Me tira daquiiiii, desembargadooooor ! - Por Rubens Coutinho

Da Redação

29 de Agosto de 2007 às 08:20

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Me tira daquiiiii, desembargadooooor ! - Por Rubens Coutinho

Foto: Divulgação

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*Todo o Brasil acompanhou a humilhação a que foram submetidos o presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia, Sebastião Teixeira Chaves; o juiz da 5ª Vara Cível da Comarca de Porto Velho, José Jorge Ribeiro da Luz; o presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, Carlão de Oliveira (PSL); o ex-procurador geral de Justiça de Rondônia, José Carlos Vitachi; e o conselheiro do Tribunal de Contas de Rondônia, Edílson Silva, entre outras pessoas acusadas pela Polícia Federal de participar de uma organização criminosa que teria desviado R$ 73 milhões dos cofres públicos. *As autoridades foram capturadas em casa na chamada Operação Dominó. Haviam acabado de acordar ou foram tiradas da cama por força de mandado de prisão emitido pelo Superior Tribunal de Justiça. *Empurradas pra lá e pra cá, atarantadas com a presença dos federais em todos os cômodos da casa, revirando tudo e apreendendo documentos, mal tiveram tempo de vestir alguma coisa. *(José Ronaldo Palitot, por exemplo, colocou um bermudão mais apropriado à prática de skate). *As autoridades foram algemadas em casa e conduzidas para a sede da Superintendência da PF. Em seguida, depois de acorrentadas a cintos de segurança utilizados em presos de altíssima periculosidade, foram arrastadas para aviões e recambiadas para Brasília. Algo muito próximo do que as tropas norte-americanas fizeram com membros do Talibã no Afeganistão, pelo menos com aqueles que tiveram o azar de escaparem vivos e agora amargam o terror na prisão de Guantánamo, em Cuba. *Bem, mas até ai morreu Neves, como diz a letra do Bem Jor na voz de Elis Regina. *Depois do coice, a queda, pois o que pouca gente sabe é que, em Brasília, os magistrados e o deputado também foram submetidos à cenas constrangedoras, como eles mesmo narraram a amigos após serem soltos por ordem do mesmo STJ que mandou engaiolá-los. *Em primeiro lugar, na carceragem da PF , foram obrigados a ficar nus, de cara pra parede. Em seguida, tiveram que se agachar e passaram por revista íntima com o objetivo de se verificar se não traziam algum objeto estranho oculto em algum orifício do corpo. *Devido a esse procedimento, surgiu um momento de tensão entre policiais federais e o juiz José Jorge, que, por estar com a perna machucada, disse que não tinha como se agachar. *Depois de ser chamado de ladrão por um policial, o juiz retrucou que era magistrado e exigiu respeito. O agente teria dito que ali José Jorge não era juiz, mas sim um ladrão, e ameaçou cobrir o magistrado de pancada se este não se ajoelhasse para a revista. O juiz aquiesceu e o problema foi contornado. *Depois, todos foram atirados numa espécie de porão, onde a luz era apagada às 20 horas. *À noite foi longa, ninguém dormiu, ainda mais que em outras celas os demais presos gritavam, em tom de achincalhe e gozação: “Me tira daqui, desembargadooor”. De outra cela vinha uma tosse seca. Era a ex-deputada federal Raquel Cândido, que passa mais uma temporada presa na carceragem da PF. Tosse e gritos se misturaram e a sinfonia varou pela madrugada. *Durante o tempo em que estiveram presos em Brasília, eles tinham direito a uma hora de banho de sol por semana no interior de uma gaiola de ferro. *No dia da audiência no STJ, mais humilhação. Os policiais ordenaram aos prisioneiros que não poderiam amarrar os sapatos nem segurar as calças com cintos. Nem tampouco usar gravata. Sebastião Teixeira Chaves tentou argumentar que não poderia comparecer na presença de uma ministra do STJ sem gravata, ao que o policial retrucou, cortando a conversa: “Já viu ladrão usar gravata, rapaz”. *E-mail do autor: rubinhopvh@gmail.

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