Comparação feita pelo presidente do Senge mostra as vantagens em custo-benefício nos modais e a redução de acidentes com mortes
Foto: Divulgação
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O aumento de acidentes com mortes fatais na BR-364 nesse início de 2025, despertou a discussão no estado sobre os modais de transportes que podem resolver a logística e dar mais segurança à vida. Atualmente o transporte rodoviário é o sistema utilizado para toda forma de transporte e locomoção dentro de Rondônia e na integração com as demais regiões do país. Neste mês de ações do Movimento Maio Amarelo, que visa conscientizar para o trânsito mais seguro, as ocorrências de acidentes fatais continuam elevadas.
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A hidrovia do rio Madeira é uma das alternativas já em uso para o transporte de cargas integrando o Oeste brasileiro com a saída pelo Atlântico. Essa solução sobrecarregou a BR-364 com altíssimo fluxo de carretas. Por ser uma rodovia projetada para pouco fluxo, a consequência tem sido atrasos nos trajetos intermunicipais e crescimento dos acidentes, principalmente com mortes.
A maioria dos acidentes envolvem carretas que transportam grãos para exportação via hidrovia do rio Madeira, em Porto Velho (RO). Sem balanças e sem controle de peso, caminhões circulam com excesso de peso, o que piora a situação da estrada. Outro problema observado é a circulação de caminhões cargueiros em horários não permitidos, além de longas jornadas sem descanso para motoristas.
Duplicação como alternativa
Uma das alternativas é a duplicação da rodovia, o que daria mais fluidez ao trânsito, porém, com a crescente demanda de produção de grãos, o número de carretas no percurso entre Mato Grosso e Rondônia deve continuar crescendo. A privatização também é vista como alternativa para melhor a manutenção e controle, buscando reduzir acidente e melhorar a rodagem. No entanto, qualquer mudança com o modal rodoviário é vista como solução alternativa e não definitiva.
Ferrovia para o fluxo pesado
Outra alternativa que já foi bandeira de luta de parlamentares da bancada federal em legislaturas passadas é a extensão da ferrovia do projeto Leste-Oeste que chegou no Mato Grosso e ainda não avançou até Rondônia. O esfriamento das discussões e a falta de prioridade regional ao projeto, fez com que a ação emperrasse.
Recentemente, as discussões sobre a ferrovia voltaram a partir do interesse do governo chinês de encurtar o tempo de logística entre a Ásia e as Américas. A proposta é avançar com a construção de uma ferrovia internacional, ligando os portos brasileiros do Atlântico com os portos do Pacifico, no Peru. Esse projeto beneficiaria Rondônia com a implantação do modal ferroviário para encurtar as exportações.
Essa proposta está adiantada, conforme explicou a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Segundo ela, uma das rotas planejadas terá início no porto de Chancay, no Peru — que recebeu cerca de US$ 3,5 bilhões (R$ 19,7 bilhões) em investimentos da gigante chinesa Cosco — e deve atravessar o território brasileiro.
A ferrovia também passaria pela região do Acre e Rondônia, descendo pelo Tocantins até chegar à costa da Bahia. O objetivo é criar um corredor logístico eficiente que conecte a produção agrícola e mineral do interior do Brasil diretamente aos mercados asiáticos, reduzindo custos e tempo de transporte.
"Já estamos tratando disso com a China desde o primeiro mês do governo Lula. Na primeira reunião com o presidente Xi Jinping, percebi que eles estão muito interessados na questão das ferrovias. Eles querem rasgar o Brasil com ferrovias", afirmou.
Além da ferrovia Brasil-Peru, o projeto inclui a construção de um corredor bioceânico que ligará o Brasil a outros países sul-americanos, ampliando ainda mais as possibilidades de integração comercial com a Ásia.
Esse projeto dos asiáticos teria um curto estimado em R$ 50 bilhões com recursos estrangeiros e a promessa é de construção rápida com tecnologia de ponta.
Custo-benefício
Para entender sobre essa demanda e oferecer parâmetros de análises, o Rondoniaovivo ouviu o engenheiro Ildefonso Madruga, presidente do Sindicato dos Engenheiro de Rondônia (Senge-RO). Segundo ele, o custo médio para construir 1 km de ferrovia pode variar, mas geralmente está estimado em torno de R$ 6 milhões. Já o custo de uma rodovia é de 4 milhões, ambos os valores são médios a considerar. Os valores podem ser afetados por diversos fatores, como a topografia do terreno, se a área é urbana ou rural, e outros fatores.
Topografia regional
Ildefonso Madruga também avalia a geografia regional e disse que “terrenos com relevos mais acidentados ou com necessidade de pontes e túneis tendem a elevar os custos, no caso entre Cuiabá e Manaus passando por Porto Velho e Humaitá somente pontes são necessárias ao longo de todo o trecho, outra coisa a considerar e que também é bom, não passa por grandes metrópoles o que facilita em muito as indenizações das desapropriações, além de praticamente todo o trecho ser plano”.
Custo de manutenção Rodovia/Ferrovia
Além de tirar o trânsito de carretas da rodovia, outra vantagem do modal ferroviário sobre o rodoviário vem com a manutenção. De acordo com o engenheiro, em geral, os custos de manutenção das rodovias são seis vezes mais altos comparando com os de uma ferrovia.
“Os custos das ferrovias são mais baixos do que os custos de manutenção de rodovias, apesar dos custos iniciais de construção serem maiores para as ferrovias. Os custos de manutenção das rodovias são mais elevados devido ao desgaste constante causado pelo tráfego, a necessidade de reparos em pavimentos e a manutenção de sinalização e iluminação”, comparou Madruga.
Ação climática
No caso da região amazônica um fator muito importante a ser considerado é que nos meses de dezembro e janeiro, como por exemplo, chove em média 600 milímetros em cada mês, ou seja, isso é praticamente a média anual de outras regiões do Brasil. Como a água é inimiga do asfalto, e por aqui chove muito, isso torna a manutenção das rodovias na região amazônica várias vezes mais cara do que em outras regiões do Brasil. Assim, o engenheiro considera que, comparando a manutenção entre rodovia e ferrovia na região amazônica a diferença pode ser maior, mas mesmo assim, favorece a construção e manutenção de ferrovia.
Para Ildefonso Madruga, a questão mais importante de todas é em relação aos acidentes. “Enquanto nas rodovias do Brasil ocorrem mais de 30 mil acidentes fatais por ano (uma morte a cada 15 minutos), mais de 252 mil pessoas com sequelas permanentes para o resto da vida, nas ferrovias esse número é praticamente zero”, considerou.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!