Política em Três Tempos - Fala de Heloísa Helena aos rondonienses - Por Paulo Queiroz

Política em Três Tempos - Fala de Heloísa Helena aos rondonienses - Por Paulo Queiroz

Política em Três Tempos - Fala de Heloísa Helena aos rondonienses - Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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1 – GUERREIRAS DIVERSAS “Quem é essa mulher\Que canta sempre esse estribilho?\ Quem é essa mulher\Que canta como dobra um sino?” Extraídos da canção “Angélica”, os versos são de Chico Buarque de Holanda e foram escritos para homenagear a memória da estilista Zuzu Angel Jones, que, em plena ditadura, enfrentou os militares para denunciar as torturas, a morte e a ocultação do cadáver de seu filho, Stuart Angel Jones, assassinado ao ser amarrado por seus algozes ao cano de descarga de um Jeep, obrigado a “cheirar fumaça de óleo diesel”, como também denunciaria o mesmo Chico Buarque em outra canção -“Cálice”, censurada em 1971. Subtraídas as estrofes com que o poeta se propõe a responder as indagações que apresenta – como já deverá ter reclamado o leitor que conhece “Angélica” -, os versos servem como uma luva para perscrutar acerca desta outra guerreira, a alagoana Heloísa Helena, que nesta quarta-feira (14) desembarca em Porto Velho tão desafiadora quanto a mãe irresignada que acabaria morta em 1976 em um acidente automobilístico tão suspeito quanto o que vitimou Juscelino Kubitschek (“Se eu aparecer morta por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”, escrevera Zuzu Angel). Desafios em seus contextos, ambas são igualmente merecedoras destes, de outros versos já escritos e muitos mais ainda por escrever. Menina pobre nascida no interior de Alagoas (perdeu o pai ainda bebê e foi criada pela criada pela mãe, costureira), 45 anos, dois filhos, dois casamentos, Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho é uma revolucionária por qualquer ângulo que se decida enxerga-la. Dela pode-se dizer que é uma incendiária nos palanques, arrebatadora nas tribunas, imbatível nas assembléias e, não obstante, encantadora em quaisquer circunstâncias. Quem a conhece sabe que no trato pessoal é de falar manso, tem a voz doce e, em que importe cultivar cactos, chama as interlocutoras de "flor". Certa feita, explicando seu ideário político, disse ela que conheceu o socialismo na Bíblia. 2 – SOCIALISMO BÍBLICO De fato. Quem quer que tenha se dado ao prazer de ler o chamado texto sagrado de cabo a rabo, na hipótese de que ainda não o seja, vai acabar se convertendo ao socialismo. Do Velho ao Novo Testamento, aquilo lá está repleto de passagens pregando a igualdade e clamando por justiça social. Não por acaso o sociólogo Michael Löwy, diretor do “Centre National des Recherches Scientifiques” (CNRS), em Paris, começa o ensaio intitulado “Mundialização e Internacionalismo: A Atualidade do ‘Manifesto Comunista’” observando que, salvo a Bíblia, nenhum outro texto foi tão freqüentemente traduzido e reeditado quanto os escritos de Marx e Engels de cuja contemporaneidade se ocupa. Para emendar em seguida que, tirante o “Manifesto Comunista” (por razões óbvias) e a Bíblia (pelas denúncias proféticas da injustiça social), em nenhum outro texto de envergadura equivalente se levantaram vozes mais eloqüentes contra as infâmias dos ricos e poderosos e em solidariedade com os pobres e humildes. De acordo com Löwy – que é brasileiro apesar do nome e do cargo -, assim como Daniel na corte de Nabucodonosor, em circunstâncias diversas outros profetas – como Isaías e Amós – também leram a escrita no muro da Nova Babilônia (os teus dias estão contados). Conforme explica Löwy, a diferença entre os autores do “Manifesto” e os profetas do Antigo Testamento reside em que, enquanto estes depositavam suas esperanças em um Deus, em um Messias, em um salvador supremo que livrasse o povo da miséria e o libertasse da opressão, enfim, aqueles prognosticaram que a libertação dos oprimidos dos tempos de hoje deverá ser obra dos próprios oprimidos. Com a ajuda de Deus e do divino Espírito Santo, emendaria Heloísa Helena. Por sinal, é recorrente nas palestras da presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL) a observação segundo a qual um dos princípios mais belos já formulados pelo pensamento humano dispõe que “de cada um segundo sua capacidade a cada um segundo suas necessidades”. 3 – BOA OPORTUNIDADE Dito assim, desse jeito, é como está no “Manifesto”. Mas vá o leitor ver na Bíblia, mais precisamente nos versículos 44 e 45 do segundo capítulo dos Atos dos Apóstolos e encontrará: "Todos os que abraçaram a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam as suas propriedades e os seus bens para repartir o dinheiro apurado entre todos, segundo as necessidades de cada um". Caso se imagine que é mera coincidência, prossiga o considerado no mister e logo adiante, no versículo 32 do capítulo 4, poderá ler: “A multidão dos fiéis tinha uma só alma e um só coração. Não chamavam de própria nenhuma de suas posses: ao contrário, tinham tudo em comum”. E logo em seguida: "Não havia indigentes entre eles... A cada um era repartido segundo a sua necessidade" (At 4,34-35). E por aí vai. Ou seja, longe de Heloísa Helena a invenção ou o exagero quando diz que aprendeu o socialismo na Bíblia. Aliás, durante a campanha para a Presidência em 2006, acerca dela o professor de Sociologia da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), José de Souza Martins, escreveu: “No caso de tornar-se a primeira mulher a presidir a República, resta saber quanto o socialismo bíblico da senadora será viável. Como fará para ajustar os comoventes valores sociais desse ideário de certezas comunitárias, enraizados na visão de mundo dos simples, dos que vivem do suor do rosto e não raro das migalhas que caem da mesa dos fartos, às incertezas da política e da economia globalizadas, à modernidade da indiferença, do individualismo, do consumismo e da precedência dos direitos individuais em relação aos direitos sociais”. Pois é. Quer o leitor saber? Ao vivo e a cores? Nesta sexta-feira (16) terá, pelo menos, uma grande oportunidade para isso. Logo depois de desvencilhar dos compromissos internos do seu partido – participa da convenção do P-SOL que empossará a direção em RO – Heloísa Helena falará aos rondonienses, a partir das 17h30, em ato público que acontecerá na Praça Aluízio Ferreira.
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