ASSUSTADOR: Cemitérios são pontos de mistérios e histórias em Porto Velho

Choro de criança, vultos brancos, gritos e barulhos de paredes estralando são fenômenos que espantam os vizinhos ao local

ASSUSTADOR: Cemitérios são pontos de mistérios e histórias em Porto Velho

Área interior do Cemitério dos Inocentes em Porto Velho / Foto: William Ferreira/Rondoniaovivo

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O Dia dos Finados é celebrado todos os anos, e as pessoas se deslocam para os cemitérios com o objetivo de visitar e prestar homenagens a aqueles que não se encontram mais nessa vida. Para uma boa parte desses visitantes, esses locais são lembrados apenas nessa data e depois, só no próximo ano.

 

Mas existem uma parte da população, em que os cemitérios fazem parte do dia a dia delas. Essas são aquelas pessoas que moram vizinhas a esses locais. Para algumas delas, o fato de morarem tão próximas a esses espaços dedicados aos mortos se tornou motivo para experiências que, acreditam, tem a ver com aqueles que já não estão nesse mundo, ou seja, os mortos. 

 

Cemitério Santo Antônio em Porto Velho | Foto: William Ferreira/Rondoniaovivo

 

A reportagem esteve visitando e conversando com moradores, vizinhos aos Cemitério dos Inocentes e ao de Santo Antônio, ambos em Porto Velho, e colheu relatos que contribuem para o ar de mistério que cercam esses locais. Conheça algumas dessas experiências.

 

MALDIÇÃO DA MÃE

 

Senhor Eli(camisa escura) conta que no Cemitério dos Inocentes está enterrado um filho que batia na mãe e que o túmulo do rapaz já deixou muita gente com medo

 

A vizinhança tinha conhecimento do filho cruel que maltratava a mãe e que escutava dela a promessa de muitas pragas após a morte. Entre elas a de viver rastejando. Eli Garcia de Araújo, 73 anos, nascido e criado no bairro Mocambo, diz que o filho da mulher, um militar do Exército, teria sido visto arrastando a mãe pelos cabelos.  Como não havia policiamento e cada um vivia a seu modo, o filho cruel nunca foi importunado ou impedido de parar de agredir a mãe.

 

Na vizinha, a única manifestação dos moradores era visitar a mulher e demonstrar solidariedade quando o homem ia para o quartel. Ao conversar com as pessoas a mulher deixava claro que o filho levaria para o túmulo uma maldição que o faria pagar por toda a crueldade praticada.

 

MORTE

 

Quando morreu, apenas uma meia dúzia de parentes e vizinhos compareceram aos atos fúnebres da mulher enquanto que o filho não teria demonstrado um mínimo de sentimento pela perda da mãe.

 

Não demorou muito e o homem também morreu. Seu Eli conta que a partir desse dia acabou o sossego. A sepultura do homem teria passado a ser uma dor de cabeça para a vizinhança do cemitério.

 

Foto: William Ferreira/Rondoniaovivo

 

Gemidos e estrondos no local começaram a ser freqüentes deixando todo mundo assustado. O aposentado relata que a noite ninguém arriscava procurar ver o que estava acontecendo, mas no dia seguinte é que a “surpresa” arrepiava todo mundo.

 

O túmulo do filho ingrato amanhecia com rachaduras, como se algo ou alguma força estranha tentasse movê-lo. Seu Eli diz que no início das manifestações a sepultura foi consertada várias vezes, mas, passado um tempo, os coveiros desistiram de arrumar o túmulo.

 

Durante muito tempo os moradores da região teriam presenciado os fenômenos no local até que certo dia, em uma noite extremamente escura com rajadas de ventos muito forte, um silêncio tétrico se estendeu pela madrugada apavorando a comunidade no entorno do cemitério.

 

Depois disso, nunca mais foi escutada nenhuma manifestação junto ao túmulo. Na época, um padre teria dito que os fenômenos cessaram após a alma do homem ter pago pela crueldade imposta a mãe.

 

OUTRAS MANIFESTAÇÕES

 

Fundado em 02 de outubro de 1914, o cemitério dos Inocentes, no bairro Mocambo, não tinha muro e apenas uma cerca de arame farpado protegia as sepulturas. Dia ou noite quem passava pelo local podia observar os túmulos. Havia somente um punhado deles e bem afastados um do outro.

 

Em noite de Lua cheia, as silhuetas das sepulturas davam um ar lúgubre ao ambiente o tornando ainda mais sinistro. Raimundo Silva, cresceu jogando bola em um campinho próximo ao cemitério.

 

Quando a “pelada” terminava já era escuro e a molecada se reunia para jogar conversa fora. Foi em um desses bate papos que a meninada percebeu vários vultos de branco caminhando dentro do cemitério.

 

Curiosos, os meninos se aproximaram do local e não encontraram nada. Ficaram assustados, mas acharam que poderiam ter se enganado, no entanto o fenômeno teria se repetido muitas vezes o que acabou fazendo com que os garotos desistissem das conversas após o futebol.

 

Raimundo conta ainda que houve um tempo em que as pessoas escutavam choro de criança sempre ao meio-dia, quando era tocado o sino na Catedral. No início, quando surgiram as manifestações, alguns cidadãos mais encorajados entravam no cemitério para ver do que se tratava e não encontravam nada.

 

O choro parecia vir de duas sepulturas de criança, localizadas quase no meio do cemitério. O “problema”, de acordo com Raimundo, teria se repetido até o dia em que um curandeiro disse que as crianças choravam porque foram enterradas sem terem sido batizadas.

 

 Um padre foi chamado, fez o batismo In Memoriam, e pelo que se sabe nunca mais foi escutado som de choro no local.

 

GRITO, CONVERSA E MANGUEIRA MORTA

 

Joaquim Martins Ribeiro e Pedrina Teixeira Martins, ambos com 79 anos, moram há quase meio século em frente ao cemitério de Santo Antônio. Seu Joaquim trabalhou 40 anos como serviços gerais e coveiro e dona Pedrina aposentou como auxiliar de enfermagem.

 

O homem conta que o calor era insuportável e tudo era “feito no braço”, por isso preferia trabalhar a noite. Como não havia energia elétrica ele improvisava meia dúzia de velas acesas e abria sepulturas noite adentro.

 

O casal Joaquim e Pedrina moram há quase meio século em frente ao Cemitério Santo Antônio e afirmam que já viram fatos estranhos ocorrerem no local

 

Certo dia, quando ainda estava na metade dos “07 palmos de terra” escutou um grito em suas costas. Joaquim diz que um arrepio lhe tomou conta do corpo ao olhar para trás e não ver nada.

 

Sem pensar muito no que podia ser, largou o material de trabalho e saiu correndo para casa. Contou para a patroa o que havia acontecido que lhe respondeu com um sorriso dizendo que “era coisa da cabeça dele”. Por via das dúvidas, abandonou o trabalho noturno e ignorando o calor passou a preferir a ótima luminosidade do dia para trabalhar.

 

Em outra ocasião, Joaquim estava deitado em uma rede na frente de sua residência quando de repente viu jogarem algumas pedras em uma mangueira localizada perto da entrada do cemitério.

 

Gritou para Pedrina se ela tinha visto quem estava fazendo aquilo. Concentrada em seus afazeres, ela disse que deveria ser alguma “alma fresca”. Quase que simultaneamente foi jogado um punhado de pedras na mangueira. Assustado, Joaquim entrou em casa e trancou a porta. Não quis saber de verificar o que estava acontecendo. Semanas depois, diz ele, a mangueira secou e morreu.

 

COMA

 

Seu Joaquim estava trabalhando quando teve um mal estar e desmaiou. Foi levado para o hospital onde entrou em coma e lá ficou por 15 dias. Acordou de repente sem saber o que havia acontecido.

 

Lembrava apenas que estava sentado em uma cadeira de rodas em um lugar muito bonito, mas não conseguia se locomover. No local, teria recebido a visita de dois irmãos, ainda crianças, vestidos com roupas iguais que lhe disseram para não se assustar pois eles iriam lhe curar.

 

Joaquim desdenhou da conversa dos moleques e mandou eles irem embora dizendo que não sabiam de nada. Um dos garotos teria dito para ele não sair do local pois a cadeira de rodas poderia cair em um barranco existente alguns metros à frente de onde ele estava.

 

Após ouvir aquilo o outro irmão chegou a falar pra deixar ele ir e quando chegasse no barranco eles o segurariam. Joaquim diz que dormiu ouvindo a conversa dos meninos.

 

Logo após receber alta do hospital seu Joaquim estava cochilando na rede quando viu um dos meninos, aquele que disse para ele não ir até o barranco, sentado ao seu lado sorrindo. Surpreso ele perguntou o que o menino estava fazendo ali, apenas um sorriso foi a resposta do garoto que levantou e foi embora.

 

Quando Joaquim tentou esticar o braço para segurá-lo acordou, olhou para o lado e viu somente dona Pedrina dormindo.

 

BÍBLIA

 

Dias após o sonho, Joaquim conta que estava olhando um livro religioso quando viu os meninos que teriam conversado com ele. Seriam eles Cosme e Damião, irmãos gêmeos nascidos na Arábia três séculos após o nascimento de Jesus.

 

Os irmãos ficaram conhecidos por se formarem em medicina, nunca terem cobrado nada dos pacientes e pregar a palavra de Cristo.Por atraírem uma legião de pessoas para a fé cristã eles chamaram a atenção de todo povo inclusive de Diocleciano que era Imperador de Roma e um homem mau. 

 

Cemitério dos Inocentes em Porto Velho | Foto: William Ferreira/Rondoniaovivo

 

Diocleciano odiava os cristãos porque eles eram fiéis a Jesus Cristo e não adoravam ídolos e esculturas consideradas sagradas pelo Império Romano. Cosme e Damião foram mortos decapitados.

 

Os meninos são considerados os santos padroeiros dos médicos e enfermeiros. Eles teriam sido canonizados no século 5 e no ano de 526, em Roma, o Papa Félix IV (526-530) edificou uma igreja em honra aos irmãos.

 

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