União fica com metade do arrecadado por seguro, extinto por Bolsonaro, para vítimas de acidentes de trânsito
Foto: Divulgação
Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.
Além de afetar indenizações a vítimas de acidentes de trânsito, o fim do seguro obrigatório DPVAT, determinado pelo presidente Jair Bolsonaro por Medida Provisória, terá impacto no Sistema Único de Saúde (SUS) e em programas públicos para educação e prevenção na área. Isso porque a União recebe metade do arrecadado com o seguro, como determina a legislação. Entre 2008 e 2018, foram repassados R$ 33,4 bilhões ao SUS e R$ 3,7 bilhões ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Na Câmara e no Senado, os parlamentares ainda não discutiram o assunto com profundidade. A medida provisória precisa passar por uma comissão mista e depois ser aprovada nas duas Casas para que seja transformada em lei. Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, Hugo Leal (PSD-RJ) criticou a mudança. Para o deputado, o DPVAT é um mecanismo importante para reparar as vítimas de acidentes. Abrir mão da ferramenta, avalia, seria um “erro”.
— É um seguro que cobre 210 milhões de pessoas, todos os brasileiros, seja pedestre ou não. Se há alguma irregularidade, se o governo acha que as seguradoras não estão agindo de forma correta, é possível mexer na alíquota, fazer uma intervenção. Agora, abrir mão de uma receita, também importante para o SUS, acho que é temerário — defende Hugo Leal.
Perfil do Auxílio
Em 2018, o DPVAT indenizou 328,1 mil vítimas, entre casos de invalidez permanente, morte e reembolsos de despesas médicas. Dados da seguradora Líder, responsável pelo convênio, apontam que a maior parte das indenizações envolve acidentes com motocicletas (75%), motoristas na faixa dos 18 aos 34 anos (47%) e é destinada a moradores das regiões Nordeste (30%) e Sudeste (29%).
Para Armando de Souza, presidente da Comissão Especial de Direito de Trânsito da OAB, o fim do DPVAT pode causar uma “lesão” aos direitos dos cidadãos. Ele afirma que a medida demonstra que o governo “despreza a proteção às vidas de motoristas, passageiros e pedestres”.
— Esperamos que os parlamentares tenham a sensibilidade de desaprovar a medida provisória assinada pelo governo e percebam a lesão que ela pode causar ao cidadão — defende Souza, que completa: — Estamos retrocedendo cada vez mais na segurança no trânsito.
O Globo mostrou em junho, em uma reportagem especial, que os acidentes de trânsito deixaram mais de 734 mil mortos em 20 anos no Brasil, despedaçando famílias e sobrecarregando a saúde pública. No mesmo período, o SUS desembolsou R$ 5,3 bilhões em procedimentos médicos relacionados a acidentes nas ruas e estradas.
A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.
Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!