Cine Holiúdy, cinema em seu puro estado de magia

Da Redação

30 de Agosto de 2013 às 15:34

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Cine Holiúdy, cinema em seu puro estado de magia - Por Humberto Oliveira

Foto: Divulgação

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Finalmente, um filme cearense estreia nos cinemas de Porto Velho. Trata-se do badalado Cine Holiúdy. Isso mesmo. Você leu direito. Cine Holiúdy roteirizado, produzido e dirigido pelo cineasta cearense Halder Gomes, que com sua fita (como se dizia antigamente) homenageia os cinéfilos e exalta a “cearensidade”. Se o caro espectador está cansado de filmes barulhentos, cheios de efeitos especiais, produzidos em 3D para arrancar mais dinheiro do seu bolso, então seus problemas acabaram, principalmente se você for cearense ou nordestino (dá no mesmo). Cine Holiúdy estreia hoje (30 de agosto) no Cine Araújo e no Cine Rio. Seja macho e enfrente este desafio ou morra de rir tentando.

A história se passa no interior do Ceará, na década de 1970, período em que a explodiu a popularização da TV. Assim como acontece com a famosa Caravana Hollidei, do lord cigano do filme Bye, bye Brasil, de Cacá Diegues, neste a história se repete, o televisor afasta as pessoas dos cinemas. É aí que Francisgleydisson entra em ação. Ele é o proprietário do Cine Holiúdy, um pequeno cinema da cidade que terá a difícil missão de se manter vivo como a melhor opção de entretenimento.

O diretor dá toda uma ênfase sobre a presença do cinema nas experiências de atores sociais cearenses integrando a arte da oralidade, remetendo-se também as suas memórias de infância (década de 1970), quando em Senador Pompeu/CE ainda havia um cine. O diretor faz desfilar no filme suas principais influências, seus sentimentos de pertencimento, as características marcantes de um sertão desconhecido por muitos e o elemento principal: a criatividade do cearense.

A variedade de personagens é grande e vai desde um cego de temperamento apimentado e um bêbado típico e conversador passando por um político interesseiro um pastor evangélico charlatão até um delegado mandão e um gago dentre outros. Todos eles perfeitamente bem distribuídos da história do “Cine”.

Guardadas às devidas proporções, Cine Holiúdy nos remete a outras produções cujo pano de fundo é a crise vivida pelo cinema. São eles "A Última Sessão de Cinema" (1971), de Peter Bogdanovich; "Cinema Paradiso" (1988), de Giuseppe Tornatore, e de "Splendor" (1989), de Ettore Scola. A película de Halder Gomes, originalmente o curta, "O Astista Contra o Caba do Mal", premiadíssimo em diversos festivais, pode ser considerado o quarto filme da história do cinema a abordar a decadência das salas exibidoras nas pequenas cidades interioranas.

Edmilson Filho interpreta Francisgleydisson. Miriam Freeland é Maria das Graças, mulher do protagonista e Joel Gama faz o filho do casal. O elenco conta ainda com a presença de vários artistas e comediantes cearenses, como Falcão, que interpreta um cego, cujo guia conta o que acontece na tela. Tem João Neto (Zé Modesto). Tem Robert Bomtempo e muitos outros.

O clima do filme é de gozação. Atentem que o elemento expressamente vivo no filme de Halder Gomes é a cultura popular nordestina, particularmente o linguajar "cearensês", que ganha relevância com dezenas de citações dos palavreados típicos da terra - "espilicute (metido ou metida à besta)", "catrevagem (gente deselegante)", "leriado (conversa fiada)", "amofinado (chateado)", "abaitolado (viado)". Contudo, em nenhum momento, "Cine Holliúdy" deixa de ter um caráter universal.

Como escreveu o crítico cearense Pedro Martins Freire "Cine Holliúdy" é o cinema em seu puro estado de magia, de fascínio e comunicabilidade. É magistral a cena em que os espectadores saem do cinema aplicando golpes de karatê. Quem nunca?

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