Pesquisa fajuta acentua má fama de instituto e compromete a credibilidade de jornalista - Por Paulo Queiroz
Foto: Divulgação
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Pesquisa fajuta acentua má fama de instituto e compromete a credibilidade de jornalista
O comentário, postado por Antonio Lourenço (alaour@hotmail.com) em 26.08.2009 às 8h08, não foi o único e nem muito menos a Internet foi o único meio por intermédio do qual choveram reclamações sobre o assunto nesse mesmo tom. A referência é a edição destes “Três Tempos” da quarta-feira (26), em que se comentou uma pesquisa encomendada pelo PMDB rondoniense ao Instituto Phoenix de Pesquisa com a finalidade de perscrutar a tendência do eleitorado em relação aos dois pré-candidatos da legenda ao governo em 2010 - a saber, o prefeito de Ariquemes Confúcio Moura e a ex-prefeita de Cacoal Sueli Aragão. A avaliação do quadro político do Estado a que se refere Lourenço ficou por conta das elucubrações da coluna a partir de índices vários de intenções de voto.
Mas leitor, se há uma entidade cuja imagem está mais deteriorada do que trapo de limpar assoalho de pocilga (se é que esse tipo de piso alguma vez é limpo), está aí o Instituto Phoenix de Pesquisa para demonstrar que não é apenas isso, mas que não há, nem aqui ou nos cornos da lua, algo que comparar se lhe possa. Ainda nas primeiras horas da manhã da quarta-feira, antes de chegar ao trabalho, já as primeiras recriminações se fizeram anunciar na forma de abordagens de rua. Pelo telefone, uma pá gente que integra instâncias últimas de partidos políticos da maloca aproveitou para tirar um sarro. E não faltaram histórias desvairadas, muitas das quais perpassam o absurdo e desembocariam na pura comicidade não constituíssem, no fundo, tragédias morais. Circo de horror é pouco para dar idéia do quadro que terminou surgindo.
Bem verdade que o colunista há muito estava perfeitamente informado sobre a fragilidade das pesquisas do Instituto Phoenix. Até aí morreu o Neves,
2 – ESTRAGO MENOR
Mas como o trabalho vinha com a chancela de um grande partido, ou seja, como o PMDB pagou pela sondagem, decidiu-se vender o peixe pelo preço da fatura. No entanto, mais não se fez do que ilações pertinentes aos números oferecidos como supostos resultados de um trabalho de campo. Pelo jeitão, quer dizer, pelo tom da totalidade absoluta do feedback de que se falou – cuja idéia está representada no comentário de Lourenço que abre a coluna – não passou nem perto disso.
O certo é que, na remotíssima hipótese de a pesquisa ter sido minimamente realizada – porquanto houve quem enxergasse algum sentidos nos seus números, a imagem do Phoenix está definitivamente comprometida. Ainda bem que, conforme postula o sociólogo Agenor Gasparetto, da Universidade Estadual de Santa Cruz, a divulgação de pesquisas eleitorais assume diferentes significados em função dos contextos em que esses são proclamados. De acordo com essa tese, o primeiro contexto é o de divulgação de pesquisas distantes do processo eleitoral. São informações que, quando muito, podem subsidiar e/ou monitorar um quadro no âmbito dos partidos, mas, nesse caso, não constitui problema da perspectiva da influência sobre o eleitor. Menos mau.
O segundo contexto é o da divulgação de pesquisas nos seis meses que antecedem as eleições, mas, sobretudo no período da campanha eleitoral propriamente dito. A divulgação de pesquisa nesse contexto também não é problema, a menos que haja monopólio na divulgação e essa não possas ser de alguma forma contestada. Em ambientes de competição de estratégias, de ações e de informações - como tendem a ser os ambientes de campanha eleitoral -, a divulgação não se constitui em problema, nem na perspectiva do eleitor e nem das regras do jogo democrático.
O terceiro contexto, o mais grave e delicado, é da divulgação de pesquisas nas 48 horas que antecedem a eleição e no dia das eleições. Aqui, a divulgação pode ser um desserviço à democracia e ao respeito a um mínimo de igualdade entre os participantes de uma disputa.
3 – DANOS MÍNIMOS
Em situações de monopólio de divulgação, as pesquisas são como fachos de luz a ofuscar o discernimento do eleitor, já que introduzem elementos importantes que não podem ser contestados pelos que se sentirem prejudicados. A rigor, quando a campanha já foi encerrada, são a continuação desta por outros meios.
O livre fluxo de resultados de pesquisa pós-encerramento da campanha, permitido pela lei, não parece ter sido uma boa alternativa. Mas essa é a regra do jogo, segundo a norma vigente. Isso não seria problema nos contextos em se criou um clima de desconfiança em relação ao Instituto e/ou veículo difusor, o que não parece bom nem para a atividade de pesquisa e nem para os meios de comunicação. Uma outra situação que não seria problema poderia ser aquela em que os veículos de comunicação divulgassem todas as pesquisas registradas e essas apontassem para quadros diferentes. Também nesse caso haveria a dúvida e essa reduziria e muito qualquer poder de indução das pesquisas eleitorais pós-campanha.
O quarto contexto é a divulgação de pesquisas de boca-de-urna. Esse último contexto é natimorto da perspectiva da influência na decisão do eleitor, antecipa os resultados em algumas horas e contribui para salvaguardar a credibilidade dos institutos. Apesar das pesquisas metodologicamente não mudarem ao longo de um processo eleitoral, sua significação para o eleitor e as funções que desempenham mudam em razão dos diferentes contextos em que são divulgadas.
E quando uma divulgação é interpretada com arrogância, ou “um sentar antes da hora na cadeira”, o efeito pode ser o oposto, constituindo-se essa pesquisa num estímulo à auto-afirmação e à indignação. Portanto, em situações como essa, a divulgação não apenas não influi positivamente como pode gerar efeito oposto ao pretendido. Enfim, comentar pesquisas há mais de um ano da eleição, como foi o nosso caso, longe está de acarretar prejuízos de qualquer ordem para alguém em particular que porventura possa ter sido vítima de uma avaliação fajuta, por mais Phoenix que um instituto de pesquisa possa ser.
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