VIAGEM AO PERU: De Porto Velho a Cusco, de carro, uma viagem incrível e cultural

Prepare sua câmera com pilhas e cartões de memória porque você vai ficar impressionado

VIAGEM AO PERU: De Porto Velho a Cusco, de carro, uma viagem incrível e cultural

Foto: Divulgação

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Eu já fiz esse roteiro 9 vezes, todas de carro e posso garantir que é uma viagem que vale muito à pena. Conhecer o Peru, um país incrível e coladinho ao Brasil é uma experiência inesquecível. Apesar de ter ido várias vezes, cada retorno é uma nova sensação, lugares diferentes e mesmo quando a gente revisita algum, é uma novo olhar, a gente consegue observar mais detalhes, que haviam passado batido outras vezes.
 
A primeira vez que estive em Cusco foi em 2011, ano que fiz essa viagem duas vezes, em abril e setembro. Fui em um Corolla 1.6. Retornei de Hilux (2x), Pajero Dakar (4x) e SW4 (1x).
 
Abaixo, o relato da primeira viagem, em 2011, quando fiquei maravilhado com a estrada e a cidade. Vou falar aqui neste texto sobre a primeira vez que fui, e a última, em março de 2019. Vamos a primeira:
 
Preparativos (vale para qualquer época)
 
No sábado que antecedeu a viagem troquei os quatro pneus, discos de freio e pastilhas. Carro alinhado e balanceado e uma observação importante, se você for fazer essa viagem, ou qualquer outra, essa revisão é obrigatória, pneus novos dão estabilidade e aderência necessárias para qualquer estrada. Corolla pronto, foi só verificar a documentação pessoal. É obrigatório que você tenha em mãos o passaporte ou sua cédula de identidade. CNH, carteiras funcionais ou qualquer outro tipo de documento é válido como identificação, mas com RG ou passaporte, sua entrada é tranqüila.
 
Já leve em um envelope:
 
*Cópias de sua CNH
 
*Cópias do documento do veículo (não precisa autenticação)
 
Na quinta-feira (01) saímos de Porto Velho às 5 horas da manhã. Seguimos viagem tranqüila até Assis Brasil, fronteira entre Brasil e Peru. No lado brasileiro é importante parar no posto de fiscalização da Polícia Federal. Vá até o setor de imigração da Polícia Federal e apresente sua documentação. Eles irão lhe dar um papel de entrada, se você apresentar passaporte, o mesmo será carimbado. Não é necessário parar na Receita Federal. No lado peruano, apresente xerox de documento do veículo, do papel de entrada da Polícia Federal e de seu documento de identidade, isso pode ser feito em frente à imigração peruana. Detalhe importante, o veículo deve estar em seu nome, eles não aceitam procurações.
 
Caso o carro esteja em nome de outra pessoa, ela deve estar no veículo, não necessariamente dirigindo. Eles vão fazer seu cadastro e do veículo na Aduana peruana e em seguida você se dirige á imigração, fica um ao lado do outro. Todo o processo leva no máximo 15 minutos.
 
Importante: No posto de fronteira você vai encontrar vários cambistas, faça o câmbio de Real para Solis (moeda peruana) ali mesmo. Em Cusco o real não é aceito, e nas casas de câmbio, a diferença é enorme.
Na estrada
 
A rodovia de integração, que liga Rondônia ao Pacífico é muito bonita. Toda ela é asfaltada e é uma viagem que vale à pena. No primeiro dia (01), cheguei em Puerto Maldonado por volta das 17h30min. São 1.096 quilômetros de Porto Velho à Maldonado. Uma gigantesca ponte está sendo finalizada (já está pronta), por isso ainda é necessário atravessar de balsa. Essa travessia vai custar 20 solis (cerca de R$ 12). (Essa balsa não existe mais. A ponte foi inaugurada ainda em 2011). Você deve dormir em Puerto Maldonado, não tente seguir viagem à noite, mais adiante você vai entender o por que.
 
Puerto Maldonado é uma cidade grande, com trânsito agitado e muita gente nas ruas. Aproveite para comprar uma jaqueta jeans ou outras roupas de frio, você vai precisar com toda a certeza e por lá os preços são bem em conta. Procure um mercadinho e compre também algumas frutas, água mineral, bolachas e sucos, na estrada você até vai encontrar isso, mas pagará mais caro e não terá a mesma variedade. Dormimos em Maldonado, no hotel Cabaña Quinta. Na cidade o preço dos hotéis vai variar bastante. A diária gira em torno de 50 a 100 dólares. Você pode até encontrar hotéis mais baratos, mas bastante precários.
 
Eu sempre fico neste hotel em Maldonado. Ele é ao lado da ponte e bem localizado
 
Saí de Puerto Maldonado às 6 horas de sexta-feira. Nos primeiros 180 quilômetros você já vai sentir que está subindo, mas é quase imperceptível. Várias pequenas comunidades ao longo da rodovia, todas sinalizadas, com quebra-molas e placas indicativas. Você começa a perceber também uma mudança na paisagem, pastos dão lugar a florestas. Quando você chegar na comunidade Santa Rosa, começa a subir de verdade.
 
A primeira serra é chamada Sierra Santa Rosa. Neste trecho você começa a ter uma idéia do que virá pela frente, mas nada, absolutamente nada te prepara para as alturas a serem atingidas. Devido ao fato de ser sempre subida, e a estrada com muitas curvas sinuosas, não tem como desenvolver velocidade. E nem precisa. O visual é fantástico e deslumbrante. Prepare sua câmera com pilhas e cartões de memória porque você vai ficar impressionado.
 
Mais impressionado ainda quando chegar ao cume do monte e vir uma placa informando que você está a 4.725 metros de altitude em relação ao nível do mar, na comunidade Abra Pirhuayani. Mas antes chegar às alturas, você vai se emocionar ao ver, durante a subida, os picos nevados.
 
Em Abra Pirhuayani (2011)
 
Durante toda a subida a temperatura vai caindo. Se seu carro tiver aquecedor, você vai usar. Do contrário, prepare-se para sentir frio. O ar também é rarefeito e a percepção disso é muito clara, a cabeça dói um pouco e você poderá sentir enjôos. Vale lembrar que essa altura é absurda e pessoas mais sensíveis podem precisar de um tubo de oxigênio, se for esse seu caso, providencie um. Outras medidas que ajudam a evitar o Mal de Altitude são hidratação abundante, pelo menos quatro litros de líquidos por dia. Como essa necessidade varia muito de pessoa para pessoa e de situação a situação, a melhor maneira de saber se estamos bem hidratados é olhar a cor da urina. Ela deve ser muito clara, quase como água e em boa quantidade.
 
Visual da estrada
 
Descendo, mas nem tanto
 
Depois que você chegar ao topo, começa a descer, mas nem tanto. Cusco fica a 3.300 metros acima do nível do mar. Durante toda sua estadia na cidade pode ser que ocorra uma leve dor de cabeça e sensação de enjôo, se você não adotar medidas como hidratação constante, aspirinas e uso de oxigênio. Em Cusco você encontra oxigênio para vender nos supermercados a 40 solis (R$ 25 em 2011/ R$ 65 hoje). Cheguei na cidade por volta das 17 horas de sexta-feira.
 
Cusco é imensa e primeira vista não impressiona. Você vai chegar pela Avenida de la Cultura, que está em obras (concluídas) e vai seguir nela até passar a terceira passarela de pedestres. Neste ponto pare e se informe sobre onde fica a Plaza de Armas, principal referência turística da cidade. Na região existem muitos hotéis com diárias a partir de U$ 40 a U$ 1.000. Isso mesmo, lá os preços são calculados em dólar americano, que é bem aceito, assim como a moeda local. O clima na cidade é sempre ameno, com temperaturas agora no verão em torno de 12 graus durante o dia e à noite pode chegar a 6. Para nós que vivemos em Rondônia é um choque tremendo.
 
A cidade
 
 
Vista da Plaza de Armas
 
Na Plaza de Armas você vai ficar deslumbrado. Igrejas construídas por espanhóis durante a colonização, mosteiro dos jesuítas, uma obra impressionante, jardins espetaculares e muitos turistas nas ruas. Gente do mundo inteiro.
 
Uma dica, as lojas que ficam ao redor da praça são mais caras, se você sair um pouco desse roteiro, vai encontrar as mesmas coisas muitas vezes por um terço do preço.
 
Procure restaurantes que sirvam frutos do mar ou massas. A culinária peruana não é muito agradável para quem tem estomago sensível. Eles usam muitos condimentos e pimenta. Na cidade também é possível encontrar lanchonetes que servem sanduiches, devido ao grande número de europeus e americanos. Se você quiser arriscar ‘novos sabores’ a dica é a parrilla completa, que vem carnes de porco, gado e frango.
 
 
A cidade é ótima para quem gosta de vinhos. Nos restaurantes é possível encontrar muitos vinhos argentinos e peruanos e uns poucos chilenos. Os preços variam, mas um dos mais caros fica em torno de 90 solis (R$ 56 em 2011 – R$ 138 hoje) e os mais baratos a 20 solis. Se seu hotel não tiver estacionamento, o que é comum, procure um, você vai pagar 15 solis/dia.
 
É melhor circular pela cidade a pé ou de taxi. Os peruanos não são muito tranqüilos no trânsito e é melhor que eles se resolvam. Cusco, como qualquer cidade da América latina, costuma cobrar mais caro de seus turistas. Na cidade cartões de crédito são bem aceitos. O preço médio para visitar as igrejas e outros monumentos é de 10 solis por pessoa, mas vale muito à pena. Dentro dos lugares é proibido tirar fotos de peças de arte, como quadros e altares, feitos de cedro e recobertos com ouro.
 
Macchu Picchu
 
Por toda a Cusco existem referências a Macchu Picchu, cidade inca redescoberta em 24 de julho de 1911, que foi resultado de uma expedição da Universidade de Yale, sob responsabilidade do professor norte-americano Hiram Bingham. Pela obra humana e pela localização geográfica, Machu Picchu é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO. Mas para visitar esse monumento você precisa comprar sua passagem com um dia de antecedência. Em Cusco existem centenas de agências que levam os turistas com preços que variam de U$ 100 a U$ 300. E para lá se vai de van ou trem e a visita leva um dia inteiro, portanto, se você quiser fazer essa visita, programe-se. Além de Picchu, existem dezenas de outros sítios arqueológicos nos arredores, basta entrar em qualquer agência e preparar seu pacote.
 
Inconvenientes e dicas
 
A balsa do Abunã atrasa a viagem em cerca de 40 minutos. As estradas no Acre estão mal conservadas e sem sinalização ou placas informativas. Você fica perdido e quando encontra alguém e pede informação, a pessoa não sabe. No lado brasileiro da imigração, não existe nenhuma informação. Quando cheguei, passei direto porque um guarda da Força Nacional indicou. Ao chegar na imigração peruana que fui informado da necessidade de um registro de saída no lado brasileiro e tive que voltar para fazer o procedimento. No lado peruano da rodovia, em todas as vilas existem quebra-molas, no mínimo dois, o que também impede que se corra muito na estrada. Durante a subida, em alguns pontos, a água brota no paredão e atravessa a pista, portando cuidado com aquaplanagem. Ali, se cair, não escapa nem a alma. Alguns trechos da estrada existem placas informando sobre a possibilidade de deslizes de terra, portanto, toda cautela. Durante a subida a descida, toque a buzina nas curvas. Acredite, você vai precisar disso. Não esqueça de comprar roupas de frio ou levar de casa.
 
Quando for comprar qualquer coisa em Cusco pechinche. Um objeto que eles pedem 100 solis pode sair por 50. Respeite as motos, no Peru esse é o principal veículo utilizado.
 
Tem que pechinchar em Cusco. A economia será significativa
 
Arme-se de paciência, a estrada é longa, cansativa e não dá para correr nas subidas. No mais, a viagem vale a pena e a distância a ser percorrida é praticamente a mesma entre Porto Velho e Cuiabá. A diferença é que você vai estar conhecendo uma cultura diferente e a um custo muito baixo. Minha viagem inteira saiu por R$ 1.700,00, hospedando-se confortavelmente, comendo bem e comprando um monte de souverniers peruanos. Não esqueça de revisar freios e pneus, não dá para arriscar com pneus carecas. Se seu carro tiver motorização 1.0, ele pode até subir, mas vai demorar mais. No Peru a maioria dos carros é 1.0. Quem for de camionete deve evitar circular em Cuzco com o carro. As ruas são estreitas. Deixe-o em uma garagem e circule de taxi. Não tente gambiarras, do tipo tentar passar usando um documento qualquer. Os únicos aceitos são RG ou Passaporte. No mais, boa viagem, vale muito à pena.
 
VEJA VÍDEO ABAIXO (desculpem a trilha, mas era o que tinha na hora..:)
 

 

Em 2019

 
Em março de 2019 refiz o caminho de ida e encontrei uma Cusco bem diferente. Eles comemoravam o carnaval e outras festas, com eventos por toda a cidade. Um festival de cores lindo que encantou a todos que visitavam a cidade no período.
 
Só que desta vez, fiquei em um Hotel Boutique, o Garden Of San Blas, de um espanhol que reside há uma década em Cusco, o Jesus.
 
A diária do Garden é de U$ 100, mas vale cada centavo. É realmente um atendimento personalizado. Jesus tem dicas excepcionais para os hóspedes, traça roteiros, prepara um café da manhã espetacular, e caso você um entusiasta da cozinha, como eu, ele permite que você se aventure nas panelas.
 
 
Ceviche com manga
 
Passeando pela cidade você vai encontrar muitos artistas de rua. Peruanos tocando suas flautas, mulheres com lhamas, enfim, toda a diversidade oferecida pela cidade.
 

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