Sessão espancamento

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Terça-feira (24) foi mais um dia de sessão na Câmara Municipal de Porto Velho. Não uma sessão como tantas outras já realizadas naquela Casa. A sessão de terça-feira teve caráter de desabafo, inconformismo, revolta, diante da incompetência que impregna a administração municipal, com relevo para o que vem acontecendo na área de saúde. Houve quem a chamasse de “sessão espancamento”.

 

Não sem motivo. Nunca vi o prefeito de Porto Velho, doutor Hildon Chaves, apanhar tanto em tão pouco tempo. Foram quinze minutos de peia, com direito a plateia - a maioria funcionários da Secretaria Municipal de Saúde -, que ia ao delírio a cada chibatada. Imagino quão não deve ter ficado as costas de sua excelência, dada à contundência dos golpes.

 

E o pior é que não apareceu uma viva alma para defendê-lo. Nem sequer um dos inúmeros fantasmas, que, segundo a vereadora Ellis Regina, infectam a administração municipal, cujos nomes ela prometeu revelar caso o prefeito insistisse em terceirizar os serviços públicos de saúde.

Incompetência irrita, exausta, tira qualquer um do sério. Prova disso pôde ser observado no discurso do vereador Aleks Palitot. Cuidadoso e sereno na hora de lidar com o vernáculo, o professor deixou de lado a elegância que o tem caracterizado, pegou o relho e partiu para cima. Bateu tanto até ficar com o rosto vermelho e estufar as veias do pescoço.

 

Depois foi a vez de a vereadora Ada Dantas desferir suas bordoadas. Segundo ela, a saúde pública municipal vem sendo gravemente prejudicada pela falta de investimentos e desvalorização do funcionalismo, e que esse negócio de terceirização dos serviços de saúde, a partir de organizações sociais, constitui um tremendo erro de estratégia, que poderá custar muito caro não somente ao prefeito, como também à população, pois na maioria das cidades onde a gestão foi implantada, o resultado foi desastroso.

 

Coube à vereadora Ellis Regina, porém, encerrar a sessão de tortura. Segundo ela, além de medicamentos nas unidades de saúde, faltam, também, insumos para a realização de exames, acrescentando que, de 2016 para cá, mais de cinquenta médicos deixaram os quadros da saúde. “O prefeito sinaliza com a possibilidade de contratar cinco. Por que não contratar doze? Não tem dinheiro? A solução é simples e indolor: basta exonerar alguns fantasmas”.

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