O Memorial Governador Jorge Teixeira, localizado na capital rondoniense, enfrenta um estado de abandono há cerca de um ano. O único responsável pela preservação do espaço cultural é o zelador Salomão Arlindo, que recebe um salário mínimo mensal. "Comprei uma roçadeira por conta própria e faço o que posso. Mas faltam recursos para produtos de limpeza e sacos de lixo", relatou Salomão, que trabalha no local há duas décadas. Ele faz campanha para arrecadar doações por pix.
O Memorial, que integra o roteiro turístico da cidade, está aberto à visitação mediante agendamento. Sem os devidos cuidados, a manutenção do espaço depende inteiramente do dedicado funcionário, e corre o risco de ser fechado. Nas redes sociais, vídeos de Salomão realizando a manutenção do imóvel geraram elogios à atitudes, mas críticas às instituições públicas. Comentários apontam que as autoridades não dão a devida atenção ao patrimônio histórico de Rondônia.
Inaugurado na década de 1990, o museu abriga diversas relíquias relacionadas à biografia de Jorge Teixeira, o último governador do Território Federal de Rondônia e o primeiro do estado. Teixeirão, como era conhecido, governou de 1979 a 1985, e foi uma figura mítica na política local. Dois municípios, Teixeirópolis e Jorge Teixeira, além do Aeroporto Internacional de Porto Velho, foram nomeados em sua homenagem.
Salomão Arlindo: sacrifício pessoal para cuidar de um espaço público
O Memorial GJT funciona na antiga residência oficial dos governadores, construída no final da década de 1940, à rua José do Patrocínio, 501, esquina com Euclides da Cunha; está no Centro Histórico, próximo ao antigo Palácio Presidente Vargas, sede do Poder Executivo estadual até 2015. O local possui uma estátua de bronze de Teixeirão no jardim frontal, de onde se avista o Rio Madeira e a Usina Hidrelétrica de Santo Antônio.
A historiadora Yêdda Borzacov e a jornalista Maria Aparecida de Souza, conhecida como Cida, se dedicaram à preservação do espaço enquanto puderam. Mantido por uma associação em convênio com o Governo Estadual, o Memorial foi sendo abandonado com a avançada idade de Yêdda e a morte de Cida, em 2020. Elas atuaram voluntariamente, mesmo aposentadas do serviço público, para garantir a preservação do local, por amor à história.
O acervo
Repleta de condecorações, indumentárias, objetos pessoais, obras de arte e documentos, o espaço onde está o Memorial Governador Jorge Teixeira foi habitado por governadores durante quase quatro décadas. Ângelo Angelim foi o último residente do casarão, em 1987.