Disputa por território de pesca do atum motiva ataque do pesqueiro chinês Chang Rong 4 contra barco Oceano Pesca 1, do RN, que só não afundou porque é novo e feito de aço
Foto: Divulgação
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Um barco de pesca brasileiro foi atacado por uma embarcação chinesa a 600 quilômetros da costa potiguar, em águas internacionais, nesta quinta-feira (22). E só não afundou porque é novo e feito de aço. O ataque foi motivado pela briga por território de pesca do atum. O Rio Grande do Norte e o Ceará produzem 30 mil toneladas por ano do pescado. Isso rende R$ 600 milhões/ano.
O barco atacado pertence ao empresário Everton Padilha, da empresa Oceano pesca I, que funciona no Rio Grande do Norte. O confronto teria acontecido por volta das 11h30. Ele foi informado pela tripulação por meio de telefone via satélite. O local fica a cerca de 100 milhas de Fernando de Noronha, ao sul.
Everton Padilha contou que sua embarcação estava pescando quando o barco chinês começou a vir para cima. E que pelo rádio e por sinais, os chineses ameaçavam afundar a embarcação brasileira. “Eles foram ameaçados. Os chineses bateram contra o barco e faziam menção de como se fosse cortar a garganta da tripulação. Além disso, arremessaram vários objetos no pessoal”, contou.
Após o ataque, o barco Oceano Pesca I navegou em sentido contrário ao Chang Rong IV, que o atacou. De acordo com Everton Padilha, os chineses ainda ficaram seguindo os brasileiros por um tempo.
O plano era que o pesqueiro do Brasil ficasse no mar até o final deste mês. Agora, por causa do ataque – que teria provocado um dano no casco da embarcação – eles estão retornando ao Rio Grande do Norte. A chegada está prevista para sábado de manhã.
O empresário confirmou que o ataque lhe causou prejuízo, mas disse que ainda não tem estimativa de quanto. O Oceano Pesca I possui 22 metros e sua tripulação é formada por 10 membros. O proprietário da embarcação e o presidente do Sindicato da Indústria da pesca no Rio Grande do Norte (Sindipesca), Gabriel Calzavara de Araújo, procuraram a Marinha do Brasil para pedir providências com relação ao ocorrido.
Após a ida ao 3º Distrito Naval, o empresário explicou que por se tratar de um caso ocorrido em águas internacionais, a Marinha do Brasil não possui jurisdição. “O que vai fazer é tentar notificar”, explicou.
O empresário disse ainda que o caso era um absurdo. “Na verdade eu acho um absurdo. Porque do mesmo jeito que o pessoal está vindo e os dez tripulantes estão voltando, uma hora dessas podia não ter notícia nenhuma do meu barco e perder a vida dos 10 tripulantes. Essa é que é a situação que deixa você fora de si. Mas graças a Deus o importante é que está todo mundo com vida”, disse.
É a ‘guerra do atum’, afirma presidente do Sindipesca
Gabriel Calzavara explicou que esse é o terceiro incidente entre brasileiros e chineses. Mas esta é a primeira vez uma embarcação tenta afundar a outra. Os outros dois teriam ocorrido num período de três meses antes.
Ele afirmou que o caso é um incidente internacional e que o Governo Brasileiro tem de atuar nesse caso. “O comandante ficou dizendo pelo rádio que ia colocar o barco a fundo. Se não fosse feito de aço e novo, teria afundado. Abriu um rombo no casco”, contou.
E acrescentou: “Há uma briga no mar. Uma guerra pelo atum no Atlântico. E o Brasil está incomodando. É a guerra do Atum”, afirmou. Na avaliação dele, o que aconteceu envolvendo um barco potiguar é um incidente internacional para o qual o Governo Brasileiro tem de tomar uma atitude. Segundo ele, é importante que seja garantida a segurança das embarcações brasileiras em alto mar.
De acordo com o site da Comissão de Pesca do Pacífico Ocidental e Central, o barco Chang Rong 4 tem um tripulação composta por 30 membros e foi construído em 1997. De acordo com o site Marine Traffic, que monitora embarcações por satélite, a última localização do barco foi repassada em outubro deste ano.
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