Cantor sobre 30 passagens pela polícia: “Fui muito agredido e ia pra briga”

Cantor sobre 30 passagens pela polícia: “Fui muito agredido e ia pra briga”

Cantor sobre 30 passagens pela polícia: “Fui muito agredido e ia pra briga”

Foto: Divulgação

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O ano de 2012 foi bem diferente dos outros 46 anos da carreira de Ronnie Von . Se antes era ele o alvo das notícias na família - foram, por exemplo, mais de 30 passagens pela polícia -, o apresentador deu lugar nas manchetes para os filhos.
Algumas foram boas, como a estreia do filho Léo em carreira solo na música e a da filha, Alessandra, como culinarista no programa “Mulheres”, da TV Gazeta. Outras, nem tanto. No fim do ano, o primogênito, Ronaldo, quase foi para a cadeia após o atraso na pensão de R$ 60 mil dos filhos. “Eu sofri muito, tive transtorno de ansiedade, passei mal. Meu filho não me contava nada, porque estava em segredo de Justiça, e de repente minha família estava estampada nos jornais, muito por conta da minha posição de ‘famoso’", conta Ronnie Von em entrevista ao iG .
“ Cansei de ouvir 'esse filhinho de papai está roubando o espaço de alguém'. Era de uma família de recursos, da esquerda francesa, que só tomava Dom Pérignon, mas que em busca do meu sonho perdi a família e os amigos. Morava num hotelzinho no centro de São Paulo que não recomendo nem para um cachorro"
Acompanhado da mulher, motorista e “faz tudo”, Cristina , que carinhosamente chama de Kika, o cantor e apresentador chegou ao estúdio de fotografia em São Paulo onde encontraria a equipe do iG com inúmeros pedidos de desculpas por conta do atraso. "Culpa do trânsito de São Paulo", diz.
Já de cara, reconhece que nem sempre foi um bom moço e que seu ponto fraco é justamente sua família. “Fui muito agredido, me ofendiam, mesmo eu estando com filhos, com mulher, e eu não engolia. Eu partia para a briga, eu não tinha jogo de cintura. Era em qualquer lugar e a qualquer hora. Eu já cheguei a jogar um cara de cima de uma escada rolante depois que ele disse absurdos sobre mim”, conta.
Hoje, vendo o filho despontar na carreira musical, a mesma para qual ele jamais voltaria, Ronnie assume que nunca foi um grande cantor. "Fui no máximo um interprete medíocre.”
Veja como foi o bate-papo com o Príncipe da televisão brasileira, apelido que ele ganhou de Hebe Camargo na década de 1960:
“ Não faço parte dessa turma que fala que faria tudo de novo. Eu não faria nada de novo”
iG: Sua filha, Alessandra, e seu filho caçula, Léo, resolveram seguir os passos do pai e ir para a frente das câmeras em 2012. Como é para você vê-los na televisão?
Ronnie Von: É muito bom ver os filhos felizes. A Alessandra sempre quis fazer gastronomia, só que não existia curso de graduação no Brasil, só na Suíça. A gente chegou a pensar em mandar ela, mas um colega que foi estudar lá, voltou com o braço já em início de gangrena. Como lá pode tudo, ele se envolveu com heroína e deu no que deu, por isso a Kika não deixou ela ir. Foi a grande desilusão dela. Ela chegou a fazer medicina, biologia, arquitetura e letras. Agora ela está contente e feliz, fazendo o que mais gosta.
iG: Qual é a sua participação na decisão do seu filho Léo de seguir a carreira musical?
Ronnie Von: O Léo é bacharel em marketing e eu fiz de tudo para dissuadir esse menino dessa ideia de seguir a carreira musical. Ele pode pensar que porque o pai deu certo com música, que é assim com qualquer um, e não é. Essa é uma atividade perversa, onde talento é a última coisa que importa. Eu nunca fui um grande cantor, fui no máximo um intérprete medíocre, como qualquer um. Mas tive essa dádiva, essa sorte, de ter dado certo comigo. Ele toca e tem um talento extraordinário desde os 12 anos. Perto dele eu tenho vergonha de dizer que sou cantor.
“ Meu filho pode pensar que porque o pai deu certo com música, é assim com qualquer um, e não é. É uma atividade perversa, onde talento é a última coisa que importa. Nunca fui um grande cantor, fui no máximo um intérprete medíocre”
iG: Como foi subir ao palco depois de 15 anos sem cantar (recentemente Ronnie Von participou de um show do filho Léo)?
Ronnie Von: Foi difícil. Engasguei, tiveram que me dar água, fiquei com um nó na garganta. Ele me chamou, eu não tinha ensaiado nada e foi terrível. Fiquei muito honrado. E o Léo me calou a boca quando eu disse para ele que a recompensa em ser cantor é muito pequenininha, que o retorno dura apenas o tempo de um aplauso. Ele disse que preferia trabalhar por um prato de comida com música ao invés de fazer uma atividade acadêmica sem gostar.
iG: Como foi o seu começo de carreira?
Ronnie Von: Eu cansei de ouvir que "esse filhinho de papai", no caso eu, estava roubando o espaço de alguém. Mas eu juro que ninguém precisava mais do que eu naquele momento. Eu era filho de uma família de recursos, da esquerda francesa, que só tomava Dom Pérignon, mas que em busca do meu sonho perdi a família e os amigos. Diziam que eu tinha traído a causa! Eu morava em um hotelzinho no centro de São Paulo, ali na Avenida São João, que não recomendo nem para um cachorro. Lembro que na frente tinha o (restaurante) Filet do Moraes e eu era doido para ir comer lá, mas não tinha dinheiro.
“(A passagem do tempo) é péssima! Horrível! Não gosto nem um pouco. Não pela condição cronológica, mas porque eu ainda tenho muita coisa para fazer e estou vendo que não vai dar tempo”
iG: Tem algum arrependimento?
Ronnie Von: Todos! Eu não faço parte dessa turma que fala que faria tudo de novo. Eu não faria nada de novo. E o principal arrependimento que tenho é de ter dado ouvidos a um empresário. Ele resolveu bater de frente com um grupo que eu estava muito ligado, que era o pessoal da Tropicália. Eu era amigo de Caetano , de Gil , essa era total a minha praia. Era um movimento que era um contraponto das pessoas que diziam que quem faz música no Brasil não podia usar guitarra elétrica. Era ridículo negar a influência musical. Uma coisa fundamentalista, anacrônica. Essa junção da música intimista com o que rolava na música eletrônica era o que queria fazer e não me deixavam. Mas eles me vingaram!
iG: No ano passado sua vida também foi marcada por um momento delicado, quando seu filho mais velho, o Ronaldo, teve problemas na Justiça... 
Ronnie Von: Minha vida virou um inferno. Como pai, foi muito triste receber uma notícia como essa. Era um caso que estava em segredo de Justiça, não podia ter vazado. Lembro que recebi de manhã a ligação de um jornalista perguntando se meu filho estava foragido. Foi horrível. O processo como um todo era irreal: meu filho se formou, trabalha, saiu da minha casa há anos, mas as pessoas acham que por ser meu filho tem condições extraordinárias, como uma pensão de R$ 60 mil! Eu sofri muito, tive transtorno de ansiedade, passei mal. Eu já tinha passado por isso com filhos de amigos e “irmãos” meus, como o filho do Carlos Alberto de Nóbrega e do Roberto Carlos , é muito ruim.
iG: Este ano você completa 69 anos. Como está sendo a passagem do tempo para você?
Ronnie Von: Péssima! Horrível! Não gosto nem um pouco. Não pela condição cronológica, mas porque eu ainda tenho muita coisa para fazer e eu estou vendo que não vai dar tempo.
iG: A vaidade aumenta com a idade?
Ronnie Von: Não necessariamente, mas olha, talvez sim. Estou começando um regime porque acho que estou barrigudo, o que jamais pensaria em tempos idos. A minha dieta é respeito com meu público. Trabalho com comunicação e não posso ficar aparecendo desleixado. Taí uma coisa que eu não tinha parado para pensar e você tem razão. A idade da reflexão traz sim uma vaidade.
“ Eu partia para a briga, não tinha jogo de cintura. Já cheguei a jogar um cara de cima de uma escada rolante depois de ele dizer absurdos sobre mim. Era uma coisa de perder completamente a consciência”
iG: Em uma entrevista para a revista “Rolling Stones” você disse que nunca fumou maconha, o que gerou uma enorme repercussão. O que você acha desse barulho em cima dessa declaração?
Ronnie Von: Pois é, é engraçado. O nosso cérebro tem tantas revoluções cerebrais não exploradas, que acho um pouco de preguiça das pessoas ficarem usando recursos externos para chegarem a estados alfa, beta, como você quiser chamar, com tanta naturalidade. Isso já era uma coisa que me assustava, mas muito mais foi quando eu vi meu amigo se jogar do 10º andar dizendo que era o super-homem. Ele começou com maconha e acabou na heroína numa evolução galopante. Eu me lembro muito dele gritando que estava vendo morcegos saírem da parede e que estava tudo lavado de sangue. Isso me assustou muito, assim como me assustou ver ele tendo surtos no meio da rua dizendo que baratas estavam subindo pelas pernas dele. Para não correr esse risco, nunca cheguei perto de drogas.
iG: Você já foi preso mais de 30 vezes. Por que tantas passagens pela policia? 
Ronnie Von: Não que fui rebelde, mas eu fui muito agredido, principalmente verbalmente na rua. Houve uma época em que eu nem podia sair na rua, tinha um monte de seguranças. Me lembro de ter ficado completamente nu no meio da rua, assim como Deus me fez, na porta da TV Record. Fui pego por uma manada de pessoas que arrancaram a minha roupa e minha cueca. Me lembro que tinha uns 40 seguranças e veio até a policia para me ajudar. Essa era uma agressão carinhosa por parte das meninas. Por outro lado, você passava pela rua e os caras me xingavam de tudo o que você pode imaginar. Me ofendiam, mesmo eu estando com filhos, com mulher e eu não engolia. Eu partia para a briga, não tinha jogo de cintura. Era em qualquer lugar e a qualquer hora. Eu já cheguei a jogar um cara de cima de uma escada rolante depois que ele disse absurdos sobre mim. Era uma coisa de perder completamente a consciência. Eu nunca entendi porque fazia isso, mas não conseguia me controlar. Hoje não faço mais, fiz uma promessa para minha mulher quando ela estava grávida do meu último filho e passamos por uma situação muito chata quando um homem começou a ofender ela com aquele barrigão, perguntando quem era o pai da criança, chamando ela de vagabunda, perguntando o que ela estava fazendo ao lado daquele “travecão” e eu perdi a cabeça. Era uma baixaria gratuita que eu sofria.
“ Como pai, foi muito triste receber uma notícia como essa. Era um caso que estava em segredo de Justiça, não podia ter vazado. Lembro que recebi de manhã a ligação de um jornalista perguntando se meu filho estava foragido. Foi horrível”
iG: No meio desse boom das redes sociais, como foi acordar e ver o seu vídeo do “Significa” hit no YouTube? 
Ronnie Von: Eu adorei! Achei muito divertido. E me rendeu muita coisa, inclusive acabei de fazer a campanha da Pepsi fazendo uma brincadeira com esse jargão. Aquele dia estava corrido, eu estava muito nervoso com aquele monte de gente me falando que eu só tinha um minuto para terminar o programa e ler as cartas. Estava tão óbvia a verdade naquela carta, que saiu sem querer.
iG: Você tem alguma coisa na televisão que ainda não fez e quer fazer?
Ronnie Von: Eu tenho um conforto emocional na Gazeta. Tive, sim, muitas propostas para sair, e nunca escondi de ninguém, nem dos meus colegas da emissora. Porém, as seduções dos convites têm que passar por conteúdo, por um crivo de liberdade que me dá medo. Eu não teria nunca talento para fazer um programa com peitos de fora, sangue, escatologias, pornografias e desfiles de travestis. Eu não sei fazer isso. O medo que eu tenho de sair é ser obrigado a fazer uma coisa dessas em busca de audiência.
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