'PECADOS CAPITAIS': Organizador da Marcha para Jesus 2023 em Florianópolis é preso em operação

Entre as atrações estão cantatas, teatro e shows musicais

'PECADOS CAPITAIS': Organizador da Marcha para Jesus 2023 em Florianópolis é preso em operação

Foto: Divulgação

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O ex-secretário adjunto de Assistência Social de Florianópolis – e organizador da Marcha para Jesus 2023, na capital catarinense – Jeferson Melo foi preso, em 3 de dezembro passado. A prisão se deu pela operação da Polícia Civil de Santa Catarina, denominada Pecados Capitais, que investiga agentes públicos e dirigentes de organizações sociais envolvidos em desvio de dinheiro público na Prefeitura de Florianópolis.
 
Imagem: publicação do vereador Leonel Camasão (PSOL, Florianópolis) em seu perfil no X/Reprodução
 
Bereia checou as informações. Já no primeiro levantamento sobre o caso, foi constatado que alguns veículos de imprensa também noticiaram a prisão do pastor Marcos Ramos na mesma ação investigativa, por desvio de recursos da Prefeitura de Florianópolis para a prestação de serviços de assistência à população empobrecia e em situação de rua.
 
 
A operação policial
 
A operação Pecados Capitais, organizada pela 1ª Delegacia Especializada no Combate à Corrupção da Capital da Polícia Civil de Santa Catarina (PC-SC), investiga o desvio de recursos destinados aos projetos socioassistenciais da Prefeitura de Florianópolis, Passarela da Cidadania e Restaurante Popular.
 
A apuração da PC-SC identificou indícios de irregularidade no processo de escolha das  organizações Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas – Nurrevi Brasil, para gerir o projeto Passarela da Cidadania, e a Associação de Assistência Social e Educacional Amor Incondicional – Instituto Aminc, responsável pelo Restaurante Popular. Os contratos foram firmados entre 2020 e 2022.
 
As investigações também apontaram superfaturamento e lavagem de dinheiro por meio de repasses a empresas contratadas pelas organizações para serviços como transporte, lavanderia, manutenção e compra de equipamentos, conforme apurou o grupo catarinense de comunicação ND.
 
Além das prisões preventivas de Jeferson Melo e Marcos Ramos, a operação cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina e no Mato Grosso, sequestros de bens e valores que superam a quantia de R$ 3 milhões.
 
 
Jeferson Melo e atuação no esquema investigado
 
O influenciador e coach Jeferson Amaral da Silva Melo foi secretário adjunto de Assistência Social da Prefeitura de Florianópolis entre os anos de 2020 e 2023. De acordo com o portal NSC Total, a juíza responsável pelo caso considerou, em despacho, que Melo e os demais investigados desviavam recursos repassados pela Prefeitura de Florianópolis aos projetos que lideravam.
 
O esquema seria mantido por meio da emissão de notas fiscais fraudulentas e do superfaturamento de serviços para o funcionamento do Restaurante Popular e da Passarela da Cidadania.
 
Conforme consta no site da Prefeitura de Florianópolis,  os serviços oferecidos pela Passarela da Cidadania eram prestados pela Nurrevi. A parceria foi firmada por Termo de Colaboração, válido até dezembro de 2022, e a escolha da instituição foi definida por Edital de Chamamento Público da Secretaria Municipal de Assistência Social, em 2020.
 
O projeto Passarela da Cidadania atende à população em situação de rua com vagas de pernoite, realização de atividades complementares, disponibilização de alimentação, espaço para higiene de roupas e guarda de pertences. A unidade também oferece atendimentos com assistentes sociais e psicólogos.
 
Evangélico, cuja igreja de vinculação o Bereia não conseguiu identificar, Melo participou da organização do evento deste segmento cristão Marcha para Jesus, realizado em Florianópolis em 2023. Em publicação feita em 27 de junho daquele ano, Jeferson compartilhou momentos do “lançamento” do evento religioso. “Um dia para entrar na história de Florianópolis (…) que momento histórico”, disse.
 
Imagem: reprodução Instagram
 
 
Em maio de 2023, em publicação em seu perfil no Instagram, o ex-secretário comemorou, ao lado do vereador Claudinei Marques (Republicanos) e do prefeito (reeleito nas eleições deste ano) Topázio Neto (PSD), a implementação de uma medida que beneficiou templos religiosos em Florianópolis: a não incidência da taxa de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e da taxa de coleta de lixo em imóveis destinados a atividades religiosas.
 
Jefe Melo, como é conhecido nas redes digitais, é uma figura de representatividade significativa nas mídias e entre o público evangélico, com mais de 50 mil seguidores em seu perfil do Instagram. O ex-secretário é fundador do Club Café com Líderes, comunidade que reúne empresários e diz buscar o fortalecimento do ambiente de negócios. A iniciativa já realizou eventos até mesmo fora do Brasil, em Portugal.
 
Por meio do Café com Líderes, Jefe Melo atua como coach, oferece mentorias, descontos em redes de empresas parceiras e eventos como o Empreende Brazil – que acontece em Santa Catarina e São Paulo -, onde o ministro da Economia Paulo Guedes do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) e o também influenciador e coach evangélico Pablo Marçal já figuraram como palestrantes.
 
Em meio a publicações sobre prosperidade no mundo dos negócios, há postagens de cunho religioso. “Deus pode mudar a sua história”, comenta em uma publicação do último 15 de julho. Em outra postagem, feita no dia 20 de julho, Jefe exalta seu papel na política: “Fortalecer suas redes na política não é apenas sobre quem você conhece, mas como você colabora para um futuro melhor”. O vídeo na postagem mostrava cenas de um evento do Partido Liberal (PL) em Santa Catarina.
 
“Jefe Melo”, já fez publicações nas redes digitais em tom elogioso a personalidades da política conhecidas pela utilização de estratégias desinformativas, como Donald Trump e Pablo Marçal. Melo também aparece em postagens ao lado da deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PL-SC), conhecida por seu posicionamento antifeminista entre outras pautas da extrema-direita.
 
 
Pastor Marcos Ramos e indícios de enriquecimento
 
Marcos André Pena Ramos é pastor da Igreja Batista Creia, anteriormente chamada Igreja Batista Central do Kobrasol. Foi a partir da atuação da Batista Creia que surgiu o Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas (Nurrevi), agora envolvido na investigação da Polícia Civil de Santa Catarina. A Igreja também atua na gestão de projetos sociais desempenhados pelas organizações investigadas na operação Pecado Capital.
 
Imagem: reprodução Instagram 
 
 
Ramos é vice-presidente do Instituto Aminc, gestor do Restaurante Popular em Florianópolis, após se colocar como única entidade interessada na gestão do projeto. De acordo com apuração do NSC Total, a polícia considera que, juntas, a Nurrevi e o Aminc receberam cerca de R$ 40 milhões da Prefeitura da capital catarinense.
 
No Instagram, Marcos Ramos se apresenta como conferencista, palestrante e assessor do terceiro setor para assuntos de administração, governança e gestão. Com quase 10 mil seguidores, seu perfil é usado para divulgar conteúdos religiosos, motivacionais e ações desenvolvidas pelo Instituto Aminc, que possui convênios não apenas em Florianópolis, mas também em outras cidades catarinenses, como Joinville, onde o instituto gere dois restaurantes populares.
 
A polícia trabalha com a possibilidade de que o pastor Marcos Ramos tenha sido o principal beneficiado com o superfaturamento das duas organizações. No inquérito, o enriquecimento dele é apontado como “meteórico e sem justificativa”, e seus bens – entre os quais há imóveis e um veículo da marca alemã BMW – foram avaliados em cerca de R$ 5 milhões.
 
Bereia entrou em contato com o Instituto Aminc e com o Nurrevi, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
 
***
 
Bereia classifica o conteúdo checado como verdadeiro. Conforme documentado em portais de notícias locais, Jeferson Melo e Marcos Ramos, ambos ligados a organizações e eventos de cunho religioso, foram presos preventivamente pela Operação Pecado Capital, deflagrada pela Polícia Civil de Santa Catarina. Se confirmadas as evidências levantadas pela PC-SC, ficará constatada a participação de instituições religiosas em processos fraudulentos.
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