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Por: Marcos Souza
*Antes de falar sobre o filme devo parabenizar a iniciativa do Cine Rio, que integra o complexo de cinemas da cidade que inclui o Cine Veneza e o Cine Brasil, da família Lacerda, pelo fato de Porto Velho neste mês de maio estar interagindo com os lançamentos mundiais com alguns dos mais aguardados filmes da temporada, como “Missão Impossível III” e “O Código Da Vinci”.
*Com o terceiro filme da franquia de super-heróis mutantes da Marvel, os X-Men, não poderia ser diferente, na sexta-feira o filme já podia ser assistido nas três sessões do Cine Rio, da 17h00 (
meia-entrada para todos nesse horário), 19h00 e 21h00.
*Agora vamos ao filme, antes de mais nada gostaria de manifestar que esse texto será um artigo, pessoal mesmo, de fã de cinema e quadrinhos, com coerência e o máximo de isenção com os personagens, da qual sou um genuíno fã.
*Os puristas mais radicais dos quadrinhos vão protestar com as liberdades e ousadias que o roteiro do filme teve com alguns personagens, especificamente no que se refere a sua principal linha de história, que é a “Saga de Fênix”, um dos maiores clássicos dos quadrinhos mundiais e que deixou os nomes de Chris Claremont (
autor do roteiro) e John Byrne (
desenhista) no rol dos gênios das HQs -
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e veja uma ilustração da época da dupla de criação.
*Vale lembrar que a adaptação cinematográfica segue uma dimensão diferente dos quadrinhos, por isso mesmo, a sua linguagem tem que ser mais coerente com a realidade (
ainda que isso seja um paradoxo dentro das limitações da fantasia proposta pela história), então as liberdades tomadas pelos roteiristas, juntamente com o diretor Brett Ratner – que assumiu a franquia depois que Bryan Singer, diretor dos dois primeiros filmes, se debandou para dirigir o filme “Superman, o retorno” – seguem uma linha diferente das ações consagradas nas revistas, que além de pegar a “Saga de Fênix” toma outra referência que é a possível “cura” dos mutantes, publicada no primeiro arco de histórias do escritor Joss Whedon (
autor dos seriados “Buffy” e “Angel” e que está por trás do filme sobre a “Mulher Maravilha”) para a revista “Astonishing X-Men” (
no Brasil foi publicada em “X-Men Extra” com o título de “Surpreendentes X-Men”, da editora Panini)
*O filme que supostamente encerra a trilogia dos super-heróis mutantes, “X-Men – O Confronto Final”, é, antes de mais nada, uma grande aventura cinematográfica (
já está na minha lista de melhores do ano), que fecha as pontas soltas nos dois filmes anteriores e apresenta o ápice da luta entre os mutantes que pregam a hegemonia da raça, liderados pelo vilanesco Magneto (
Ian McKellen) e sua Irmandade de Mutantes, e os mutantes que seguem o sonho do pacifista Professor Xavier, os X-Men, liderados por Tempestade (
Halle Berry) e Wolverine (
Hugh Jackman).
*Aqui os X-Men estão enfrentando ainda o trauma pela perda de Jean Grey (
Famke Janssen), principalmente Ciclope (
James Marsden) e Wolverine, enquanto isso um cientista, buscando curar o filho mutante – ele possui asas e voa, Warren Wathingthon III, o Anjo (
Ben Foster)-, utiliza os poderes de um mutante e desenvolve uma vacina que pode curar pessoas que possuam o gene mutante que lhe dão poderes especiais, o que coloca em risco a segurança da humanidade quando Magneto mobiliza mutantes contrários a idéia da “cura” e organiza um ataque com a sua Irmandade de Mutantes para destruir o laboratório onde estão sendo produzidas as vacinas, na Ilha de Alcatraz.
*Do lado dos X-Men Jean Grey volta com a personalidade alterada e os poderes atingindo um nível que a torna a mutante mais poderosa da terra, se transformando na Fênix, onde em sua sandice descontrolada enfrenta o Professor Xavier e acaba se aliando ao grupo de Magneto.
*Magneto perde sua principal parceira, Mística (
Rebeca Romijn) que é “curada” involuntariamente pela vacina, mas ganha aliados importantes além de Jean, como Juggernaut/Fanático (
Vinnie Jones), “Homem-Múltiplo” e os “Morlock”, mutantes que vivem nos subterrâneos, liderados por Callisto (
Dania Ramirez).
*O confronto final se dá na Ilha de Alcatraz, onde Magneto e sua troupe enfrentam os X-Men, agora com uma de suas melhores formações, que inclui Wolverine, Tempestade, Fera (
Kelsey Grammer), Jubileu/Kitty Pride (
Ellen Page), Homem de Gelo (
Shawn Ashmore) e Colossus (
Daniel Cudmore).
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SEQÜÊNCIAS E FÃS
*Existem seqüências em “X-Men 3 – O Confronto Final” que são capazes de emocionar e reduzir a pó o coração de qualquer fã do grupo, como o embate surpreendente entre Jean Grey/Fênix contra o Professor Xavier, ou mesmo quando Magneto consegue mudar a direção de uma ponte utilizando os seus poderes – algo indescritível – e, mesmo quando ocorre a luta feroz, cruel e taquicardíaca entre os X-Men e a Irmandade Mutante, onde as baixas atingem níveis emocionais fantásticos.
*Ao mesmo tempo são algumas dessas seqüências que vão provocar a ira nos fãs mais radicais do grupo, pois o roteiro de Zak Penn e Simon Kinberg tornam ousadas demais as decisões sobre os rumos de alguns dos personagens mais importantes da mitologia dos mutantes, principalmente nos conflitos entre os personagens-chaves dos X-Men, que resulta no final apoteótico e apocalíptico quando Wolverine enfrenta Jean/Fênix.
*Importante ressaltar o que eu já havia escrito lá em cima, no cinema a adaptação segue um rumo diferente, mais voltada a uma mitologia própria, assim como ocorre quando se muda de roteirista nas sagas dos personagens nos quadrinhos – onde cada um quer impor um conceito novo e diferente, o que é, em parte, aceito pelos fãs, ainda que sejam decisões que acabam polemizando.
*Se o filme tem falhas? Tem, a mais grave é ser curto demais (
são 104 minutos), mas nem por isso desmerece, porque o roteiro está conciso, não estende demais os conflitos, fecha as pontas e conta-se uma história, com início, meio e fim, ainda que dependa do espectador ter assistido pelo menos o segundo filme da trilogia. Vale ainda ressaltar a introdução de vários personagens mutantes da série original, como o Fera, Kitty Pride, e participação maior de Colossus.
*Para os fãs momentos chaves dos X-Men no filme são: a aparição da “Sala de Perigo”, a luta contra um “Sentinela” (
um robô gigante com poderes de destruição para eliminar mutantes), a combinação no campo de batalha entre Wolverine e Colossus – principalmente no famoso “arremesso” –, o uso do poder de Fênix em sua totalidade, a participação do Fera na briga final, entre tantos outros.
*Por fim, o filme é espetacular e deve originar outras franquias – duas já estão confirmadas, os filmes solos de Wolverine e Magneto, mas já foi publicado rumores sobre “Novos Mutantes” e até a possível volta dos X-Men em uma quarta seqüência (
não esqueça, em Hollywood tudo é possível com alguns milhões de dólares a mais). Se alguém tinha dúvidas quanto ao talento do diretor Brett Ratner ao assumir a franquia pós Bryan Singer, não existe mais, a sua postura foi de manter o mesmo nível dos filmes anteriores, inclusive ao permanecer o conflito social entre mutantes e humanos, tema permanente entre os super-heróis do professor Charles Xavier. Vá ao cinema e confira, é diversão pra toda a família.
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Marcos Souza é editor de Cultura do site