Na última terça-feira (23), a Capitania dos Portos da Marinha do Brasil e a Polícia Militar realizaram uma operação contra um grupo de garimpeiros no Rio Madeira, próximo a Porto Velho.
Vídeos enviados ao Rondoniaovivo mostram policiais ameaçando prender, tocar fogo e afundar as balsas das pessoas que sobrevivem da extração de ouro na região.
A operação aconteceu na região na vila de Cujubim, em uma localidade conhecida como São Miguel. Apesar da atividade ser clandestina, a agressividade dos PMs e membros da Capitania durante a abordagem, acabaram se sobressaindo em relação aos objetivos da ação conjunta, já que mostraram o despreparo dos agentes públicos durante a ação.
Um dos vídeos enviados ao Rondoniaovivo, onde a câmera do celular filma o chão e o pé de uma pessoa, uma voz ao fundo ordena: “Retirem as balsas do local! Se ela tiver aqui ainda, vamos colocá-la pro fundo”.
Outro vídeo tem outra voz distante reforçando as ameaças: “Esse material aqui de vocês, vamos colocar fogo. Eu sou o chato aqui, mas venho aqui e faço. Eu não prometo! Pode me dar a ordem aí que eu coloco fogo em tudo. E eu não venho só com quatro policiais não. Vou levar menino, mulher, homem. O car*lho a quatro”.
Detalhes
Segundo os garimpeiros que procuraram o Rondoniaovivo, as principais agressões verbais foram cometidas por policiais militares da Força Tática, comandadas por um sargento conhecido como Marcelão.
Em janeiro desse ano, o governador Marcos Rocha publicou um decreto liberando a atividade garimpeira na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Madeira, mas a Justiça determinou a anulação desses decretos.
Enquanto o Executivo e o Judiciário travam uma briga nos tribunais, centenas de famílias de garimpeiros trabalham de maneira clandestina para sobreviverem.
Providências
Um grupo de garimpeiros visitou o capitão Wesley, do 1º Batalhão da PM, onde foram relatadas as agressões verbais que foram cometidas por um sargento da PM e uma mulher que o acompanhava.
No último dia 17 de novembro, um advogado que representa os garimpeiros da região, pediu a realização de uma audiência pública no próximo dia 30 (terça-feira), ao deputado Neidson Barros (PMN), para tratar assuntos sobre a emissão de licenças ambientais para regulamentação da atividade, além dos casos de violência envolvendo a Polícia Militar.
Respostas
Em nota à redação do Rondoniaovivo, a Polícia Militar informou que vem realizando o patrulhamento nas áreas de garimpo, em especial, na região onde se concentrou recentemente um grupo maior de garimpeiros utilizando-se de balsas e outros tipos de embarcações.
Segundo o major PM Adenilson Silva Chagas, comandante do 1° Batalhão, as abordagens são feitas dentro do que preveem as diretrizes da PM. O policial militar informa e pede ao suspeito que se posicione para abordagem. Nos casos em que não são obedecidas as ordens, novas técnicas são utilizadas.
De acordo com o comandante do batalhão, na região onde estão concentradas várias balsas em busca de ouro, diversas operações ocorreram. Foram registradas prisões de foragidos da Justiça e drogas apreendidas.
Também aconteceram prisões por favorecimento à prostituição de pessoas vulneráveis, inclusive menores de idade. “Estamos cumprindo com o nosso dever de policiar áreas suspeitas de crimes, não só na cidade, mas nas áreas urbanas, rurais e fluviais”, disse o major Adenilson.
Ainda segundo o oficial, a Marinha do Brasil solicitou ao 1º Batalhão o apoio à fiscalização e desobstrução do canal navegável do Rio Madeira, já que as dragas estariam dificultando o deslocamento de outras embarcações no local.
Adenilson declarou que o trabalho conjunto com a Marinha do Brasil nessa área de garimpo tem alcançando os objetivos, como a retirada de circulação de criminosos procurados pela Justiça, combate ao tráfico de drogas entre outros delitos.
Ele lembrou que a Marinha do Brasil em uma das fiscalizações, antes do apoio da PM, chegou a ser recebida a tiros no local.
“Sabemos que nestes casos, pessoas ficam descontentes com a ação da Polícia Militar, mas os resultados são positivos com apreensões de vários objetos, inclusive drogas e prisões de foragidos”, finalizou.