ARTIGO: "A participação da comunidade: vasto campo de possibilidades!"- Por Romualdo Dias*

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Foto: Divulgação

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A participação efetiva da população em programas sociais é muito incentivada pelo Governo Federal nestes tempos. Há casos até em que a liberação de recursos para os municípios está articulada à sua capacidade de implementar os programas com o maior envolvimento possível dos cidadãos. Observo todo este empenho dos gestores atuantes em diversos Ministérios e me preocupo com os gestos e as falas. O motivo de minha preocupação vem do fato de pensar o exercício prático da participação relacionada com uma nova cultura política que ainda não está construída. Sei que a cultura se constrói no exercício mesmo das novas experiências. Mas, na hora de convocar o povo para o envolvimento com os programas não podemos supor que esta cultura já esteja dada. Isto nos faz pensar em alguns desafios para os agentes políticos que coordenam os diversos programas sociais. Muitas habilidades são demandadas para que eles consigam fazer os programas acontecer nas comunidades e ao mesmo tempo promover a construção de uma nova cultura política.

A participação se mostra como um amplo campo de possibilidades para mudarmos a cidade e o modo de viver nela quando há adesão além de uma euforia manifesta nos discursos. Não se trata mais de fazer belos discursos sobre a participação dos cidadãos ou sobre sua importância. Trata-se de propiciar campos diversos de experimentação para que cada grupo comece a criar soluções diante dos problemas encontrados no dia-a-dia. O pior modo de pensar a participação dos moradores de uma cidade é convocar para aquelas reuniões nas quais as pessoas ficam sentadas ouvindo discursos das lideranças políticas. Esta forma de participar é a melhor maneira de excluir as pessoas e de impedir mudanças efetivas. É possível terminar com este vício de fazer reuniões e experimentar outras práticas? Será que as lideranças políticas conseguem abrir mão de seus discursos para organizar encontros onde as pessoas possam falar de suas experiências, de seus anseios e de suas sugestões para os problemas encontrados?

Esta nossa reflexão sobre a participação da comunidade pretende contribuir para provocar a imaginação sobre um outro exercício de poder vinculado a uma nova cultura política. Chamo de nova cultura política este exercício permanente das experiências a partir do potencial de cada grupo. Já não é mais a repetição daquelas relações de favores que sempre vigorou em nossa tradição brasileira. Também não é a busca de algum mecanismo de tutela por parte do Estado, sobretudo no âmbito das Prefeituras.

Um outro exercício do poder da comunidade está acontecendo nas cidades. A cada ano que passa a nossa vida está mesmo muito ligada às condições de organização da cidade. Isto nos faz pensar que as novas experiências políticas nos desafiam para a reinvenção da cidade e para a reinvenção da democracia. A reinvenção da cidade significa a melhoria das condições de vida. Significa viver com qualidade no meio urbano. Daí que os problemas de infra-estrutura da cidade precisam ser solucionados com o envolvimento de todos. A reinvenção da democracia nos remete aos vínculos que construímos com os outros pelo fato de estamos juntos vivendo no mesmo local. Precisamos ficar atentos à qualidade dos nossos vínculos. São estes vínculos que sustentam as redes de cooperação e ampliam a solidariedade. Um modo mais democrático de viver na cidade acolhe toda a diversidade que cada cidadão tem a oferecer para o convívio humano neste meio.

A participação da comunidade nos programas sociais ganha um diferencial quando as lideranças conseguem implicar cada participante na solução dos problemas do viver em uma cidade. Percebo que a palavra chave está neste termo: o "implicar". Com isto quero dizer que cada pessoa se envolve com o corpo inteiro, com seus pensamentos e seus afetos. Por isso é que não basta fazermos reuniões para colocar as pessoas sentadas com o corpo na posição passiva ouvindo os discursos. Prefiro a organização de oficinas de grupos que se constituem em ambientes convidativos para as pessoas se lançarem em um movimento permanente de criação. Penso que podemos fazer política com arte. Existe sim um modo artista de estar na vida que pode se ligar a um modo artista de organizar a cidade. A arte de fazer política nos desafia a reinventar a democracia como um movimento coletivo de criação.

*Romualdo Dias, Doutor em Filosofia, professor da UNESP, Campus de Rio Claro, SP. Ainda é colunista do site www.rondoniatual.com
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