ONU é acusada de permitir abusos sexuais em seus escritórios

Funcionárias descreveram uma 'cultura do silêncio' no trabalho

ONU é acusada de permitir abusos sexuais em seus escritórios

Foto: ANSA

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A Organização das Nações Unidas (ONU) permite abusos sexuais em seus escritórios ao redor de todo o mundo, acusou o jornal britânico "The Guardian."

 

O veículo entrevistou dezenas de funcionárias, que descreveram uma "cultura do silêncio" nas dependências da organização. Das entrevistadas, 15 disseram que sofreram ou presenciaram cenas de abuso, dentro de um período de cinco anos. Mas, somente sete relataram os crimes formalmente.

 

"Se você reporta [os abusos], sua carreira está basicamente acabada, especialmente se você é uma consultora", disse uma das consultoras, que afirma ter sido abusada por seu supervisor enquanto trabalhava no Programa Alimentar Mundial - que fornece alimentos a aproximadamente 90 milhões de pessoas de 80 países.

 

Outra vítima disse que, apesar de ter realizado testes clínicos e feito testemunhos, o investigador interno da ONU acreditou que as evidências eram "insuficientes". Além de seu trabalho, ela perdeu o seu visto e passou meses no hospital para superar o trauma.

 

As entrevistas ainda revelam que os crimes ocorreram fora do período de trabalho, e que muitas vezes as vítimas tinham seus empregos ameaçados.

 

A ONU, que têm altos cargos ocupados majoritariamente por homens, já foi criticada por falhar em investigar casos que membros de pacificação, conhecidos como os "capacetes azuis", teriam explorado sexualmente pessoas de países em conflito ou situação de risco, como o Haiti e República Centro-Africana.

 

Outras associações, como a Unesco e a UNAids também estão sob investigação de abuso sexual. Uma pesquisa interna da UNAids revelou que aproximadamente 10% de 427 entrevistados já foi molestado. Dentre eles, somente dois fizeram denúncia formal.

 

Apesar das acusações, todos os cargos foram mantidos. E, grande parte dos membros têm imunidade diplomática, portanto não podem ser julgados em cortes nacionais.

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