CIÊNCIA - Em 10 anos, DNA poderá ser o novo pendrive

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Foto: Divulgação

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Nick Goldman analisa a DNA sintético usado para armazenamento de dados digitais
Em vez de pen drives, CDs ou discos rígidos, a próxima mídia de armazenamento de dados pode ser o ácido desoxirribonucleico, também conhecido como DNA. Os cientistas Nick Goldman e Ewan Birney, do Instituto Europeu de Bioinformática, anunciaram nesta quarta-feira (23) conseguiram armazenar uma variedade de arquivos, entre eles um trecho do discurso em MP3 do famoso discurso “I have a dream" (em inglês, "Eu tenho um sonho”) de Martin Luther King e os154 sonetos de Skakespeare, em um DNA sintético, feito de polímeros.

Goldman acredita que a invenção pode servir para armazenar informações digitais de alto valor e que precisam ser preservadas com segurança para a posteridade como, por exemplo, a Biblioteca do Congresso Americano ou a Biblioteca Britânica. “O DNA é muito mais longevo que o disco rígido e será legível depois de milhares de anos”, disse Goldman.
De acordo com cálculos da equipe, é possível armazenar dois bilhões de megabytes, ou o mesmo que um milhão de CDs, em um grama de DNA. Mas se engana quem pensa que o novo método poderá arquivar dados como se fossem fatores genéticos nas pessoas e assim criar novos seres vivos mutantes. “Usamos o DNA como uma molécula química de armazenamento de informações e inventamos um novo código para isso. Os códigos são completamente diferentes dos genes e as células do organismo não compreenderiam esta informação,” afirmou.
Para tal codificação, eles precisaram converter os arquivos binários de zeros e uns para AGCT (adenina, guanina, citosina e timina), os quatro ácidos nucleicos que compõem o filamento do DNA, que se justapõem. “O DNA é um pedaço muito denso de dados armazenados, com milhões e milhões de bits. O DNA é surpreendentemente estável, por isso vai durar milhares de anos, sob condições simples, de baixo custo e que não exigem energia”, concluiu Nick Goldman.
Embora seja considerado muito mais estável que outros dispositivos de armazenamento de dados, o DNA pode sofrer pequenas mutações ao longo dos séculos. Para isto, a equipe teve o cuidado de fazer o que chama de redundância na linguagem de programação para que o método funcionasse.
O problema é que ainda é caro criar DNA sintético, fora isso, há ainda um custo alto para "escrever" e "ler" a informação no DNA. Os pesquisadores estimam que seu experimento custou cerca de 10 mil dólares (em torno de 20 mil reais). “Nosso próximo passo é conseguir baratear o desenvolvimento de DNA sintético para que seja viável e massivo. Acredito que isto vá ocorrer em um período de 10 anos”, disse Goldman. O estudo que descreve a inovação será publicado na edição desta semana do periódico científico Nature .
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