MERCADO E EVENTOS - Após ser incluída no processo de recuperação do Grupo Latam Airlines nos Estados Unidos, a Latam Brasil descartou a possibilidade de também entrar com um pedido semelhante na justiça brasileira. A informação foi confirmada pelo presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, em entrevista ao Valor.
“A gente acredita que o processo de ‘chapter 11’ na justiça americana já vai levar em consideração a melhor saída para a Latam e para os seus credores. É um processo super testado e conhecido, já usado por empresas americanas e internacionais. É o melhor processo para renegociar dívidas do passado e manter a operação viável para frente”, afirmou Cadier.
Cadier apontou que, enquanto o capítulo 11 já se mostrou eficaz para diversas empresas, tanto norte-americanas quanto internacionais, a mecanismo brasileiro tem uma tramitação muito lenta, que poderia gerar conflito de datas com o processo que corre nos Estados Unidos.
A inclusão da subsidiária brasileira no processo acontece pouco mais de um mês após a holding recorrer ao capítulo 11. Na ocasião fizeram parte do pedido a subsidiárias do grupo em Chile, Peru, Colômbia, Equador e EUA. Latam Brasil, Paraguai e Argentina não ficaram de fora. Em junho, no entanto, a empresa anunciou o fim de suas operações na Argentina. O Paraguai conta com uma operação pequena, realizada por aviões da antiga TAM, pertencente à Latam Brasil,
A subsidiária brasileira, por sua vez, conta com a maior operação doméstica do grupo, responsável por 30% das receitas de 2019. O mercado de língua espanhola representou 19%, enquanto as rotas internacionais chegaram a 51%. A inclusão da Latam Brasil no processo, de acordo com o executivo, aconteceu por uma recuperação mais lenta que o esperado e pela demora na ajuda negociada com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“A gente imaginava que a ajuda do BNDES viria em junho ou na primeira semana de julho. Isso não se materializou. Com a inclusão no processo da Latam nos Estados Unidos, a gente passa a ter acesso às mesmas fontes de financiamento da operação global”, afirmou Cadier.
A empresa informou que ainda não desistiu da negociação do pacote de ajuda financeira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), junto com bancos privados. Companhia, assim como as concorrentes Gol e Azul, negociam receber um empréstimo da ordem de R$ 2 bilhões. Cadier disse que espera que o financiamento saia neste mês.
“Acredito que a operação vai acontecer e em breve. Mas neste momento a gente negocia melhores condições para o banco e para a Latam, para que aconteça. Mas continuo acreditando que vai acontecer e a Latam conta com esse aporte”, afirmou. A dificuldade se deve ao fato de a Latam não estar listada na B3, o que dificultaria um aporte vinculando à diluição de ações.