O fenômeno patológico mais comum nos traumatismos é a ruptura dos
ossos, comumente chamada fratura. Há dois tipos de fraturas: fechadas
e abertas. Fraturas fechadas são aquelas em que o osso quebrado não
aparece na superfície, isto é, quando não ocorre ruptura das partes
moles superficiais, apenas sentindo-se o desnível e o movimento
anormal dos ossos. Nas fraturas abertas (ou expostas) o osso fraturado
aparece na superfície corporal, devido aos rompimentos da carne e da
pele. Fraturas em crianças e adolescentes evoluem de maneira diferente
das fraturas em adultos. Dentre os diversos fatores que interferem
nesse comportamento alguns já foram bem estudados, como, por exemplo,
as características anatômicas do osso nessa faixa etária, seu
potencial de crescimento, a correção espontânea de algumas
deformidades, a resposta das partes moles às lesões e os princípios
básicos que norteiam o tratamento das mesmas.
Segundo a professora Ana Paula Fernandes Rubira, coordenadora da
Clínica de Fisioterapia da Faculdade São Lucas, características
culturais, sociais, profissionais, regionais e do local de
atendimento, dentre outros, definem a epidemiologia das fraturas
expostas (FE) e ainda merecem análise aprofundada para se ter
conhecimento completo das fraturas. Ela acrescenta que serviços de
referência têm maior possibilidade de atender casos mais complicados
do que os hospitais gerais e centros médicos periféricos. "É difícil
lidar com as inúmeras repetições de episódios de fraturas e com a
visão de seu filho sofrendo a dor de um osso fraturado. Você deve ter
em mente, contudo, que fraturas ocorrerão, não importa o quão
cuidadoso você seja", frisa.
Ana Paula Rubira alerta que a alimentação interfere na saúde óssea da
criança. Ela disse que, conforme pesquisadores da University of Otago,
na Nova Zelândia, crianças que evitam tomar leite são duas vezes mais
propensas a fraturarem seus ossos do que as que tomam leite. Eles
realizaram um estudo sobre densidade óssea e um grupo de crianças
entre 3 e 10 anos, que evitaram tomar leite por um período de 4 meses
ou mais, foi examinado. A pesquisa descobriu que quase 50% do grupo já
tinham sofrido uma ou mais fraturas. Apesar de 97% dos pais das
crianças reconhecerem que o leite era um importante alimento
nutricional para o crescimento das crianças, poucos procuravam
recomendações de profissionais de saúde sobre possíveis suplementos.
Para identificar uma fratura, alguns sinais devem ser observados, como
exemplo, chorar de repente, muito e alto, inchaço e ferimento na pele,
criança pode girar sua cabeça na direção do braço fraturado para
diminuir a tensão dos músculos do lado do ombro e também na tentativa
de alívio da dor. Ao toque pode sentir-se um crepitar característico,
por atrito, dos fragmentos ósseos. Se a fratura for exposta, há
naturalmente o surgimento do osso fraturado rompendo a pele,
dificuldade de movimentação, dentre outros. Ana Paula Rubira recomenda
que se existe suspeita de fratura, a primeira coisa é tentar confortar
a criança e tentar mantê-la calma, o que muitas vezes é difícil, em
seguida procure atendimento médico especializado.
Para que a criança possa ser transportada da maneira correta, caso a
suspeita de fratura exista, o braço ou a perna deve ser imobilizada
temporariamente. Para imobilizar o fêmur (osso da coxa) deve ser
colocada uma proteção de toalha entre as duas pernas e embrulhadas
ambas as pernas, juntas, com uma bandagem elástica. Para imobilizar o
úmero (osso de cima do braço), deve-se fazer uma tipóia temporária
prendendo com alfinetes de segurança à manga de uma camisa de manga
longa no corpo da camisa acima e abaixo do pulso e do cotovelo e
movimento o mínimo a criança. A pessoa que presta socorro nunca deve
tentar recolocar os ossos no lugar. O socorrista nunca deve tentar
recolocar os ossos fraturados no lugar.
Em casos de fratura exposta, a fisioterapauta Ana Paula Rubira orienta
que o socorrista deve fazer um curativo protetor sobre o ferimento,
com gazes ou pano limpo, a fim de evitar infecções. "Se houver
hemorragia abundante, é sinal de que houve, além de fratura, ruptura
de vasos", previne. Em situação de fratura exposta, Ana Paula orienta
que sejam realizados os seguintes procedimentos: Procurar conter a
hemorragia, imobilizar o membro fraturado e providenciar a remoção do
acidentado para o hospital. Segundo ela, a fratura do crânio sempre se
reveste de gravidade, necessitando de cuidados médicos imediatos.
Caracteriza-se por lesão no crânio; perda de sangue pelo nariz ou
pelos ouvidos; perda da consciência ou estado semiconsciente; náuseas
e vômitos imediatos, podendo também aparecer algum tempo depois.