Léo Moraes recebe autoridades e representantes do Judiciário e do Estado para discutir reestruturação do sistema socioeducativo
Foto: Divulgação
Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.
O deputado Léo Moraes (PTB) presidiu a audiência de instrução legislativa realizada na segunda-feira (13), para discutir a criação da Fundação Estadual de Atendimento Socioeducativo (Feasa), vinculada à Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas).
O presidente da Assembleia, Maurão de Carvalho (PMDB), participou do início da reunião, que após sua ausência, continuou liderada por Léo Moraes e pelo deputado Anderson do Singeperon (PV).
“Em razão de compromissos anteriormente agendados com o governador, não poderei acompanhar a reunião. Mas desejo que vocês possam chegar a um denominador comum, e no que depender de mim, me coloco à disposição para ajudar no que for melhor para todos”, justificou Maurão de Carvalho.
Representantes de vários órgãos do Judiciário, e representantes da classe de socioeducadores, foram convidados para a reunião de esclarecimentos quanto à reestruturação da Sejus e o desmembramento do Sistema Socioeducativo da pasta, culminando com o projeto que cria a Feasa. Esta passará a ser vinculada à Seas, no entanto, com autonomia orçamentária e administrativa.
“Nossa intenção, a princípio é conhecer a realidade do sistema socioeducativo e a necessidade de efetivo. Muitas vezes, quando se fala no número de servidores, acabam colocando como estatística quantitativo geral dos trabalhadores do sistema. E não é essa a situação que temos constatados em nossas diligências”, declarou Léo Moraes.
A secretária adjunta da Sejus, Sirlene Bastos explicou que o governo realizou concurso para socioeducadores, mas que muitos aprovados passaram em outros concursos públicos e ingressaram na Polícia Militar ou no Sistema Penitenciário, o que resultou em um déficit nessa questão.
Ela informou que o Estado vem tentando reorganizar o Sistema Socioeducativo na capital, para que as atividades sejam mantidas regularmente. No entanto, a adjunta da Sejus garantiu que mesmo com baixo efetivo, os atendimentos estão sendo realizados dentro das readequações, entre as quais, a separação do Sistema Socioeducativo do Sistema Prisional.
“E isso causa um impacto na folha do Estado. E em um segundo momento, quando efetivássemos essa separação, nós rediscutiríamos a questão das contratações. Fizemos a prorrogação do concurso, que vence em agosto de 2018, mas nesse momento, todo o esforço do governo é em cima dessa separação”, disse Sirlene.
Léo Moraes questionou se nesse processo de separação a Sejus e os socioeducadores tiveram participação nas conversações com o governo. O deputado também questionou se, na criação da fundação, a decisão de vincular a nova entidade à Seas realmente permitiria uma autonomia orçamentária e administrativa por parte da Feasa.
Sirlene confirmou a participação da Sejus quanto à criação da fundação, mas citou que não acompanhou a questão de reestruturação do órgão. Sobre a vinculação da Feasa à Seas, a adjunta explicou que a secretaria é coordenadora das políticas públicas de infância, juventude e adolescência.
“Isso não significa que a Feasa não terá autonomia. Será a fundação que fará os programas, os projetos, executará as políticas de socioeducação, ou seja, questões de internação e semiliberdade serão de responsabilidade exclusiva da Feasa. E quanto à autonomia orçamentária, o presidente da fundação será o ordenador de despesas da instituição. A Seas vem apenas como coordenadora”, explicou Sirlene.
Sobre as questões jurídicas da Feasa, caso o projeto seja aprovado, o procurador do Estado, Glauber Gahyva, explicou que a reestruturação trata basicamente de cargos comissionados. Segundo Gahyva, a reformulação da pasta não mexe com cargos efetivos, com Plano de Cargos, Carreira e Salários.
“A reestruturação da Sejus é uma formatação de uma modelo gerencial do Estado. Extinção de uma secretaria, criação de uma superintendência, e tudo isso ocorre com certa celeridade porque a dinâmica nossa de serviços é muito maior do que era há 20 anos. Temos o desenvolvimento de novas tecnologias de trabalho, e isso resulta sempre na necessidade de criação ou extinção de gerência, buscando uma maior eficiência dos serviços públicos”, explicou o procurador do Estado.
Segundo Glauber Gahyva, o governo garante que os aprovados em concursos públicos e ainda pendentes de chamamento podem se tranquilizar, pois os candidatos têm direito subjetivo à nomeação dentro do prazo de validade do concurso e que, certamente, serão chamados.
“Até porque, se não forem, basta que entrem com mandado de segurança para que o Tribunal de Justiça dê uma liminar no sentido de garantir a efetivação das nomeações. Já existe jurisprudência pacífica do Supremo que garante a nomeação do candidato aprovado dentro das vagas disponíveis. Ou seja, não tem nenhum tipo de risco aos aprovados”, garantiu Gahyva.
O juiz da Infância e Juventude da Vara de Porto Velho, Marcelo Tramontini, falou sobre a constituição da minuta da fundação, criticada pelo deputado Léo Moraes por não ter tido um debate mais amplo. Tramontini disse discordar do parlamentar e defendeu que a primeira redação deveria ser debatida na Assembleia Legislativa.
De acordo com o juiz, a criação da fundação já é uma discussão antiga com o Poder Executivo, porém, de início existia uma resistência por parte da Casa Civil, que não via com bons olhos a separação das instituições. Mas, segundo ele, posteriormente, após pesquisas e estudos com base em outros Estados, o governo se convenceu da necessidade de criar a fundação.
Posteriormente, explicou Tramontini, foi criada uma comissão para tratar da construção da minuta da fundação, que seria encaminhada para ser analisada, melhorada e adequada na Assembleia. Quanto à vinculação com a Seas, o juiz foi categórico ao afirmar que trata-se de uma vinculação técnica e de política pública e não de hierarquia.
O deputado Anderson do Singeperon (PV) disse conhecer tanto o sistema socioeducativo quanto o sistema prisional e afirmou que a realidade demonstra que a socioeducação não está recuperando o menor infrator. O parlamentar frisou que, infelizmente, “a grande maioria, ao atingir a maioridade, vem sendo descarregada no sistema prisional”.
“Não está funcionando, e não é porque a socioeducação é ligada ao sistema prisional. O que existe em relação à coordenadoria da Sejus é uma grande falha, onde existe uma estrutura de cargo desviada dentro do próprio órgão. E como fazer socioeducação sem efetivo, sendo o pouco que tem, sem formação para desenvolver os trabalhos socioeducativos, com uma capacidade técnica falha. Não vejo o que uma fundação pode ajudar, se não começar a melhorar essas questões”, declarou o deputado.
O promotor de Justiça, Éverson Antônio Pini, destacou a importância da discussão proposta pelo deputado Léo Moraes, para Rondônia e para a socioeducação no Estado. Pini afirmou que todos os presentes eram meros atores em todo o processo e que a socioeducação tem como principal objetivo a política de recuperação do adolescente menor infrator.
“Se tirarmos o foco do adolescente e passarmos a olhar para nossos interesses de forma individualizada, visando uma categoria ou outra, nós vamos perder nosso objetivo, que é atender o adolescente. A criação da fundação é um pacote perfeito. Estamos em um processo lento, gradativo e voltado para conquistas que aos poucos vão se aprimorando”, disse o promotor.
Gabriel Tomasete, advogado do Singeperon, disse ver a criação da Feasa como um avanço, mas que existe algumas ponderações que ainda devem ser discutidas como a regionalização do Sistema Socioeducativo, a formação dos servidores, a independência financeira da fundação e sugeriu que a situação dos trabalhadores dentro da Feasa seja amplamente discutida.
Representando os aprovados no concurso público para socioeducadores, Daniel Silva disse que a classe ficou satisfeita com os últimos diálogos, tanto com representantes do Judiciário quanto com os deputados. Segundo ele, hoje a preocupação da categoria é ingressar no sistema e que os aprovados sejam lembrados quando o assunto for falta de efetivo para a estruturação da fundação.
Léo Moraes ouviu ainda informações, sugestões e esclarecimentos de representantes da OAB, Sefin, Seae, Cansejus, Sepog e, ao concluir a reunião, ressaltou a audiência pública que será realizada na quinta-feira (16), às 14 horas, no Plenário da Assembleia, onde além de ampliar a discussão serão apresentadas as emendas necessárias para melhorar o atendimento aos servidores e aos menores infratores.
Dos encaminhamentos da instrução legislativa, Léo Moraes solicitou a alteração do Artigo nº 76 do projeto de criação da Feasa, definição de prazos para discutir estatuto e PCCR da categoria e uma discussão sobre o chamamento dos aprovados.
A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.
Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!