História de travesti que "sai" de Rondônia e vai para o Rio e Europa ganha as telas

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História de travesti que

Foto: Divulgação

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Os nomes do elenco de apoio do curta "A inevitável história de Letícia Diniz" chamam a atenção: Shenna Anderson, Shawn, Pollyana Santoriny... O diretor Marcelo Pedreira escolheu como locação a Rua Augusto Severo, na Glória, e, nas filmagens, contou com a participação de travestis que fazem ponto no local. Pedreira começou a frequentar o lugar há oito anos, em busca de entrevistas para o livro em que se baseia o curta, publicado em 2006 e encenado no teatro em 2010, com direção do autor e Rosanne Mulholland no papel-título. No filme, Letícia Diniz é interpretada por Michelle Batista, que contracena com Kika Farias, Renato Carrera, Saulo Rodrigues e a transformista Jane di Castro, que impressionou o diretor ao interpretar o "tio" Cristina. Outro destaque foi o menino Leonardo Costa, de 13 anos, que interpreta Letícia na adolescência.
“Toda a equipe do curta, que tem nomes que vieram de "Tropa de elite", como os diretores de fotografia e de arte, trabalhou já de olho no longa que vamos fazer. Assim que finalizar a edição, volto a conversar com a produtora Iafa Britz, que quer transformar o livro num longa e acredita no mercado internacional para isso, porque o assunto desperta muito interesse lá fora”, planeja o diretor. 
A maioria vai se prostituir na Europa
Pedreira diz que a rotatividade é grande no ponto da Augusto Severo. Os travestis que conheceu ali se mudaram para a Itália, e, por isso, ele recorreu a Bárbara Aires para a produção de elenco. Hoje trabalhando na equipe do programa de TV "Amor e sexo" como consultora comportamental, Bárbara conta que já fez ponto na Glória, quando era profissional do sexo e adotava o nome de Bárbara Ksyvickis (inspirado na apresentadora Angélica).
“Para mim, era muito difícil trabalhar desse jeito, porque, muitas vezes, o cliente quer a mulher fálica, com o pênis ereto por ele. Eu precisava tomar remédio para disfunção eréctil para isso. Deixei de ser profissional do sexo quando comecei um relacionamento sério com um empresário, que durou de 2006 a 2011. Mas continuo em contato com a causa”,  explica Bárbara, diretora da Astra Rio (Associação das Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro).
Como Bárbara, quase todas as integrantes do elenco não se consideram travestis, mas, sim, "transexuais não operadas".
“A transexual é biologicamente homem, mas se sente mulher. Quando pode, faz cirurgia no nariz, retirada de pomo, deixa o corpo mais feminino. Temos um polo transexualizador no Brasil, em Porto Alegre, Rio, São Paulo e Goiás, mas prefiro a técnica da Tailândia e pretendo me operar lá”, conta.
Nem todas querem passar pela cirurgia, algumas pretendem permanecer como transexuais não operadas.
“Eu sintetizei as histórias recorrentes que ouvi de travestis na protagonista do filme: elas não conseguem estudar porque sofrem bullying, são expulsas de casa e empurradas para a prostituição. Letícia vem de Rondônia, inicia-se nesse submundo no Rio, vai para a Europa e tem um final trágico”, resume Pedreira.
Autor das peças "Dilúvio em tempos de seca", com direção de Aderbal Freire-Filho e Wagner Moura no elenco, "Clichê", sucesso com Lúcio Mauro Filho, e "45 minutos", com Caco Ciocler, ele planejava trabalhar como cineasta desde 2000, quando era correspondente de um site em Los Angeles. O diretor, que também já foi funcionário do Banco do Brasil e astrólogo, agora, além do longa, espera também pela estreia nos palcos de seu texto "Michael & eu", sobre Michael Jackson. Com direção de Ivan Sugahara, a peça, prevista para agosto, é uma história sobre obsessão.
 
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