Os donos de cachorros Pit Bull de Manaus começaram a entregar seus animais para o sacrifício, ontem, quando pelo menos três animais foram deixados na Divisão do Centro de Controle de Zoonoses Dr. Carlos Durand. O motivo é o medo provocado pela morte da aposentada, Francisca Tavares da Silva, 77, nas garras de um animal da mesma raça, ocorrida na última quarta-feira (22), na Cidade Nova, zona norte.
*Segundo o responsável pelo setor de estatística da divisão, José Horácio Pereira, a atitude dos donos de Pit Bull é histórica em Manaus. "Trabalho há quinze anos no Centro de Controle de Zoonoses, e nunca vi acontecer isso. Geralmente, os donos só entregam esse animal, quando ele possui algum tipo de doença e não tem chances de recuperação", observou.
*Horácio ressaltou que, em média, dois Pit Bulls são entregues a cada ano para sacrifício e que, ainda assim, os criadores costumam hesitar na última hora. "Muitas vezes os donos sofrem na hora da entrega, porque o cachorro está doente e, para não sofrer mais, é encaminhado para execução", comentou.
*Durante todo o dia de ontem, alguns criadores de Pit Bulls deixaram o sentimento de lado e entregaram seus cachorros. O amor à família falou mais alto. É o caso do vigilante Moisés Pereira, 32, que embora tenha criado seu cão desde os dois meses de idade (hoje ele tem dois anos), foi obrigado pela mulher a se desfazer do animal, que já tinha histórico violento.
*"Rex, meu cachorro matou a dentadas uma cadela vira-lata criada por um de nossos vizinhos, em dezembro do ano passado. Por isso, minha mulher e sogra pediram para eu sacrificar o animal. Elas receavam pela vida das minhas duas filhas, uma de quatro e outra de sete anos, que costumavam brincar com ele", explicou.
*Harmonia
*O estudante Eduardo Castelo Branco, 25, diz que não tem medo da raça. Para Eduardo, que cuida de um Pit Bull de nome Bob há três anos, o medo só deve existir se a família negligenciar a criação do animal.
*"Eu e minha família nunca tivemos problemas com o Bob. Ele nunca atacou ninguém de casa e até mesmo quem vem nos visitar. Pelo contrário, sempre nos tratou com muito carinho. Aliás minhas irmãs, uma de oito e outra de cinco anos, vivem brincando com o cachorro", destacou.
*Para toda essa harmonia com o animal, o estudante dá a receita: "De forma alguma o criador deve deixar seu cachorro trancado em ambientes fechados, seja ele de qualquer raça. Deve dedicar atenção ao bicho, dar muito amor; brincar com o animal sem receio e não esquecer de levá-lo para passear", recomenda.
*Mordeduras
*Em 2005, foram registrados em torno de 2.635 mordeduras de animais na capital. De acordo com o diretor do Centro de Controle de Zoonoses, Adailton Bezerra, a estatística do departamento não informa se os cachorros envolvidos eram da raça Pit Bull. "Na realidade, são animais de todas as espécies, como morcegos e cachorros vira-lata, entre outros", salientou.
*O proprietário de Pit Bull ou cachorro de qualquer outra raça que estiver interessado em se desfazer de seu animal, por questões de segurança ou em casos de doença, pode fazê-lo na Divisão do Centro de Controle de Zoonoses Dr. Carlos Durand. O departamento está localizado no bairro da Compensa, zona oeste. Para maiores informações, ligar para o número 3625-2655.