PATRIMÔNIO IMATERIAL - Dona Labibe Bártolo completa 100 anos

Ela estava nas festas de inauguração da EFMM, emancipação e instalação do Município de Porto Velho

Quando o município de Porto Velho foi instalado em janeiro de 1915, uma garotinha de apenas seis anos de idade, fazia traquinagens no meio dos adultos, correndo de um lado para o outro. Aquela garotinha que na pia batismal recebeu o nome de Labibe Bartolo está completando no dia de hoje, 100 anos de vida. “Nasci em Manaus no dia 13 de maio de 1909 e vim para Porto Velho em 1912 com apenas três anos de idade”, lembra dona Labibe. Sentada em sua cadeira de balanço na varanda de sua residência, na esquina da rua Duque de Caxias com a Rogério Weber, dona Labide nos recebe para um bate papo e nos conta coisas da nossa Porto Velho antiga. “Lembro do prefeito Major Guapindaia, ele era uma pessoa forte, formidável. Quando ele chegou aqui foi morar numa casa pertencente à Madeira Mamoré e em virtude de uma desavença entre els e os administradores da Estrada de Ferro a casa lhe foi tomada. A sede da prefeitura era na esquina da Prudente de Moraes com a Sete de Setembro bem em frente onde funcionou o Café Santos”. Em suas recordações, dona Labibe diz que fez de tudo na área das artes. “Fui atriz, poetisa declamadora, cantora lírica e cantora de músicas populares”. A programação cultural no tempo que Labibe era jovem, acontecia no Clube Internacional. “Tenho um quadro onde apareço fantasiada, era o carnaval de 1936. A fantasia era comportadinha, tinha meia e tudo, o pessoal só sabia que era um bloco ou que era fantasia de bloco, por causo do nome que era pintado no chapéu: Bloco Noroeste” lembra sorrindo.

Os familiares e amigos de dona Labibe programaram uma alvorada para a madrugada de hoje. “Vamos fazer essa surpresa para a nossa maior estrela”.

Dona Labibe foi a primeira a se mudar para uma casa do Bairro Caiari (1945). “O primeiro morador dessa casa onde moro hoje, foi Araújo Lima que foi governador do Território Federal do Guaporé, quando construíram a ‘casa do governador’ que hoje é o Memorial Jorge Teixeira, nos mudamos para cá”, lembra dona Labibe.

Outro fato importante e curioso que dona Labibe nos contou, foi sobre a construção da Catedral do Sagrado Coração de Jesus. “A pedra fundamental da catedral foi inaugurada justamente no local onde está a igreja hoje, ali em frente à prefeitura. Acontece que logo depois, alguém alegando que ali ficava muito longe da população, resolveu construir a Catedral no terreno onde hoje está o palácio Presidente Vargas. Bom! Quando a construção já estava praticamente concluída deu um temporal e derrubou tudo. Aí o povo começou a dizer que era castigo de Deus porque tinham mudado o local escolhido. Foi então que se construiu a Catedral no local onde ela está até hoje”.

Apesar de ter contribuído com a formação cultural de parte da população de Porto Velho, e ter sido esposa de um dos funcionários graduados da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e ainda, ter criado sete filhos dos quais apenas três estão vivos, Walter Bártolo o primeiro administrador da Vila de Rondônia hoje município de Ji-Paraná onde foi também o primeiro prefeito; Joaquim Carola bancário do Basa, um dos fundadores do Lions Clube de Porto Velho que hoje reside em Guajará-Mirim e Rodolfo popularmente conhecido como Carolinha funcionário do DNER (hoje DENIT).

Dona Labide só lamenta nunca ter sido reconhecida por nossas autoridade com uma comenda, nem que fosse de cidadã porto-velhense. “A única comenda que me deram foi um título de Amiga de Porto Velho, proposição da então vereadora Helen Ruth”. Se você tem curiosidade em saber de como era a Porto Velho antiga, não custa nada dar uma paradinha na residência da dona Labide no bairro Caiari, ela sempre está disposta a contar alguma coisa sobre a cidade que praticamente viu nascer e se desenvolver.

Em nome da família SGC e em especial do Diário da Amazônia, desejamos a dona Labibe Bartolo os mais sinceros votos de saúde, felicidade e parabéns.