*O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, disse em entrevista à BBC Brasil acreditar que só algum fato “muito sério e espetacular” mudará o resultado do segundo turno da eleição presidencial no Brasil, no dia 29.
*Para ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria reeleito hoje com pelo menos 12% de votos a mais que seu rival nesta disputa, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
*Uma nova pesquisa do Ibope será divulgada nesta sexta-feira e a expectativa, segundo Montenegro, é de que seja confirmada a liderança de Lula na corrida pelo Planalto.
*Em entrevista por telefone, de seu escritório no Rio de Janeiro, Montenegro afirmou que 92% dos eleitores já definiram em quem vão votar e, dificilmente, mudarão de opinião daqui a dez dias.
*“A essa altura, os dois candidatos já estão com os devidos votos consolidados”, disse. “A eleição no Brasil começou há muito tempo com a grande crise que afetou o país há 15 meses”, afirmou, referindo-se às denúncias de corrupção.
*Na opinião de Montenegro, que acompanha o comportamento do eleitorado desde a volta da democracia, a imprensa já informou uma série de episódios, denúncias e crises ao longo de cerca de um ano e meio.
*“Todo mundo já fez seu juízo”, disse ele.
Para Montenegro, os indecisos (que hoje representam cerca de 3% e 4% dos entrevistados) também não mudariam as chances de vitória de Lula, mesmo que todos decidam votar em Alckmin.
*Por isso, Montenegro não acredita que uma estratégia ou “tática” de campanha servirá para mudar, nesta reta final, o voto do eleitor brasileiro.
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Fatos inéditos
*Esta eleição, observou, está marcada por quatro fatos inéditos desde a disputa eleitoral de 1989, entre Fernando Collor de Mello e Lula: a presença de um presidente que disputa o segundo turno, a mudança radical do perfil do eleitorado de Lula, um pleito que dividiu o país em Norte e Sul e uma decisão entre quem quer a continuidade ou o fim da gestão atual.
*“Essa é a primeira eleição plebiscitária da nossa democracia. Lula sim, Lula não”, disse.
*Para Montenegro, a ausência em debates na televisão tira votos dos candidatos, enquanto sua presença serve para consolidar a votação.
*“Normalmente, quando os candidatos vão ao debate, não acontece muita mudança. A tendência é o eleitor continuar com seu candidato ou achar que ele foi melhor do que o outro (na discussão). Quando a pessoa não vai é que produz um fato novo”.
*Segundo Montenegro, o presidente tem hoje um índice de rejeição de cerca de um terço dos votantes. Mas dos cerca de 40 milhões de votos que o ex-governador de São Paulo recebeu no primeiro turno, apenas entre 13 milhões e 15 milhões foram realmente para ele – daqueles que o conhecem no Estado paulista.
*“E o restante, é mais anti-Lula do que Alckmin”, disse o diretor do Ibope.
*Sobre as eleições estaduais, Montenegro acredita que não há influência do pleito presidencial.
*“As eleições estão totalmente desvinculadas”, disse.