Brasileiros acham 2 novas espécies de aracnídeos em cavernas

Brasileiros acham 2 novas espécies de aracnídeos em cavernas

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Foto: Divulgação

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Um grupo de pesquisadores brasileiros descobriu duas novas espécies de aracnídeos escavadores no Nordeste do país e explicou o feito em artigo publicado nesta semana no periódico científico Plos One.

A descoberta eleva a quatro o número de aracnídeos escavadores até agora descritos no Brasil e para 25 os conhecidos em toda a América do Sul, disse o biólogo Adalberto José dos Santos, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e um dos responsáveis pelo trabalho.

Os animais, que pertencem ao grupo chamado de Schivomida, parentes dos escorpiões, aranhas e carrapatos, foram encontrados em cavernas úmidas de ecossistemas áridos da região Nordeste.

A primeira espécie, encontrada no Parque Nacional Ubajara, no Ceará, recebeu o nome de Rowlandius ubajara. Os animais foram encontrados em regiões de cavernas em uma área remanescente de Mata Atlântica entre a Caatinga. Já a outra espécie, descoberta em uma região de Caatinga no Rio Grande do Norte, recebeu o nome de Rowlandius potiguar.

Segundo Santos, estes aracnídeos se alimentam de sementes depositadas nas cavernas e de outros pequenos insetos, atraídos pelas fezes dos morcegos que habitam as cavernas, e que capturam as presas com um par especial de patas.

"Embora sejam de cavernas, há evidências que uma das duas espécies pode ser encontrada fora de cavernas e poucos indícios que estejam exclusivamente adaptados à vida na escuridão", afirmou o biólogo.

Os Schivomida, com cerca de 240 espécies descritas em sua maioria em regiões tropicais do México e do Caribe, são uma ordem de aracnídeos que têm entre dois e cinco milímetros de comprimento e, justamente por conta de seu tamanho, são raros e pouco estudados pelos cientistas.

As duas novas espécies de aracnídeos têm o que os pesquisadores chamam de falso olho, também comum em outros animais do grupo Schivomida. Eles possuem uma membrana no lugar dos olhos e acredita-se que os animais se orientem, não pela visão, que provavelmente é ruim, mas por outros sensores.

"As novas espécies foram descritas a partir de características microscópicas de seus genitais, que os diferencia de outros animais do mesmo gênero", explicou Santos.

De acordo com o biólogo, a descrição acrescenta componentes até agora desconhecidos à já rica biodiversidade brasileira e mostra o país como habitat de espécies que são mais comuns no Caribe e em áreas tropicais da América Central e do Norte.

As novas espécies foram descritas em artigo assinado por Santos, que é especialista em aracnídeos; por Rodrigo Lopes Ferreira, pesquisador da Universidade Federal de Lavras e que colheu as espécies; e por Bruno Alves Buzatto, que é especialista em variações morfológica particulares entre artrópodes machos.

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