Laudo confirma vazamento de rejeitos de mineradora

Laudo do Instituto Evandro Chagas divulgado nesta quinta-feira, 22, confirma contaminação em diversas áreas de Barcarena provocada pelo vazamento das barragens de rejeitos de bauxita

Laudo confirma vazamento de rejeitos de mineradora

Foto: Reprodução/TV Liberal

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laudo do Instituto Evandro Chagas (IEC) divulgado nesta quinta-feira (22) em Belém, confirma contaminação em diversas áreas de Barcarena, nordeste do Pará, provocadas pelo vazamento das barragens de rejeitos de bauxita da mineradora Hydro.

 

Moradores de Barcarena denunciaram a suspeita de vazamento no último sábado (17). Fotos feitas no município mostram uma alteração na cor da água do rio, que seria a lama vermelha rejeitada na operação da fábrica (bauxita e solda cáustica).

 

O anúncio da confirmação do vazamento foi feito pelo pesquisador em saúde pública do IEC, Marcelo de Oliveira Lima, contrariando a versão divulgada pela empresa, que negou a contaminação. "Foi constatado que houve vazamento das bacias de rejeitos da bauxita. Fotografamos o efluentes invadindo a área ambiental", afirmou o pesquisador.

 

Ligação clandestina para eliminar resíduos

 

O vazamento afetou as áreas das comunidades de Bom Futuro, Vila Nova e Burajuba. "A empresa fez uma ligação clandestina para eliminar esses efluentes contaminados que estava acumulados dentro da fábrica para fora da área industrial, contaminando o meio ambiente e chegando às comunidades", destacou Marcelo Lima.

 

No material coletado no dia 17 na barragem, na tubulação com ligação clandestina e no igarapé localizado na vila Bom Futuro, os índices de sódio, nitrato e alumínio estava acima do permitido, além do PH estar no nível 10. "Ou seja, o líquido estava extremamente abrasivo e nocivo aos seres vivos", destaca o pesquisador.

 

Alto nível de chumbo

 

De acordo com o laudo do IEC, a análise das amostras também revela um nível alto de chumbo, que com o consumo contínuou pode gerar câncer.

 

"Essa contaminação é nociva e prejudicial às comunidades que utilizam os igarapés e rios como forma na busca do alimento, com a pesca, e também o lazer. Além disso, há a contaminação do meio ambiente como os seres vivos e plantas", alerta o pesquisador.

 

Segundo a perícia, a empresa não tem capacidade de tratar os seus efluentes, e o IEC recomenda que, neste momento de chuvas fortes, seja reduzido os suspenda a produção, porque as bacias não irão suportar o grande acúmulo de material. "Se a empresa continuar com a elevada produção de material, novos vazamentos ocorrerão sem dúvida alguma, principalmente neste período de chuvas intensas"

 

"Outro fator que detectamos foi que não há um plano de alarme emergencial da empresa para a comunidade caso haja algum rompimento ou desastre".

 

Já foram instaurados dois inquéritos para apurar as denúncias de vazamentos ocorridos em Barcarena.

Um inquérito civil foi instaurado pela Promotoria de Justiça de Barcarena e está sendo elaborado a partir de informações colhidas pelos promotores de justiça Laércio Guilhermino de Abreu e Daniel Barros, para apurar um suposto vazamento de rejeitos e seus impactos ao meio ambiente.

O segundo inquérito, instaurado pela promotora Eliane Moreira, da 1ª Região Agrária, apura os impactos socioambientais possivelmente provocados pelo vazamento, em especial os que podem ter afetado comunidades rurais e territórios de Barcarena onde vivem ribeirinhos e comunidades tradicionais. As atividades da Hydro Alunorte também serão alvo de investigação durante este procedimento.

Moradores de Barcarena relataram a existência de água de cor vermelha que se espalhou pela cidade. Todas as possibilidades serão averiguadas pelos inquéritos instaurados.

 

Primeiras providências

 

O MPPA recebeu denúncias de moradores de Barcarena, no último sábado (17), de que a água da chuva que se acumulou em diferentes pontos da cidade estava em tom vermelho em razão de um suposto vazamento de bauxita proveniente das operações da Hydro Alunorte – a bauxita é uma rocha de coloração avermelhada e é matéria-prima para a produção da alumina. No mesmo dia, técnicos do MPPA, juntamente com representantes da Semas, fizeram um sobrevoo pelo município para dimensionar a extensão do acúmulo da água.

 

Já no domingo, uma comitiva do MPPA vistoriou a sede da Hydro Alunorte para colher informações sobre o empreendimento e apurar as denúncias. Durante a vistoria, da qual participaram representantes das Secretarias Municipal e Estadual de Meio Ambiente, foi identificado o lançamento irregular de efluentes da área alagada da empresa, de coloração avermelhada, para o ambiente externo. Os órgãos licenciadores de meio ambiente notificaram de imediato a empresa.

 

Após a vistoria, a comitiva do MPPA percorreu áreas residências nas regiões de Bom Futuro e Itupanema para apurar denúncias feitas pela população e colher mais informações sobre a extensão do acúmulo de água avermelhada.

 

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