* Em agosto deste ano, publiquei matéria na qual afirmei que as urnas eletrônicas são passíveis de serem fraudadas por vários motivos, dentre ele, a possibilidade de ser alterado o programa registrador o voto, podendo o mesmo ser direcionado para um outro candidato, afora aquele em quem o eleitor votou, já que a urna não fornece ao Eleitor, o comprovante impresso do votou.
* Como exemplo citei os programas que gerenciam as Contas Bancárias, onde especialistas são capazes de criar outros programas piratas para desfalcar parte do dinheiro depositado em determinada conta e direcionar para uma outra conta centralizadora.
* Agora o Jornal O GLOBO publicou matéria, em que três especialistas em eletrônica afirmam que “As Urnas Eletrônicas são Vulneráveis”, contrariando afirmação do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, que garante 100% de confiabilidade no sistema operacional da Urbana Eletrônica.
*Confira a matéria abaixo:
DEZ ANOS DEPOIS, URNA AINDA É VULNERÁVEL, DIZEM ESPECIALISTAS
*A urna eletrônica brasileira é “fraudável”, avaliam técnicos; sistema eleitoral é “100% seguro”, contesta TSE
*Os 125 milhões de eleitores brasileiros terão novamente à disposição em 1º de outubro o mais moderno equipamento de votação do mundo. Mas, passados dez anos da implantação do sistema, ainda não podem ter absoluta certeza de que o resultado da eleição reflete a vontade dos eleitores.
*Consultados pelo Gl (Globo), três especialistas que conhecem o sistema por dentro avaliam que as urnas são vulneráveis. São eles o engenheiro Amílcar Brunazo Filho --um dos principais especialistas em segurança de dados do Brasil--, o professor de Ciência da Computação da Unicamp Jorge Stolfi e o ex-juiz eleitoral Ilton Carlos Dellandréa. Os três são unânimes: a urna eletrônica é “fraudável”.
*O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contesta. “O sistema é 100% confiável”, afirma o secretário de Tecnologia da Informação do tribunal, Giuseppe Dutra Janino.
*Para Brunazo, Stolfi e Dellandréa, o principal problema da urna eletrônica é que ela não imprime um comprovante a ser conferido pelo eleitor. Não é possível saber se o voto foi computado corretamente.
*Atualmente, o eleitor digita o número do candidato, vê a foto dele e confirma a opção. Porém, segundo os especialistas, o sistema pode ser alterado para não funcionar exatamente assim. Por exemplo, alguém envolvido na criação ou instalação do software das urnas poderia reprogramar o sistema para mostrar a imagem de determinado candidato e computar o voto para outro. Na hora da contagem dos votos, a fraude não seria detectada.
Nova urna
*Os três especialistas defendem um novo modelo de urna eletrônica, que imprimiria o voto para ser conferido. O eleitor veria o voto impresso através de uma janela de vidro, mas não teria acesso ao comprovante, que ficaria depositado em uma urna lacrada. Em caso de dúvida sobre o resultado, essa urna seria aberta para uma recontagem manual. Nesse novo sistema, a apuração continuaria rápida, mas, se fosse contestada, o resultado poderia ser comprovado na recontagem.
*O TSE rejeita essa proposta. O argumento é que o sistema de impressão poderia facilitar que pessoas interessadas em tumultuar a eleição afirmassem que a urna não computou o voto corretamente. O tribunal avalia que, com a implantação da assinatura digital --que trava o sistema no caso de qualquer modificação-- e com a possibilidade de os partidos políticos terem seis meses para conferência do sistema, as fraudes não ocorrem.
*O professor do Instituto de Computação da Unicamp Jorge Stolfi -- que ressalta falar por si e não pela universidade --, diz que o fato de o TSE abrir o sistema para inspeção dos técnicos dos partidos políticos não resolve e questão.
“Eles abrem apenas o software da votação e não o software da urna, que é como um Windows num computador comum. Além disso, o software das urnas tem 1 milhão de linhas de código, o que representa que em seis meses temos de verificar 5,5 mil linhas por dia. Para fazer uma verificação eficaz no sistema, conseguiríamos checar apenas 50 linhas de código diariamente.”
*O engenheiro especializado em segurança de dados eletrônicos, Amílcar Brunazo Filho, lançou em agosto o livro “Fraudes & Defesas no Voto Eletrônico – A Urna Eletrônica em Xeque”. Ele vai ainda mais longe na contestação do sistema eleitoral brasileiro. Acredita que, não somente as urnas, mas todo o processo pode ser fraudado, desde a emissão dos títulos de eleitor até a totalização dos votos.
*“As etapas de cadastramento eleitoral, votação, apuração e totalização podem ser atacadas por pessoas inescrupulosas que obtenham acesso ao sistema em alguma dessas etapas”, afirma Brunazo Filho.
*Teste
*Em julho deste ano, Brunazo Filho protocolou no TSE um pedido para demonstrar ao tribunal, por meio de um teste, que as urnas são vulneráveis a fraude. Ainda não obteve resposta. O secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Dutra Janino, disse ao G1 (Globo) que o órgão estuda a melhor forma para fazer o teste de maneira científica.
*“Não temos condição de preparar isso no meio de um processo eleitoral. É nosso interesse mostrar a transparência do processo”. Segundo Janino, o teste poderá ocorrer no primeiro semestre de 2007.
*Para o ex-juiz eleitoral Ilton Carlos Dellandréa, aposentado em 2002 e que atuava como presidente de zona eleitoral em Porto Alegre quando o equipamento eletrônico começou a ser utilizado, em 1996, “a urna eletrônica virtual que será usada nas próximas eleições não é segura como deveria ser e, por isso, não é confiável”.
*O ex-juiz afirma que nunca recebeu informações detalhadas sobre o processo e só percebeu que a urna é fraudável quando, já aposentado, resolveu se informar melhor sobre tecnologia da informação.
*“A urna é um aparato de informática, e todo mundo sabe que qualquer aparelho programável por seres humanos apenas obedece a comandos. Pode ocorrer a inserção de comandos mal-intencionados por programadores também mal-intencionados.”
*Segundo o TSE, o Brasil é o único país do mundo em que o sistema eleitoral é 100% eletrônico, e serve de exemplo para outros países. O engenheiro Amilcar Brunazo Filho, no entanto, diz que nenhum outro país, com exceção do Paraguai , adota o sistema 100% eletrônico, justamente por causa da possibilidade de fraudes.
*O TSE confirmou que o Paraguai foi o único a adotar, mas disse que em outros países as urnas eletrônicas estão em fase de testes.