Extinção - Índios isolados no Acre correm risco de desaparecer, alerta indigenista

Extinção - Índios isolados no Acre correm risco de desaparecer, alerta indigenista

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Foto: Divulgação

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As últimas comunidades indígenas brasileiras que nunca tiveram contato com o homem branco correm risco de desaparecer. Elas vivem no Acre, na divisa com o Peru, e suas terras estão sendo invadidas por tribos peruanas também isoladas, que fogem da ação de madeireiros em seu país.

Segundo o sertanista José Carlos Meirelles, que há 20 anos monitora as três tribos brasileiras que vivem sem contato, a invasão dos territórios pode causar conflitos entre os povos. “O pau pode estar comendo dentro do mato e a gente não vai nem ficar sabendo”, afirma.
Meirelles, que vive na região e sobrevoa essas tribos pelo menos uma vez por ano, conta que os índios peruanos começaram a aparecer no território brasileiro há cerca de dois anos. Ele diz que é muito difícil de ver as pessoas durante os vôos, mas pelo número de malocas avistadas calcula que a tribo estrangeira tenha cerca de 80 indivíduos. “Quando o avião chega perto deles, eles desaparecem. Alguém de avião já deve ter dado tiro, soltado bomba”, avalia.
Como nunca tiveram contato com brancos ou mesmo índios de outras etnias, os povos isolados do Peru encaram todos que encontram como inimigos. “Eles chegam aqui, vêem os brancos e pensam que são os madeireiros, iguais aos de lá. Aí eles atacam a gente, com toda razão”, relata o sertanista, que já foi alvo de flechas dos indígenas.

Além dos índios brasileiros isolados, outras tribos que vivem na região também correm perigo. Em entrevista ao Globo Amazônia, os líderes indígenas Moisés e Bekni Ashaninka, que também moram no Acre, relataram que temem conflitos com os isolados, já que eles os confundem com índios da mesma etnia que trabalham no desmatamento no Peru.

Segundo Meirelles, que trabalha para a Fundação Nacional do Índio (Funai), o governo brasileiro pouco pode fazer além de pressionar o Peru para fiscalizar a retirada ilegal de madeira em seu território. Ele diz que o lado brasileiro já está todo demarcado com terras indígenas, e não há ameaças deste lado. “Os índios estão vindo de lá para cá porque aqui está tranqüilo”, afirma.

Para o sertanista, a melhor forma de os brasileiros ajudarem a evitar o conflito entre as tribos é pararem de comprar mogno, desestimulando a atividade madeireira na região. Essa madeira é o principal produto retirado das florestas peruanas. No Brasil, o corte da espécie já é proibido.
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