Motins em presídios escancaram aumento das facções criminosas pelo país

Organizados e com regras, os grupos atuam de maneiras diferentes. O estatuto do PCC, apreendido na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), é direto: “não somos sócios de um clube, e sim integrantes de uma organização criminosa”.

Motins em presídios escancaram aumento das facções criminosas pelo país

Foto: Divulgação

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As 98 mortes ocorridas nas cadeias do país somente em 2017 expuseram uma tragédia anunciada há anos por pesquisadores do sistema carcerário e demonstrou o crescimento do domínio das facções criminosas pelo país e do poder de fogo delas. De acordo com levantamento dos setores de inteligência da segurança pública, ao menos 27 grupos atuam no tráfico de drogas e de armas no país e incitam a violência — a maioria deles ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) ou ao Comando Vermelho (CV). O número é mais que o dobro do revelado em 2013, quando 13 organizações eram monitoradas no país.

Organizados e com regras, os grupos atuam de maneiras diferentes. O estatuto do PCC, apreendido na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), é direto: “não somos sócios de um clube, e sim integrantes de uma organização criminosa”. O documento tem 18 artigos e está escrito a mão em folha de caderno. Os escritos constam de denúncia que o Ministério Público de Roraima apresentou à Justiça em novembro de 2014. Naquele ano, a Promotoria já alertava para o ‘Tribunal do Crime’ instalado pelo PCC no sistema prisional do estado, inclusive na Monte Cristo, em que, na madrugada da última sexta-feira, 33 prisioneiros foram executados — tiveram as cabeças cortadas e até coração arrancado.

A acusação define o PCC como “verdadeiro grupo de extermínio”. “A facção em comento é altamente estruturada, sendo que os integrantes frequentemente mencionam um código de “conduta” e “ética” do crime, que deveriam seguir, tanto que o descumprimento das normas do estatuto é punido até mesmo com a pena de morte, denominada por eles de “xeque-mate”, afirma a promotoria. Durante a investigação, o Ministério Público de Roraima identificou grampos que tratavam de julgamento e punição dos membros por descumprimento do estatuto. O artigo I é claro. “Todos os integrantes devem lealdade e respeito ao PCC.” A regra seguinte aponta para a luta por “paz, justiça, liberdade, igualdade e união, visando crescimento da nossa organização, respeitando sempre a ética do crime”.

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