pode sonhar com nenhum desenvolvimento.
 
Infelizmente altos salários para os nossos professores não significam melhorias na educação, pois a maioria dos médicos em Porto Velho, por exemplo, ganham verdadeiras fortunas em salários pagos por este mesmo Estado e a saúde sempre foi um caos. Quem impediu esta pandemia de dengue? A maioria dos nossos alunos das escolas públicas, principalmente, são analfabetos funcionais como denunciou em recente e excelente artigo o deputado Leudo Buriti (Educação brasileira: entre a necessidade e a qualidade – www.leudoburiti.blogspot.com).Por isso, essa greve só vai piorar a situação destes pobres coitados). Vão ficar mais desinformados ainda. Pagarão de novo pelos erros cometidos historicamente por uma sociedade alheia aos benefícios da educaçãoe muitos pais ainda se acomodam.
 
No Japão, é o Imperador que presta reverência a qualquer professor e não o contrário. Óbvio que ninguém daqui gostaria de ser reverenciado pelo Cassol ou mesmo por Lula. Queríamos apenas que eles, mesmo sendo semi-analfabetos, entendessem a importância do educador e da educação para o progresso e o desenvolvimento de qualquer país e que a melhoria da sociedade passa necessariamente pela sala de aula. Ainda que seja uma sala suja, quente, muito cheia, insegura, mal iluminada e sem nenhuma motivação. Deve ser por tudo isso que faltam tantos professores nas salas de aula de Rondônia e do resto do Brasil. E que não há concurso que consiga preencher as muitas vagas ociosas nessa profissão cada vez mais esquecida e, para muitos brasileiros, quase sem nenhum valor. Só que somos todos que pagaremos por mais este erro.
 
 
 
*É professor em Porto Velho.
Direito ao esquecimento

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