Prefeito vai contra lei de tombamento e patrocina showmício na Madeira-Mamoré

Festa promovida por vereador Marcelo Cruz desrespeita pátio ferroviário recuperado pela Prefeitura, mas pisoteado pelo público frenético, na presença do cantor Fernandinho

Prefeito vai contra lei de tombamento e patrocina showmício na Madeira-Mamoré

Foto: Divulgação

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Milhares de pessoas, gritos, assobios, aplausos, promessas e gritos. No domingo (18), foi este o clima da festa promovida no pátio da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré pelo vereador Marcelo Cruz (PTB) e pela Funcultural, órgão da Prefeitura Municipal de Porto Velho. O pátio é parte do patrimônio histórico tombado por leis federal e estadual na Capital de Rondônia.
O evento denominado Caravana da Cidadania foi estrelado pelo cantor gospel Fernandinho, de questionável vida pregressa – um a mais nesse espaço – e teve como cúmplices a Funcultural, o Serviço do Patrimônio da União (SPU) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No showmício, o nome do vereador foi mencionado mais de 50 vezes. Por ele próprio, e pelo prefeito. Um oportunismo a toda prova.

O prefeito, o vereador e demais ocupantes do palco, ajoelharam-se diante do público para orar. A essa altura, conforme a crítica do evento, o evento misturou asfaltamento com devoção.

“Quem autorizou o comício dentro do pátio? O Ministério Público Federal ou o Ministério Estadual? Em nome de quem? ” – questionam dirigentes da Associação de Preservação do Patrimônio Histórico e Amigos da Madeira-Mamoré (Amma).




“A promotora de meio ambiente Gizele Bleggi deveria evitar abusos dessa natureza; não é o primeiro, este de domingo foi um a mais na série”, sugeriu o presidente da entidade, arquiteto Luiz Leite de Oliveira.

“O palanque acabou a eleição acabou, hoje eu sou prefeito” – discursou inflamado o prefeito Hildon Chaves num contraditório consigo mesmo, pois segue fazendo discursos. Pelo visto, seus correligionários reforçam a sua possível indicação à disputa sucessória estadual em 2018.

Discurso do prefeito: “São muitas as dificuldades, mas mesmos com esses empecilhos estamos conseguindo fazer muito em tão pouco tempo. Assumimos há pouco mais de cinco meses e já colocamos em execução um programa de pavimentação que, só neste primeiro momento, vamos fazer cerca de 60 quilômetros de asfalto na cidade com recursos próprios. Ainda tem os r$ 130 milhões da emenda de bancada”.

Para a Amma, a festa promovida pelo vereador Marcelo Cruz, com diversos co-patrocinadores, dentro do terreno, “desrespeita pátio ferroviário recuperado pela Prefeitura, mas pisoteado pelo público frenético, na presença do cantor Fernandinho”.

Segundo a entidade, os tombamentos “desmoralizados” contam com o aval do SPU, Iphan e da própria prefeitura. A Amma adverte: “Não cumprem a lei, mas seguem o piseiro de shows, manifestações a Deus e ao diabo, ora com rock, ora show evangélico com cara de comício disfarçado para a grande concentração popular”.

Acrescenta: “Autoridades que não fazem pouco de decisões da Justiça, parecem agir com total aprovação do Ministério Público Estadual, o que agride a população de Rondônia”.

Enquanto isso…

A entidade refere-se à sentença proferida em 15 de março deste ano pelo Desembargador Souza Prudente, em Agravo de Instrumento [nº 0018746-86.2016.4.01.0000/RO], o Tribunal Regional da 1ª Região TRF determinou que a Santo Antônio Energia elabore projeto para recuperação e preservação do patrimônio histórico.

Por essa decisão do desembargador Souza Prudente, o consórcio construtor da usina tem prazo de 90 dias para apresentar o plano e, em caso de descumprimento, a Justiça pede que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis suspenderá a licença ambiental do empreendimento. O prazo está vencendo.

Conforme a decisão judicial, três projetos devem ser elaborados pela hidrelétrica quanto a recuperação e preservação da ferrovia. O primeiro deles é a reativação do percurso da linha ferroviária até Santo Antônio. Já o segundo plano prevê a construção e o funcionamento de um centro de memória dos trabalhadores da EFMM.

 

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