*A Seccional Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil colheu, semana passada,
denúncia de um grupo de mulheres que têm familiares cumprindo pena no presídio
de segurança máxima Dr. José Mário Alves, o "Urso Branco", quanto à prática
de torturas aos apenados. Elas pediram providências urgentes e chamaram atenção
para a possibilidade de acontecer outra chacina no presídio. Elas foram ouvidas
pelo advogado Mesquita de Figueiredo, presidente da Comissão de Assuntos
Penitenciários.
*O presidente do Conselho Seccional, advogado Orestes Muniz Filho, já recebeu
copio do relatório das denúncias e disse que o assunto será levado, de forma
oficial, a Secretaria nacional de Direitos Humanos, à direção da Secretaria
de Assuntos Penitenciários, ao Departamento Penitenciário Nacional, à Corte
Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos
(OEA), à Vara de Execuções Penais, ao Ministério Público e à Corregedoria-geral
do Tribunal de Justiça com os devidos pedidos de providências. Essa posição
da OAB contra a prática da tortura e as condições desumanas verificadas nos
cárceres é, segundo Orestes Muniz, um dos dogmas da instituição representativa
dos advogados.
*Os familiares dos apenados denunciaram que num período de domingo a
segunda-feira
os presos foram mantidos sem alimentação, expostos ao sol e chuva e que muitos
deles sofreram queimaduras de 2º e 3º graus. Afirmaram também que quando
tentaram obter informações sobre a saúde deles foram rechaçadas com balas
de borracha e gás de pimenta.
*Falando em nome da Associação dos Familiares e Amigos dos Detentos de Rondônia
- Apad, entidade criada recentemente, Erondina da Silva Tavares afirmou que
o atual diretor do presídio é o mesmo que atuava em 2002, quando ocorreu
uma chacina no Urso Branco. Ela teme que outros crimes de grande repercussão
aconteçam em razão da forma como o diretor conduz a unidade prisional.
*Outra representante da Apad, Faina Juliane Silva afirmou que objetos entregues
aos apenados nos últimos dias foram encontrados no lixo. Ela disse que remédios,
objetos de higiene pessoal, documentos relacionados à situação prisional
estavam entre os bens jogados fora. Faina apresentou documentos e fotografias
que foram recolhidos do lixão.