Policial argumenta que seria excelente oportunidade para a corporação dizer à sociedade que não compactua com a homofobia
Foto: Divulgação
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O governo de São Paulo de João Doria (PSDB) negou que um policial homossexual pedisse o seu companheiro em casamento usando o uniforme da Polícia Militar durante a Parada LGBT+, que será realizada neste domingo (20/6) na Avenida Paulista, em São Paulo. A negativa partiu da própria PM, comandada pelo governador, argumentando que o uso de fardamento é proibido em manifestações.
Na tarde desta quarta-feira (19/6), o soldado Leandro Prior entrou com o pedido na Corregedoria da PM. Ele argumentava que seria uma “excelente oportunidade” para a instituição acenar para a sociedade que não compactua com a homofobia, citando o episódio que sofrera em junho de 2018.
À época, Prior foi filmado por uma pessoa no metro de São Paulo enquanto beijava seu namorado. O ódio veio como reação instantânea, desde irmãos de farda até repulsa do então governador do estado, Márcio França, condenando que ‘a farda deveria ser respeitada’. O sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Renato Nobile o chamou de “desgraçado, canalha safado. Desonra para a minha corporação. Esse tinha que morrer na pedrada!”, publicou em seu perfil no Facebook – posteriormente, argumentou que a página havia sido hackeada.
O soldado usa como base para o pedido as “Revoltas de Stonewall“, série de manifestações da população LGBT+ ocorrida em 1969 nos Estados Unidos, contra a tortura da comunidade por parte da Polícia de Nova York. “Esses motins são mundialmente considerados como o evento mais importante que deu origem ao movimento moderno de luta pelos direitos LGBT”, argumenta o documento de Prior, citando que em 2019 completa-se 50 anos destes atos. Ainda cita que o chefe de polícia do Estado americano pediu perdão oficialmente no dia 6 de junho deste ano pela repressão ocorrida meio século atrás.
No entanto, a argumentação do soldado não foi acolhida por João Doria e sua Polícia Militar, que negou o pedido. Em resposta à solicitação de Prior, a corporação argumentou que o artigo 37 da Constituição Federal, “a Polícia Militar deve seguir o princípio da legalidade” e que “os agentes públicos apenas podem fazer o que a lei determina”. Assim, impediu que Prior peça seu companheiro em casamento usando a farda da PM paulista.
“Considerando que o uso do fardamento por Policial Militar em manifestações não esta previsto no regulamento de uniformes, não há fundamentação legal para que seja autorizada a sua utilização, motivo pelo qual foi indeferido o pedido”, sustenta nota da PM enviada à imprensa, ressaltando que haverá “dois grandes eventos” na área central de São Paulo no domingo: a Marcha para Jesus e a 23ª Parada LGBT+.
A nota ainda sustenta que esses “estimam atrair cerca de 5 milhões de pessoas, havendo necessidade de reforço no policiamento, bem como emprego de todo o efetivo disponível, e afim de se garantir a segurança de todos os participantes, está sendo empregado efetivo administrativo do CPA/M-1, com reforço do Comando da Capital e apoio do Comando de Policiamento de Choque”, diz a PM paulista, sem especificar se neste dia específico o soldado Leandro Prior está de serviço ou não.
A Ponte tentou contato com o soldado e seu advogado, mas não conseguiu até a publicação da reportagem um posicionamento oficial sobre a recusa de seu pedido.
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