A poderosa marca MAPFRE que opera nos setores de consócio e seguro está servindo como um inescrupuloso escudo para criminosos disfarçados de corretores aplicarem o golpe do “consócio contemplado”.
Em Rondônia, o esquema criminoso é comandado por uma quadrilha de estelionatários formada basicamente por homens oriundos de Goiânia. Alguns inclusive já têm passagem pela Polícia. Outros se mantém fora do estado por um considerável tempo e depois voltam a fazer novas vítimas como se nada tivesse acontecido.
O mais grave é que essas pessoas, cujos indícios indicam que o grupo age em vários estados. Um delegado da Polícia Civil que já acompanhou um inquérito envolvendo um dos integrantes do “escritório” admitiu que a lei que rege o crime de estelionato é frágil e para punir o infrator é necessário que o mesmo seja pego em flagrante delito.
A própria cúpula da MAPRE tem conhecimento, mas até agora não fez nada de concreto em defesa do consumidor. O diretor comercial da MAPRE Orlando Del Arco Junior, que está sediado em São Paulo, informou que a empresa D&P COMERCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA localizada na avenida Abunã, nº 1954 em Porto Velho, foi descredenciada da MAPFRE no dia 2 de dezembro do ano passado em função de vendas indevidas.
Entende – se por “vendas indevidas”, crime de estelionatário praticado dentro da própria MAPFRE, cuja logomarca nos impressos dos estelionatários chama atenção da clientela, a qual acaba caindo numa terrível armadilha.
Nossa reportagem acompanhou de perto um desses golpes. A vítima é um conhecido jornalista e professor universitário de Porto Velho, que por questão de segurança não terá o seu nome citado na matéria.
Em novembro do ano passado, quando o profissional de imprensa desconfiou que estava sendo lesado pelo “vendedor” da MAPFRE, ele pediu a ajuda de uma equipe do Rondoniaovivo para obter informações sobre o seu consócio. O jornalista havia pagado R$ 4.000,00 (quatro mil reais) como forma de lance ao vendedor “André” da D&P loja que na época era credenciada pela MAPFRE .
Quando chegamos à empresa, fomos informados que o tal Diego, descredenciado da MAPFRE por falcatruas estava viajando, mas cada um dos seus vendedores apresentava um destino diferente do patrão. O gerente da firma de nome Edson Silva Filho, que também já responde a inquérito policial, atendeu a reportagem de forma truculenta enfatizando que não podia se responsabilizar pelo crime cometido por “André”, pois o mesmo já não pertencia ao quadro funcional da firma.
Representante da MAPFRE faz vítima assinar contrato com data alterada
A reportagem continuou na caça do estelionatário André que é conhecido por vários corretores locais pelos inúmeros golpes que vem aplicando em Rondônia e em outros estados. Fomos ao apartamento que ele morava na rua Gonçalves Dias , próximo a uma casa noturna, mas o mesmo já havia fugido provavelmente para o seu estado de origem, Goiânia, com a perspectiva de retornar a Porto
Velho, quando a poeira baixar como é do seu feitio.
Nossa equipe procurou então a sucursal da MAPFRE em Porto Velho para tentar saber como a estrutura da conceituada companhia estava sendo usada por golpistas. O jornalista inclusive só caiu no “conto do vigário” por confiar no nome da multinacional da qual já havia sido cliente de seguro para o seu veículo.
O representante legal de consócios da MAPFRE para o Estado de Rondônia se reuniu com a equipe e com a vitima no interior da própria Sucursal da corporação para tentar buscar uma solução.
Na oportunidade, o representante se comprometeu a normalizar a situação constrangedora causada pelo estelionatário André. “Eu vou ressarcir uma parte do dinheiro e ainda faço a sua carta de crédito ser contemplada com parcelas abaixo de quinhentos reais”, prometeu o corretor da MAPFRE, ressaltando que para honrar com esse compromisso, o jornalista tinha que pagar a parcela de dezembro no valor de R$ 883,05.
Com o pagamento dessa parcela, segundo o representante, a questão seria resolvida. O drama da vítima só fez aumentar porque foi obrigado a desembolsar uma quantia bem além das prestações que havia combinado, quando aderiu ao falso consócio e não foi contemplado como havia sido prometido. É curioso um corretor prometer a contemplação de um consócio já que envolve todo um processo legal para o sorteio.
No dia 29 de janeiro deste ano, o representante da MAPFRE, pediu que o jornalista assinasse um contrato de adesão retroativo ao dia 17 de dezembro. Essa assinatura do documento com data falsa era necessária para regularizar a situação do consociado. O mesmo estava recebendo boleto e outras correspondências do consócio MAPFRE, com base no documento que o falsário lhe apresentou no dia 10 de setembro do ano passado.
O que chama atenção é que mesmo oficializando a adesão por meio de um contrato falsificado, o consociado recebeu todas as informações da MAPFRE numa clara demonstração que o estelionatário tinha acesso ao sistema da organização, que se omitiu diante do prejuízo das pessoas lesadas e nem sequer divulgou uma nota alertando a população para não adquirir consócio de quem não esteja autorizada a utilizar o nome da multinacional.
“Já pensou se a gente for pagar a todas as pessoas que foram enganadas”, desconversa o diretor comercial da MAPRE Orlando Del Arco. Do seu escritório refrigerado em São Paulo, o executivo assiste de camarote pessoas que ele mesmo deu poderes a arruinar a vida de consumidores rondonienses como se Rondônia fosse uma terra sem lei. Pelo menos para a gangue que se esconde por trás do prestígio da MAPFRE.